sábado, dezembro 15

Mixórdia

O “forte crescimento do sector privado” contribuiu para os “efeitos negativos” no SNS e para a “desnatação” da procura. 
LBS, MartaTemido 
Nada mais verdadeiro. 
Para os defensores da mixórdia de interesses, da promiscuidade público-privado, era chegado o tempo de agir, com Marcelo Rebelo de Sousa à cabeça, a ameaçar não promulgar a nova Lei de Bases da Saúde sem o acordo PS/PSD. 
«A democracia em Portugal vai assim. Logo que foi anunciada a aprovação da proposta de Lei de Bases da Saúde pelo Conselho de Ministros, o Presidente da República mal lhe colocaram um microfone à frente foi para avisar os deputados que vetaria a lei que lhe enviassem se não tivesse obtido o consenso parlamentar. Descodificando, se não fosse aprovada, pelo menos, pelo PS e pelo PSD. As razões não eram se era uma boa lei, se servia os portugueses, se respondia aos desafios colocados pelos novos problemas de saúde, se cobria as necessidades em saúde, se salvaguardava o papel do SNS na protecção da saúde da população. Não lhe veio à memória que em 1990 a Lei de Bases foi aprovada exclusivamente pela direita, tendo durado vinte e oito anos. É verdade que não está na proposta do governo aquilo que mais lhe dói politicamente, ter sido suprimida a natureza completar entre o SNS e o sector privado. Aquilo que em dada altura foi defendido por ele, referindo-se à figura dos dois hemisférios tipo, pataca a mim, pataca a ti. Não cabe ao Presidente da República ameaçar o parlamento, nem a ninguém. Isso é próprio de democracias tuteladas. Espera-se dele que cumpra as funções que a Constituição lhe atribui. No caso, Aguardar pelo resultado da discussão das propostas que forem apresentadas e pronunciar-se quando chegar a sua vez. É simples, é democrático e é constitucional.» 
Cipriano Justo, in facebook 
Quem trabalha nos hospitais e assiste todos os dias à degradação do Serviço Público, vítima de ataques internos (greve dos enfermeiros que fez cancelar mais de 5.000 cirurgias), falta de financiamento, muito canalizado para o sector privado, sabe que o desfecho final está para breve. 
A história reservará ao PR, campeão das selfies, e outros infelizes amanuenses como Maria de Belém, duas linhas envergonhadas sobre o seu activo protagonismo no triste infortúnio.
Um abraço para o João Semedo que lá de cima nos perdoe.
Drfeelgood

1 Comments:

Blogger Tavisto said...

Em entrevista à SIC, Maria de Belém dizia que a atual proposta é “uma lei técnica”, com linhas gerais da sua proposta contempladas, mas não é “um projeto com uma filosofia para a área da Saúde como era a nossa".

Pois que o seja. A verdade é que as coisas chegaram a tal ponto de degradação do SNS e de conflitualidade de interesses público/privado, que, mais que “filosofar”, é necessário afirmar com clareza que o SNS constitui a espinha dorsal do sistema e que os sectores privado e social lhe são complementares, não concorrenciais.

6:48 da tarde  

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