Avaliação dos HH do SNS (III)
Sobre o estudo "Avaliação da eficiência e da qualidade em Hospitais EPE e SPA " da DGS :
Concordo que a informação base apresentada é útil. Mas, a meu ver, mal utilizada. E pelo menos o exemplo está matematicamente errado, o que destrói a meu ver toda a credibilidade do indice calculado.
Como pode ser que eu esteja a ver mal, cá vai a sustentação da minha opinião (para ser corrigida por quem tiver uma interpretação diferente), depois de 10 min a olhar para os números:
p. 5 a 7 do relatório - exemplo do Hospital de Anadia:
indicadores de gestão - são 13 - com factores de ponderação - a soma dos factores de ponderação não dá 1. Ou falta qualquer coisa, ou estão mal calibrados. Este factor não teria importância, seria apenas uma questão de escala, não fosse este indicador ser depois usado para fazer média com o de qualidade. Logo, está-se a dar menor peso a este elemento do que realmente se diz.
No primeiro indicador de gestão - o valor usado para somar de forma a dar o indice de gestão é obtido por uma regra de três simples entre a despesa de internamento corrigida com o ICM - indice de case mix e o valor médio. A ponderação não entra aqui. Ou seja, o valor somado no indice tem ponderação 1 e não a que é dita que tem.
No segundo indicador, já é o valor ponderado que é comparado com o valor médio (que pela escala parece não estar ponderado), criando algo estranho.
Mas depois é tudo somado. Uns com os outros.
Para os números em falta para certos hospitais, o valor introduzido foi o da média do grupo. O que obviamente pode alterar a posição do hospital no ranking de eficiência que se tenta traçar. Basta pensar que se um hospital for o mais eficiente que todos os outros, mas lhe faltar a informação sobre imagiologia, ao colocar o valor médio do grupo, como os indicadores são todos somados, pode facilmente deixar de ser o mais eficiente. Não sei se sucede ou não, é apenas uma possibilidade que deveria ter sido acautelada. Basta ver que na despesa com hospital de dia por sessão , grupo I, são mais os valores em falta que os existentes - e variam entre 20 e 3035 (p. 29) - ou seja, a informação está pouco trabalhada, no mínimo duvido que os conceitos subjacentes estejam uniformizados para se poderem comparar os hospitais. Algo de similar ocorre para despesas com medicamentos por sessão. E por aí fora.
Por fim, todos os indicadores de gestão estão associados a despesas, e as ponderações determinadas pelo peso dessas despesas. É muito pouco.
Conceptualmente, não é feita qualquer referência a justificar porque é este o indicador de eficiência correcto, ou indicador de qualidade correcto, e como é que se podem somar os dois indices...
Enfim, redefinindo a minha posição face a este estudo:
- informação de base útil, e ainda bem que é disponibilizada
- competência técnica do estudo muito fraca e para mim sem credibilidade neste momento (a julgar pela exemplo, contém erros)
Sei que esta é uma posição dura, mas devemos ser tecnicamente exigentes e não seguir apenas as "gordas" dos jornais, que certamente não se debruçaram sobre a qualidade técnica do estudo.
A Direcção-Geral de Saúde deveria retirar o estudo de circulação, corrigir, e sustentar as opções metodológicas, e só depois dar-lhe valor.
Mas pode ser que seja eu a estar enganado, e nesse caso algum dos outros comentadores do blog se encarregará de mostrar onde errei...
Como pode ser que eu esteja a ver mal, cá vai a sustentação da minha opinião (para ser corrigida por quem tiver uma interpretação diferente), depois de 10 min a olhar para os números:
p. 5 a 7 do relatório - exemplo do Hospital de Anadia:
indicadores de gestão - são 13 - com factores de ponderação - a soma dos factores de ponderação não dá 1. Ou falta qualquer coisa, ou estão mal calibrados. Este factor não teria importância, seria apenas uma questão de escala, não fosse este indicador ser depois usado para fazer média com o de qualidade. Logo, está-se a dar menor peso a este elemento do que realmente se diz.
