Pacto em Saúde avança
Vila Real e
Funchal recebem primeiras unidades privadas. Cobertura geográfica alarga-se.
Dez novos hospitais, 300 milhões de euros de
investimento, 3000 postos de trabalho, eis a agenda da hospitalização privada
até 2020. Os projetos privados regressam em força, depois de uma fase de
expectativa e consolidação ditada pela crise.
Das
estreias em Vila Real e na Madeira, com reforços da oferta na região de Lisboa,
há apostas em novas áreas geográficas e diversas tipologias hospitalares –
ambulatório, médico-cirúrgicos, neuro-ciências, saúde comportamental, medicina
física e de reabilitação e oncologia.
"O
futuro da Saúde em Portugal passará por hospitais privados", afirma Óscar
Gaspar, que lidera a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP)
desde outubro de 2016. O gestor destaca a expansão da "cobertura
territorial" e o esforço de grupos como a Trofa Saúde, que evoluiu de uma
lógica regional para uma vocação nacional. Mas os dois principais operadores
(Mello Saúde e Luz Saúde, da Fosun) são quem mais investe.
Parceria
Luz Saúde/ Universidade Católica
O Grupo
José de Mello Saúde aplicou 26 milhões de euros no CUF Viseu (2016) e conta
investir, até 2018, 100 milhões no CUF Tejo, em Alcântara, e 15 milhões no CUF
Almada. Até 2020, investirá ainda 50 milhões de euros na ampliação do CUF
Descobertas, com a instalação de um hospital de dia oncológico com 11 camas de
internamento.
Em
Lisboa, a Luz Saúde, em parceria com a Universidade Católica, prepara a
instalação de duas unidades (Cascais e Lisboa) do Hospital Universitário. É a
primeira vez que uma universidade privada vai ter uma faculdade de Medicina.
Óscar Gaspar realça o "carácter inovador" deste modelo que traduz o
interesse dos privados em gerir faculdades de medicina.
Até ao
final do ano, a Clínica Comportamental Senhor da Serra investirá cinco milhões
de euros, perto de Monsanto, numa nova unidade hospitalar especializada em
saúde mental.
Vila Real
e Funchal
Vila Real
está a ser disputada por dois grupos, que já anunciaram projetos para a cidade.
O grupo Luz Saúde investe 12,5 milhões de euros num hospital com 20 camas e 35
consultórios. O grupo Trofa Saúde aposta numa unidade hospitalar com outra
escala: 68 camas e 60 consultórios.
Em
Aveiro, a autarquia local negoceia com dois grupos o futuro hospital privado.
O
madeirense João Bacalhau, que há 20 anos dinamiza unidades hospitalares no
Algarve, está já a construir, no Funchal, a oitava unidade de saúde do grupo
Hospital Particular do Algarve (HPA). Serão investidos 35 milhões de euros num
hospital com 100 camas e orientado para clientes internacionais.
O sector
"regista uma nova vitalidade e vontade de realizar com celeridade os
projetos de investimento", nota Óscar Gaspar, que invoca a favor da
hospitalização privada a combinação da "eficiência com a excelência da
prestação de cuidados de saúde".
A rede
atual de 110 hospitais privados com atividade em Portugal representa
sensivelmente metade das unidades hospitalares do país. A hospitalização
privada emprega mais de 17 mil pessoas e realiza anualmente 6,8 milhões de
consultas, 1,7 milhões de atendimentos urgentes e 260 mil cirurgias.
Segundo
os dados mais recentes do INE, os hospitais privados asseguram cerca de 30% das
camas de internamento do país. O volume de negócios do sector ronda os 1.850
milhões de euros.
Abilio Ferreira, Expresso 10/02/2017
Para os mais atentos, a notícia não traz
propriamente novidades. Porém, juntando o que aqui é revelado com o que se vai
sabendo sobre a opção PPP para os novos hospitais públicos, está bom de ver que
o propalado pacto em Saúde passa pela entrega gradual do sector hospitalar aos
grupos privados mantendo (até ver) pouco mais que os Cuidados de Saúde
Primários no SNS.
Está pois
em curso, ao que tudo indica, uma subversão consentida do artigo 64º da
Constituição da República.
Tavisto
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