sábado, junho 29

Tempestade perfeita

O breve caminho da proletarização 
«Na próxima semana, há duas greves gerais marcadas, uma de médicos e outra de enfermeiros, que vão coincidir durante dois dias. A greve dos médicos já foi anunciada há semanas e está marcada para os dias 2 e 3 de Julho. Mas nesta quinta-feira soube-se que o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) convocou também uma greve geral que vai durar quatro dias, a partir da próxima terça-feira, por considerar que os maiores problemas do sector continuam por resolver.» 
A lista de reivindicações destes grupos profissionais é extensa e conhecida da maioria dos portugueses.
Segundo o bastonário da OM, "Os médicos têm vários motivos para protestar e aderir à greve. A falta de profissionais, o desgaste e a desmotivação fazem aumentar a possibilidade de cometer erros, além de aumentarem a conflitualidade entre médicos e doentes. A ministra da Saúde não tem sido educada com os médicos. A ministra não cumpre a primeira regra básica de gestão, que é tratar bem os profissionais e não o faz sobretudo com os médicos e com os enfermeiros", link 
Interessante, para além do tema de falta de médicos, o acrescento à extensa lista de reivindicações da questão do trato de que serão objecto os profissionais médicos por parte da senhora ministra da saúde. 
Por sua vez, o secretário-geral do Sindicato Independente de Médicos (SIM), Roque da Cunha, anuncia a eminência da tempestade perfeita, para expressar o "pressing" final ao governo até às próximas eleições. link 
Concordando com muitos dos pontos dos cadernos reivindicativos dos profissionais da saúde, não podemos deixar de considerar este oportuno frenesim, este anunciar de batalhas decisivas, sempre com grave prejuízo da prestação de cuidados à população, agudizado pela proximidade das eleições, como clara evidência da incapacidade dos dirigentes (sempre a roçar a mediocridade) destas organizações no desenvolvimento competente do processo de negociação e obtenção de resultados junto do ministério da saúde (governo).
Num país com 504,2 médicos por 100.000 habitantes em 2017 (280,6 em 1990), terceiro da OCDE com mais médicos por mil habitantes (4,8), sendo a média da OCDE de 3,4 médicos. (médicos a trabalhar no sector público: 70% nos hospitais e 30% CSP), é justo o cidadão português esperar melhores resultados, relativamente às listas de espera e consultas hospitalares, por exemplo. 
Depois há o outro lado da questão, a capacidade do governo em desenvolver políticas acertadas, coerentes, planeamento devido de recursos, em defesa do SNS, ao invés da improvisação, do tapa buracos, da cedência em cedência, lançando dinheiro para cima dos problemas. 
Tudo a convergir para a tempestade perfeita que acabará por liquidar o nosso serviço público de saúde.
Notas: Não vale a pena fazer referência às vergonhosas greves cirúrgicas para ilustrar a qualidade de muitos dos dirigentes da enfermagem. 
Gotas no mar de reivindicações: Governo autoriza concurso para 200 lugares do topo da carreira médica. link Criado o regime da carreira especial de enfermagem. A remuneração do enfermeiro especialista inicia-se no nível 19 da TRU, a que correspondem 1407,45 €. Para os enfermeiros chefe e supervisor, prevê-se o suplemento de 200 euros para quem exerce funções de chefia. link
Quadro acima: "Health at a  Glance, Europe, 2018"  link

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1 Comments:

Blogger PF said...

Nota do gráfico:

(1)Data refer to all doctors licensed to practice, resulting in a large over-estimation of the number of practising doctors (e.g. of around30% in Portugal)

1:55 da tarde  

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