SNS, sempre!
Mais de 135 mil doentes não compareceram nas consultas marcadas só no Centro Hospitalar Lisboa Norte. Estes são dados do ano passado e dá uma média de faltas de 600 consultas por dia. link
A articulação cuidados saúde primários/cuidados hospitalares é ponto chave do desempenho eficiente do SNS.
Numa auditoria ao acesso do SNS, o TC link traçou o seguinte quadro referente ao pedido de consultas da especialidade no período 2014-2016 (quadro acima):
Recusas de pedidos de CE da especialidade (anulação pelo triador, fundamentada na evidência de que a situação clínica pode ser estudada, acompanhada e tratada pelo médico assistente, não requerendo os cuidados especializados solicitado, portaria 95/2013, de 4 de março): "No período 2014-2016, tiveram um acréscimo de 11% no período em análise, com destaque para o ano de 2016 em que cresceram cerca de 15% face a 2015, ano em que haviam diminuído face a 2014".
Cancelamentos (anulação pelo médico assistente do registo de um processo de referenciação de um utente na lista de utentes inscritos para acesso à primeira consulta da especialidade, determinada por motivos supervenientes à inscrição, clínicos ou outros, originados por vontade do utente ou não, que impedem a realização da consulta): "No período 2014-2016, mais do que duplicaram (+135%), em resultado, maioritariamente, do que terão sido iniciativas centralizadas de “limpeza” da lista de espera, levadas a cabo pela ACSS, e incidindo sobre os pedidos de maior antiguidade".
Faltas dos utentes às CE de especialidade: "Cresceram 60,7% no triénio analisado, com particular incidência em 2016".
Quanto ao aumento das recusas e cancelamentos, a explicação poderá estar, fundamentalmente, na maior preocupação dos prestadores na utilização adequada de recursos (apropriação de cuidados). O SNS não deve seguir o exemplo da ADSE, sistema onde o acesso a MCDTS e CE é efectuado, muitas vezes, sem critério clínico rigoroso.
As faltas dos doentes, dever-se-ão, essencialmente, a dificuldades de transporte, certo que têm um peso significativo na utilização eficiente de recursos hospitalares. Valerá a pena estudar o investimento na melhoria de transporte de doentes de molde a minorar este desperdício.
Nota: Desgraçadamente, os investidores privados da Saúde são responsáveis pela introdução do conceito de “cliente”da Saúde e da filosofia de cuidados que lhe é inerente.
O dicionário, define cliente como “o comprador assíduo de uma casa comercial; freguês". Definição mais próxima dos utentes-subscritores da ADSE, e do seu comportamento na utilização de cuidados.
Ao cidadão-utente do SNS, deve corresponder um maior sentido de responsabilidade na prevenção da doença (hábitos de vida saudável, por exemplo), bem como na utilização eficiente dos recursos do nosso SNS.
Etiquetas: s.n.s
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