Dia Mundial da Saúde
Sendo hoje o Dia Mundial da Saúde, deve ser aproveitado para se dizerem duas ou três coisas sobre ele.
Do gráfico, interessam, por razões diferentes, as duas rectas. A de cima é a esperança de vida, que nos dois sexos vai em mais de 81 anos; a de baixo é a esperança de vida saudável, que, em 2016, não chegava aos 59 anos. E enquanto a esperança de vida tem vindo sempre a aumentar, a esperança de vida saudável, variou uns escassos 0,6 anos desde há doze anos (os dados de 2012 e 2013 não são fiáveis, segundo a OCDE). Razões para uma diferença tão grande, que nos coloca na cauda da UE15: a exposição a riscos para a saúde, mas sobretudo e principalmente as diferenças nas condições de vida da população. No rendimento per capita as diferenças extremas estão entre o Alentejo Litoral (27 000 euros/capita) e Tâmega e Sousa (11 800 euros/capita; no grau de instrução entre a Área Metropolitana do Porto (20% da população com o ensino secundário completo) e o Baixo Alentejo (13% com o ensino secundário completo); no desemprego entre o Alto Minho (4,2%) e o Douro (10%). São suficientes estes três indicadores e principalmente o que deles decorre para a vida das pessoas, para se perceber que há um enorme investimento a fazer para que as duas rectas se aproximem. Embora nunca venham a ser coincidentes, para os quase vinte e três pontos que as separam não é indiferente a contribuição de um bom instrumento para aumentar a esperança de vida, o SNS, mas que pouco interfere na vida saudável. Por isso, o novo tempo do SNS ou é acompanhado pela significativa melhoria das condições de vida das pessoas ou corre-se o risco de nos mantermos um dos países europeus com maior carga de doença, para a qual os orçamentos hão-de ser sempre escassos. Por isso, ou mudamos de vida quanto às políticas sociais ou vamos continuar a tropeçar nas gritantes desigualdades nacionais.
Cipriano Justo in facebook
1 Comments:
De baixa no público, a trabalhar no privado
Na semana passada, a agência Lusa noticiava que a Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) arquivou um processo disciplinar a um médico que realizou actividade numa clínica privada em dias em que apresentou baixa no hospital público onde trabalha. A decisão é deste ano, mas o caso remonta a Maio e Junho de 2017, quando um médico do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) faltou quatro dias ao serviço apresentando atestado médico. Em dois desses dias o médico otorrino esteve a trabalhar da parte da tarde em duas clínicas privadas, em regime deprestação de serviços.
O médico estava “devidamente autorizado” a fazer clínica privada nas duas entidades e os atestados médicos não implicavam a permanência do trabalhador no domicílio. A IGAS concluiu que “não houve sobreposição de horários entre a realização de clínica privada e o horário do CHULN”, nos dias em que o médico estava de baixa e não foi trabalhar no hospital público.
Público 15/4/2018
Não percebe a decisão da IGAS? Ora leia lá outra vez. Continua a não perceber? Não se preocupe, já somos dois.
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