domingo, abril 1

Joga, joga


Sobram vagas nos concursos para médicos
Nos centros de saúde, 23 lugares ficaram por ocupar. Nas especialidades hospitalares e na saúde pública foram mais de 100.
Mais de uma centena de vagas nos últimos concursos para a colocação de médicos recém-especialistas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) vão ficar por preencher, segundo dados preliminares avançados pelo Ministério da Saúde. Os resultados já conhecidos destes concursos abertos este mês para a contratação de médicos de família, de especialidades hospitalares e de saúde pública que concluíram a sua formação em 2017 (e que desencadearam grande polémica por se terem atrasado vários meses) levaram ontem o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) a sustentar que o Ministério da Saúde se revelou “incapaz de atrair e fixar médicos” no SNS. Os dirigentes do SIM, da Federação Nacional dos Médicos e da Ordem dos Médicos por várias vezes reclamaram a abertura dos concursos, alegando que, face à indefinição, muitos jovens estavam a optar por ir trabalhar para o sector privado ou para o estrangeiro. Os primeiros resultados, adiantados pelo jornal i e confirmados pelo Ministério da Saúde, indicam que ao concurso para a colocação de médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar se candidataram 117 profissionais (havia 110 vagas). mas que apenas 87 acabaram por ficar a trabalhar nos lugares disponibilizados nos centros de saúde. Ou seja, 23 vagas ficaram por preencher. Relativamente às áreas hospitalares, candidataram-se 381 profissionais, enquanto na saúde pública concorreram aos lugares disponíveis 19 recém-especialistas. Portanto, houve 400 médicos para um concurso que tinha à partida 503 vagas. Fazendo as contas, serão assim pelo menos 126 (23 nos centros de saúde e 103 nas áreas hospitalares e de saúde pública) os lugares que ficaram por ocupar.
Alexandra Campos - Público 31/03/2018
Uma questão fica sem resposta: Não tivesse havido um atraso de 10 meses na abertura de concursos para recém especialistas, o resultado das colocações no SNS teria sido outro? É possível que sim, embora olhando para o que sucedeu com a Medicina Familiar, em que 23 vagas ficaram por preencher havendo mais candidatos (117) que vagas (110), seja de admitir que as coisas poderiam não ser substancialmente diferentes.
Para se entenderem melhor as razões da aparente falta de atracção do SNS, precisávamos de conhecer as opções dos 325 médicos “perdidos em combate” (725 recém-especialistas hospitalares e de Saúde Pública que terminaram a especialidade e os 400 que se apresentaram a concurso). Terão optado pelo Privado, decidido pela emigração ou não se apresentaram a concurso por saberem não ter possibilidade de ocupar a(s) vaga(s) que lhes interessava?
Não se conhecendo o que está por trás dos números, responder a estas questão seria puro exercício especulativo. Uma coisa, porém, me parece poder dizer-se: face à manifesta necessidade de médicos no SNS, consentir num incompreensível atraso de 10 meses na abertura de concursos para recém-especialistas é politicamente inaceitável. 
Tavisto

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