quinta-feira, fevereiro 2

Presidente da APAH: porque não ?

Manuel Delgado, afinal, não dorme. Prova-o o Editorial que subscreve no último número da GH, com o título: «Administradores Hospitalares: Porque não?». Não fosse o título, que parece denunciar uma ideia (talvez inconsciente, recalcada, mas não desejada por MD, quero eu acreditar) de menoridade dos Administradores Hospitalares (os outros primeiro, mas porque não, também, os AH?) ou, quando muito, uma ideia de paridade dos AH (se os outros, porque não também os AH?), se não fosse este título, até poderíamos dizer que o Presidente da APAH escreve aqui o seu melhor editorial. Mostra que tem estado atento ao SaudeSa, o único sítio, que se saiba, onde os AH têm mostrado o incómodo que MD refere, relativamente à entrevista de CP. Procura, além do mais, não fugir às questões que aqui lhe têm sido postas, ainda que possamos não estar de acordo com ele (eu certamente não estou de acordo com algumas das suas ideias). Quanto à revisão da carreira, que defende (penso, quanto a isso, ser inquestionável, que a carreira não pode continuar como está, sobretudo porque não é revista desde 1980 e depois disso muita coisa já mudou na organização e gestão dos hospitais portugueses), quanto à defesa do direito à carreira «para aqueles que, legitimamente, a ela pertencem» (nós, os que aqui nos incluímos, não devemos dar-nos, contudo, por satisfeitos. É importante, numa perspectiva legal e pessoal de cada um dos interessados, parece-me irrelevante, numa perspectiva profissional e de classe. Pessoalmente, não gostaria de me sentir um dinossauro!). É importante também a referencia à questão da necessidade de formação específica para a gestão hospitalar. Delgado, contudo, não chega a defender a a exclusividade da ENSP nessa formação. Registo, com especial agrado, a referência de MD ao contributo relevante que os AH tiveram no desenvolvimento da saúde, em particular do sector hospitalar. Já aqui o dissemos. Termina com a afirmação da necessidade de incentivar os AH. Concordo, cem por cento. Isto faz-se com medidas concretas. Por cada AH, onde estes integram os CA dos HH, criando condições de oportunidade e de desenvolvimento aos AH; a nível da APAH, lançando a debate um projecto de revisão da carreira ou solicitando ao Ministério que rapidamente ponha um projecto (ou, ao menos, as principais linhas de força que o Ministério, certamente, já terá) a debate, ou avançando com ideias organizacionais inovadoras para os HH EPE, neste período, de discussão e aprovação de novos Regulamentos Internos, organização essa onde os AH possam vir a ter especial cabimento (Margarida Bentes, na Revista de GH, escreveu a este propósito um artigo interessante, mas há outros, na Revista Gestions Hospitalières que dão conta da organização dos hospitais por pólos de actividade ou da organização interna dos hospitais baseada na ideia de rede, mais do que na ideia de organização taylorista-fayolista, embora a Lei que cria os EPE, quando refere a organização por departamentos, serviços e unidades funcionais, pareça não ajudar muito neste sentido).
Enfim, requer-se alguma imaginação e criatividade. O debate é fundamental. Não há que ter medo dele. Nem por parte da APAH, nem por parte do Ministério. As discussões que aqui temos tido no SaudeSa são bem uma prova de como debater é importante, mesmo quando temos pontos de vista diametralmente opostos.
Em todo o caso, gostei que o Presidente da APAH tivesse saído do casulo onde tem estado metido nestes últimos tempos e se tivesse dado ao trabalho de vir a terreiro. Fica-lhe bem.
vivóporto

3 Comments:

Blogger ricardo said...

1.º fico feliz pelo regresso do vivóporto, já há algum tempo arredado destas andanças.

MD vai atirando de vez enquando umas bombardas certeiras.
É pouco ?

Parece corresponder a uma estratégia cuidadosa e bem delineada.

MD está descansado, ele sabe que o vivóporto na saudesa se encarrega da primeira barragem de fogo.

MD prefere o ataque sniper.

Apesar de alguma reverência a CC, penso que MD é o líder em quem os AH podem confiar e acabará sempre por defender os verdadeiros interesses dos AH (mesmo que, em última análise, essa defesa implique o confronto com CC).

nota: Dentro em breve, também eu vou ter de pedir desculpa ao MD por alguns excessos cometidos aqui na SaudeSA.

6:12 da tarde  
Blogger saudepe said...

Acho que MD tem tido ultimamente um comportamento lastimoso.

Mas o queé que os AH têm feito para mudar o curso dos acontecimentos ?

Tirando algumas iniciativas dos AH da SaudeSA, pelos vistos fora do baralho das colocações de CC, nada tem acontecido. Nenhum esforço tem sido feito.

Por isso pouco há que lamentar...

2:31 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Vivóprto,
Não o interpretaria mal, mesmo sem o seu alerta.
Na verdade pelo que conheço de si (através deste blog) há muito percebi que não seria pessoa para dizer aquilo que não pensa.
Por isso, verificada a sua menor presença, também com sinceridade, referi a sua falta.
Agradeço o que diz a meu respeito e não deixo de reconhecer que é excessiva generosidade da sua parte.
O que é verdade é que quando iniciei a minha participação no blog tinha ideia de o fazer de forma esporádica. Porém, o Vivóporto e o Xavier(e todas os outros,ou outras, que não cito porque corria o risco de esquecer alguém) foram os grandes causadores para que hoje, confesso, seja um "apaixonado" do Saúde SA.
Mas não dispensaremos a sua presença. Mesmo com menos frequência, não deixe de "dar notícias".
Também lhe digo, com sinceridade: se as dificuldades no serviço se relacionam com o "desemprateleiramento" desejo-lhe as maiores felicidades. Mais vale tarde que nunca. O contrário, será no mínimo estranho e é certamente uma perda para o serviço.
Um abraço

1:57 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home