segunda-feira, abril 22

SNS, sempre!

Mais de 135 mil doentes não compareceram nas consultas marcadas só no Centro Hospitalar Lisboa Norte. Estes são dados do ano passado e dá uma média de faltas de 600 consultas por dia. link 
A articulação cuidados saúde primários/cuidados hospitalares é ponto chave do desempenho eficiente do SNS. 
Numa auditoria ao acesso do SNS, o TC link traçou o seguinte quadro referente ao pedido de consultas da especialidade no período 2014-2016 (quadro acima): 
Recusas de pedidos de CE da especialidade (anulação pelo triador, fundamentada na evidência de que a situação clínica pode ser estudada, acompanhada e tratada pelo médico assistente, não requerendo os cuidados especializados solicitado, portaria 95/2013, de 4 de março): "No período 2014-2016, tiveram um acréscimo de 11% no período em análise, com destaque para o ano de 2016 em que cresceram cerca de 15% face a 2015, ano em que haviam diminuído face a 2014". 
Cancelamentos (anulação pelo médico assistente do registo de um processo de referenciação de um utente na lista de utentes inscritos para acesso à primeira consulta da especialidade, determinada por motivos supervenientes à inscrição, clínicos ou outros, originados por vontade do utente ou não, que impedem a realização da consulta): "No período 2014-2016, mais do que duplicaram (+135%), em resultado, maioritariamente, do que terão sido iniciativas centralizadas de “limpeza” da lista de espera, levadas a cabo pela ACSS, e incidindo sobre os pedidos de maior antiguidade". 
 Faltas dos utentes às CE de especialidade: "Cresceram 60,7% no triénio analisado, com particular incidência em 2016". 
Quanto ao aumento das recusas e cancelamentos, a explicação poderá estar, fundamentalmente, na maior preocupação dos prestadores na utilização adequada de recursos (apropriação de cuidados). O SNS não deve seguir o exemplo da ADSE, sistema onde o acesso a MCDTS e CE é efectuado, muitas vezes, sem critério clínico rigoroso. 
As faltas dos doentes, dever-se-ão, essencialmente, a dificuldades de transporte, certo que têm um peso significativo na utilização eficiente de recursos hospitalares. Valerá a pena estudar o investimento na melhoria de transporte de doentes de molde a minorar este desperdício. 
Nota: Desgraçadamente, os investidores privados da Saúde são responsáveis pela introdução do conceito de “cliente”da Saúde e da filosofia de cuidados que lhe é inerente. 
O dicionário, define cliente como “o comprador assíduo de uma casa comercial; freguês". Definição mais próxima dos utentes-subscritores da ADSE, e do seu comportamento na utilização de cuidados. 
Ao cidadão-utente do SNS, deve corresponder um maior sentido de responsabilidade na prevenção da doença (hábitos de vida saudável, por exemplo), bem como na utilização eficiente dos recursos do nosso SNS.

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