Gato por Lebre
As sucessivas piruetas mediáticas protagonizadas por CC devem ser levadas a muito a sério, pois fazem parte, tudo o indica, de uma estratégia para fazer aquilo que rudemente censurou ao seu antecessor, LFP: a privatização do Serviço Nacional de Saúde.
Mário Mesquita analisa num brilhante artigo publicado hoje no JP, a tentativa de CC em nos “vender gato por lebre" através da sua elaborada sofística (link)
Mário Mesquita analisa num brilhante artigo publicado hoje no JP, a tentativa de CC em nos “vender gato por lebre" através da sua elaborada sofística (link)
»O ministro Correia de Campos lançou uma nova tempestade mediática, ao surpreender a opinião pública com a morte anunciada do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Esta declaração do ministro veio confirmar uma prática de comunicação original, que vai desde recomendações aos médicos para "lavarem as mãos" até ao anúncio de encerramento de diversos hospitais públicos. Após atear o fogo, Correia de Campos enverga prontamente a farda de bombeiro, com vista a controlar os danos produzidos, explicando que, afinal, os hospitais só encerrarão quando novas unidades hospitalares forem construídas ou que o SNS terá ainda a sua última oportunidade antes de lhe ministrarem a extrema-unção.
Ora, ainda está por esclarecer se estas sucessivas crises mediáticas desencadeadas por Correia de Campos correspondem a estratégias friamente calculadas com vista a produzir determinados efeitos ou se, pelo contrário, estaremos apenas em face do temperamento arrebatado ou do "ego" mal controlado da pessoa em questão.
O SNS é uma questão essencial da sociedade portuguesa. Se o modelo de Estado defendido pelos partidos do "centrão" - em especial, neste caso, pelo PS -envolve o financiamento pelos utentes dos serviços de saúde, com a participação do Estado, graduada consoante os rendimentos de cada cidadão, será bom que a questão seja debatida com clareza e submetida ao sufrágio dos cidadãos. A democrata-cristã Angela Merkel ganhou eleições na Alemanha, apesar de ter enunciado claramente que tencionava aumentar impostos e restringir regalias sociais. Não obteve a maioria absoluta, mas criou uma situação que lhe permite governar, em coligação, com plena legitimidade. "Vender gato por lebre" aos eleitores, através de elaborada sofística, é que não é legítimo, por muito pouco que valha a força dos cidadãos, quando comparada com o poder das grandes seguradoras e de outros interesses privados que, por detrás da cortina, espreitam com gula este festival de equívocos sobre o Serviço Nacional de Saúde».
Ora, ainda está por esclarecer se estas sucessivas crises mediáticas desencadeadas por Correia de Campos correspondem a estratégias friamente calculadas com vista a produzir determinados efeitos ou se, pelo contrário, estaremos apenas em face do temperamento arrebatado ou do "ego" mal controlado da pessoa em questão.
O SNS é uma questão essencial da sociedade portuguesa. Se o modelo de Estado defendido pelos partidos do "centrão" - em especial, neste caso, pelo PS -envolve o financiamento pelos utentes dos serviços de saúde, com a participação do Estado, graduada consoante os rendimentos de cada cidadão, será bom que a questão seja debatida com clareza e submetida ao sufrágio dos cidadãos. A democrata-cristã Angela Merkel ganhou eleições na Alemanha, apesar de ter enunciado claramente que tencionava aumentar impostos e restringir regalias sociais. Não obteve a maioria absoluta, mas criou uma situação que lhe permite governar, em coligação, com plena legitimidade. "Vender gato por lebre" aos eleitores, através de elaborada sofística, é que não é legítimo, por muito pouco que valha a força dos cidadãos, quando comparada com o poder das grandes seguradoras e de outros interesses privados que, por detrás da cortina, espreitam com gula este festival de equívocos sobre o Serviço Nacional de Saúde».
Mário Mesquita, JP, 19.02.06
2 Comments:
Aqui está um artigo que critica o Senhor Minsitro da Saúde "sem misericórdia". Efectivamente, quem anuncia uma situação tão catastrófica e logo a seguir nos vem dizer que "não é nada disso o que se passou" (por esta ou outras palavras) não merece Misericórdia.
O senhor MS disse aquilo que pensa mas que é quase totalmente o contrário daquilo que sempre disse.
E isso é na verdade vender "gato por lebre".
Estivéssemos nós em ano de eleições e estou certo de que CC faria um discurso certamente bem "mais optimista". De resto como lhe competiria!
o ministro da Saúde não é um comentador da política de saúde, mas o seu principal actor. E deveria saber que o assunto é demasiado sensível para ser lançado num seminário."
Sérgio Figueiredo,"Jornal de Negócios", 20-02-2006
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