sábado, março 24

PIN da Saúde

Maior hospital privado do país está em risco de fechar
Manuel Agonia, dono dos Hospitais Senhor do Bonfim, garante que o Estado lhe está a dever e diz que, sem o saldar da dívida, não pode pagar os salários aos funcionários, que não recebem desde janeiro.
Observador 21/3/2018

O promotor Manuel Agonia investe 100 milhões de euros num projeto "à escala global". Passos Coelho inaugura complexo hospitalar em dezembro.
Após vários adiamentos e seis anos depois do seu lançamento, o complexo hospitalar Senhor do Bonfim, em Vila do Conde, está concluído e será inaugurado no início de dezembro pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. Em meados de janeiro entra em operação. É o maior hospital privado do país, envolvendo um investimento de 100 milhões de euros.
O projeto Senhor do Bonfim é da responsabilidade do empresário Manuel Agonia, 77 anos, e foi o único da área da saúde a ser declarado PIN- Potencial Interesse Nacional.
Agonia fundara a rede Clipóvoa (dois hospitais e três ambulatórios) que venderia, em 2006, à Espírito Santo Saúde. Foi o encaixe deste negócio que concedeu músculo ao empresário poveiro para se abalançar um investimento tão elevado no Senhor do Bonfim. Em velocidade cruzeiro, ocupará perto de 850 profissionais, tendo já recebido mais de nove mil candidaturas.
Vocação global
"Será o melhor hospital da Europa em todas as valências. Não valia a pena fazer mais um hospitalzinho", orgulha-se Manuel Agonia que não receia a dimensão do projeto "pela sua vocação global".
O financiamento foi assegurado por capitais próprios. "Não tive ajudas de ninguém, apliquei os capitais que acumulei. Nunca depositei dinheiro no estrangeiro", diz o empresário. Agonia justifica a ousadia do investimento "pelo seu amor à Pátria", comparando o seu espírito empreendedor ao caráter aventureiro dos navegadores portugueses que se lançaram à descoberta de novos mundos.
A capacidade é de 525 camas. O hospital geral, com 113 quartos duplos e 15 individuais, conta com 241 camas e sete salas de bloco operatório. Para se ter uma ideia da dimensão, o maior hospital privado do Norte (o Cuf Porto), conta com 150 camas e o grupo Trofa Saúde, que atua na mesma área de influência do Senhor do Bonfim, tem 404 camas nas quatro unidades que gere. Em número de camas, descontando as parcerias público-privadas, a maior unidade privada é o Hospital da Luz, em Lisboa (231 camas).
A previsão da empresa promotora é que duas mil pessoas frequentem diariamente as instalações, entre doentes internados, consultas e profissionais de saúde.
Geriatria e patologias do foro mental
O complexo hospitalar acolhe oito edifícios autónomos e terá uma vocação no turismo de saúde, em especial nos segmentos de geriatria e psiquiatria. A proximidade ao aeroporto Sá Carneiro é um fator suplementar de atractibilidade. Além de um hospital geral e de um centro neurológico, conta com uma unidade residencial, uma unidade de serviços de ambulatório e até uma capela.
Mas, Manuel Agonia rejeita o conceito de "turismo de saúde", porque os doentes querem "recuperar a saúde, não fazer turismo". E para acentuar que o novo complexo vai disputar os principais mercados europeus, interroga: "Sabe quantos russos estão em lista de espera em São Petersburgo? Ou o tempo de espera por cirurgias em Londres? E qual o preço de uma diária de internamento na Suécia?", Com as viagens tão baratas, a área de influência dos Hospitais Senhor do Bonfim é todo o espaço europeu.
Segundo a sua memória descritiva, a conceção do projeto "teve em conta as prioridades enunciadas pelo Plano nacional de Saúde e no relatório "Health in Portugal da União Europeia". Nesta medida, "será particularmente orientado para as áreas de pediatra e geriatria e para as patologias do foro mental, como Parkinson, Alzheimer, esquizofrenia e bipolaridade".
Na altura da apresentação do PIN, um estudo de viabilidade da EGP- Porto Business School apontavam para uma Taxa Interna de Rentabilidade (TIR) de 21%, alcançando "o ponto crítico de volume de negócios", estimado em 52,5 milhões, no terceiro ano de exploração. Depois, a faturação deve crescer 12% ao ano. A atualização do relatório levou a EGP a subir a TIR para 26% e a ser mais prudente nos níveis de faturação, calculando um Valor Atualizado Líquido (VAL) de 298 milhões de euros.
Se, entretanto, o mundo mudou, a nova realidade não assusta Manuel Agonia. Se fosse hoje, o programa teria a mesma ambição. "Ao longo da minha vida, o mundo já mudou muitas vezes e nunca esperei pelos oásis da vida para tomar decisões. A mudança faz parte do mundo". argumenta o empresário de 77 anos.
Abílio Ferreira – Expresso 21/11/2014
………………….
Em 2014, soprado pelos ventos de então, Manuel Agonia proclamava ir dobrar o Bojador com o maior hospitalar privado do País. Qual Orson Wells, anunciava uma invasão de Russos, temperada por Ingleses e Suecos, na demanda da excelência da medicina privada Lusa.
Afinal PIN! Sem o apoio político do governo de Passos Coelho o PIN atribuído pelo estudo de viabilidade da EGP- Porto Business School virou flop. Atormentado, o empresário procura hoje salvação nos dinheiros públicos. 
Será que para além da Banca iremos ter de resgatar os negócios privados da Saúde! 
Tavisto
Nota: A trapalhada envolvendo o Hospitais Senhor do Bonfim (HSB), Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde e o ministro da saúde à mistura prossegue link

Etiquetas: