sábado, outubro 13

Tardam as reformas estruturantes

Um inquérito feito a 600 pessoas (o que não sendo representativo permite fazer um retrato do que os cidadãos pensarão sobre a Saúde em Portugal) conclui que, para os portugueses, os hospitais privados têm melhor imagem, embora seja aos públicos que as pessoas vão, porque é mais barato. E três em cada quatro acha que a Saúde não é uma prioridade para o Governo. Dados que o Governo deve levar em conta para melhorar a qualidade do SNS. 
Quem conhece a realidade hospitalar sabe que o retrato é fiel á imagem do retratado. O hospital público está transformado na “sopa dos pobres”; apenas uma outra ilha resiste às investidas dos que, por acção ou inacção, consentiram que aqui chegássemos. Há um ano constatou-se que, por incúria, deixámos a floresta à mercê de tresloucados e oportunistas; entretanto a Saúde ia ardendo em lume brando. 
Quando o mais reputado especialista de Saúde Pública nos vem dizer que “ Se o SNS não começar a curto prazo a criar um corpo profissional próprio, dedicado, exclusivo, não conseguirá ter uma gestão capaz, não conseguirá o que estamos a falar, a tal transformação” e que “Não há nenhuma empresa inteligente que partilhe os principais ativos com o vizinho” - Constantino Sakellarides, DN 09.06.18, preocupa que ninguém no Governo ou na maioria política que o suporta o venha secundar. 
Em final de mandato governativo nenhum dos grandes problemas do hospital público foi resolvido nem se conhecem propostas de reformas estruturantes. 
Clamar por mais investimento, mais profissionais, mais hospitais mais, mais, mais….. ou argumentar que tudo isso tem vindo a ser feito e que muito mais o futuro nos trará em defesa do Serviço Nacional de Saúde, é demonstrativo de que não se pretende ir à raiz do problema. Se assim continuarmos, restar-nos-á chorar sobre leite derramado. 
Tavisto

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