No primeiro indicador de gestão - o valor usado para somar de forma a dar o indice de gestão é obtido por uma regra de três simples entre a despesa de internamento corrigida com o ICM - indice de case mix e o valor médio. A ponderação não entra aqui. Ou seja, o valor somado no indice tem ponderação 1 e não a que é dita que tem.
No segundo indicador, já é o valor ponderado que é comparado com o valor médio (que pela escala parece não estar ponderado), criando algo estranho.
Mas depois é tudo somado. Uns com os outros.
Para os números em falta para certos hospitais, o valor introduzido foi o da média do grupo. O que obviamente pode alterar a posição do hospital no ranking de eficiência que se tenta traçar. Basta pensar que se um hospital for o mais eficiente que todos os outros, mas lhe faltar a informação sobre imagiologia, ao colocar o valor médio do grupo, como os indicadores são todos somados, pode facilmente deixar de ser o mais eficiente. Não sei se sucede ou não, é apenas uma possibilidade que deveria ter sido acautelada. Basta ver que na despesa com hospital de dia por sessão , grupo I, são mais os valores em falta que os existentes - e variam entre 20 e 3035 (p. 29) - ou seja, a informação está pouco trabalhada, no mínimo duvido que os conceitos subjacentes estejam uniformizados para se poderem comparar os hospitais. Algo de similar ocorre para despesas com medicamentos por sessão. E por aí fora.
Por fim, todos os indicadores de gestão estão associados a despesas, e as ponderações determinadas pelo peso dessas despesas. É muito pouco.
Conceptualmente, não é feita qualquer referência a justificar porque é este o indicador de eficiência correcto, ou indicador de qualidade correcto, e como é que se podem somar os dois indices...
Enfim, redefinindo a minha posição face a este estudo:
- informação de base útil, e ainda bem que é disponibilizada
- competência técnica do estudo muito fraca e para mim sem credibilidade neste momento (a julgar pela exemplo, contém erros)
Sei que esta é uma posição dura, mas devemos ser tecnicamente exigentes e não seguir apenas as "gordas" dos jornais, que certamente não se debruçaram sobre a qualidade técnica do estudo.
A Direcção-Geral de Saúde deveria retirar o estudo de circulação, corrigir, e sustentar as opções metodológicas, e só depois dar-lhe valor.
Mas pode ser que seja eu a estar enganado, e nesse caso algum dos outros comentadores do blog se encarregará de mostrar onde errei...
lisboaearredores
Etiquetas: lisboaearredores
2 Comments:
É evidente que se trata de uma crítica dura sem justificação.
Os erros detectados são facilmente corrigíveis e com reduzida repercussão nos resultados.
A aplicação dos critérios foi igual para todos.
Ao lisboararredores só faltou dizer que o indicador agregado foi criado especialmente pelo grupo de trabalho da DGS para dar o que deu e favorecer os HH SPA,
É evidente que a DGS não deverá retirar o estudo do site.
Pelos vistos o estudo da DGS já está a causar muitos incómodos a quem estava na fila à espera de um estudo do professor Miguel Gouveia que faça dos HHSA os heróis da Cantareira.
Quem todos os dias labuta nestes hospitais sabe que a qualidade das prestações baixou consideravelmente nos últimos anos.
O professor Miguel Gouveia vai ter a oportunidade ímpar de poder comparar a informação que recolheu com a informação que faz parte do estudo da DGS.
Todos fazemos votos que o professor Miguel Gouveia não adie novamente a data de apresentação do estudo encomendado.
Ou desista!
Gostaria de ver aqui o lisboaearredores fazer uma análise sobre os indicadores utilizados pela Unidade de Missão no famoso Ranking SA.
Enviar um comentário
<< Home