terça-feira, março 5

SNS, melhorar as condições dos profissionais

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, faz o retrato da profissão. Os médicos portugueses do SNS recebem os salários mais baixos da Europa Ocidental. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a perder médicos, mas esta sangria de profissionais não está a acontecer apenas por emigração para países em que os ordenados são mais elevados. De acordo com o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, “em exclusivo, no setor privado, já trabalham mais de 13 mil”. Em declarações ao Jornal de Notícias deste sábado (apenas para assinantes), expressa que esses "milhares" de especialistas que têm saído do setor público — tanto para o privado como para outros países — seriam mais do que suficientes para colmatar as necessidades internas, demonstrando preocupação com a situação atual. 
“Este movimento de médicos, que nós formamos, atinge níveis que, na minha opinião, são preocupantes”, frisou o bastonário ao diário, pondo o ónus no Ministério da Saúde e no Governo. Segundo Miguel Guimarães, estes não valorizam “o trabalho dos médicos” e dá vários exemplos de situações que desmotivam os médicos e comprometem a profissão. 
Os concursos não são abertos a tempo, a carreira médica não é aplicada (há atrasos de anos nos concursos para assistentes, graduados e consultores), e a legislação não é cumprida. A somar a estas queixas, junta-se ainda o facto de receberem os salários mais baixos da "Europa Ocidental" — quando na Irlanda, por exemplo, se aplicam salários mensais na ordem dos 11 mil euros —, o que leva os médicos mais jovens a optarem por sair do país. 
Expresso 02/03/2019 
Em nome da verdade, deve ser dito que são maioritariamente os profissionais mais experientes que saem do SNS para trabalharem em exclusivo no privado. Os mais novos ou emigram ou estão condenados a partilhar público e privado, para poderem compensar os baixos salários praticados quer de um lado quer do outro. 
Convém ainda dizer que tal sucede essencialmente no setor hospitalar onde a extinção do regime de trabalho em dedicação exclusiva, sem se fazer acompanhar de medidas de reforma que incentivassem a atividade em dedicação plena no serviço público, levou à expansão (consentida, diga-se) dos hospitais privados atingindo os níveis de irracionalidade que hoje se conhecem. 
É neste caldo de cultura que é preciso trabalhar, tomando medidas urgentes para que o SNS assuma a sua plenitude, garantindo a todos prestações e saúde de qualidade, no âmbito da promoção e prevenção da saúde e no tratamento da doença.
Tavisto

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