Oportunidade Histórica
Cuidados de Saúde Primários
Concordo c/ a Clara: cuidados primários devem ser “seleccionados como prioridade das prioridades” considerando o impacto esperado (“…dar resposta a necessidades… controlo de gastos do SNS … ganhos de saúde”). Penso no entanto q se localiza aqui um dos 2 únicos pontos fracos de uma entrevista excelente do Sr. Ministro da Saúde (CC) – a melhor de todas, em minha opinião. No q respeita ao tema em apreço CC teve dois momentos:
OK: reformulação do atendimento urgente/não programado nos CS (SAP e semelhantes) e MF não fazerem urgências nos “bancos” dos hospitais (desde q resulte mesmo em aumento da produção programada e da disponibilidade dos MF … a introdução de incentivos, dirigidos à melhoria no nº de inscritos, no nº de actos e na qualidade, parece-me essencial e urgente).
NOT OK: As soluções apresentadas e o seu timing.
Refere-se, e bem, q existe uma dotação global de 6000 MF. Ora isso corresponde, em média, a 1 médico p/ 1667 habitantes o q não parece pouco. É de notar q: i) na Holanda os MF têm pelo menos 2000 habitantes; ii) alguns MF trabalham sob regime de 42 horas/semana; iii) alguns doentes não recorrem aos C. Primários (ex. de alguns Subsistemas).
Continua-se bem referindo a idade média (% elevada c/ mais de 50 anos) mas remata-se c/ afirmação dificilmente aceitável: “…precisamos de 10 anos p/ ter um reforma implantada”. Ora se os CP são tão importantes (são mesmo! constituem o alicerce do SNS, são coordenadores e gatekeepers, têm papel insubstituível no apoio pessoal e na coesão social local) então não se pode permitir q continuem situações graves de exclusão (pessoas s/ MF) e de deficiente cobertura (nº consultas/inscrito) como as q existem actualmente na G. Lisboa e G. Porto/Braga. Essas situações negativas pagam-se muito caro em:
i)- saúde e satisfação utentes;
ii)- actos desnecessários nos hospitais;
iii)- actos fora do SNS (pagos p/ doentes ou p/ Estado, através dos subsistemas públicos).
Urge por isso ir de encontro às necessidades da população e do SNS mesmo q isso não agrade a alguns (poucos) profissionais. Nessas grandes urbes e perante a situação dever-se-ia ser mais audaz apresentando uma solução rápida e flexível q assentasse numa “aposta tripla”:
– Intervenção urgente através das USF (tipo RRE);
– Soluções através de entidades não lucrativas e de cooperativas de médicos;
– Soluções de entidades lucrativas (mais limitada).
SemMisericórdia
OK: reformulação do atendimento urgente/não programado nos CS (SAP e semelhantes) e MF não fazerem urgências nos “bancos” dos hospitais (desde q resulte mesmo em aumento da produção programada e da disponibilidade dos MF … a introdução de incentivos, dirigidos à melhoria no nº de inscritos, no nº de actos e na qualidade, parece-me essencial e urgente).
NOT OK: As soluções apresentadas e o seu timing.
Refere-se, e bem, q existe uma dotação global de 6000 MF. Ora isso corresponde, em média, a 1 médico p/ 1667 habitantes o q não parece pouco. É de notar q: i) na Holanda os MF têm pelo menos 2000 habitantes; ii) alguns MF trabalham sob regime de 42 horas/semana; iii) alguns doentes não recorrem aos C. Primários (ex. de alguns Subsistemas).
Continua-se bem referindo a idade média (% elevada c/ mais de 50 anos) mas remata-se c/ afirmação dificilmente aceitável: “…precisamos de 10 anos p/ ter um reforma implantada”. Ora se os CP são tão importantes (são mesmo! constituem o alicerce do SNS, são coordenadores e gatekeepers, têm papel insubstituível no apoio pessoal e na coesão social local) então não se pode permitir q continuem situações graves de exclusão (pessoas s/ MF) e de deficiente cobertura (nº consultas/inscrito) como as q existem actualmente na G. Lisboa e G. Porto/Braga. Essas situações negativas pagam-se muito caro em:
i)- saúde e satisfação utentes;
ii)- actos desnecessários nos hospitais;
iii)- actos fora do SNS (pagos p/ doentes ou p/ Estado, através dos subsistemas públicos).
Urge por isso ir de encontro às necessidades da população e do SNS mesmo q isso não agrade a alguns (poucos) profissionais. Nessas grandes urbes e perante a situação dever-se-ia ser mais audaz apresentando uma solução rápida e flexível q assentasse numa “aposta tripla”:
– Intervenção urgente através das USF (tipo RRE);
– Soluções através de entidades não lucrativas e de cooperativas de médicos;
– Soluções de entidades lucrativas (mais limitada).
SemMisericórdia
Etiquetas: Semisericórdia
7 Comments:
Parabéns aoSemMisericórdiapor mais este excelente texto.
Parece-me que a intenção de CC (repetido Luís Pisco) ao referir o prazo de dez anos para a implementação das USF terá sido a de baixar as expectativas.
Talvez não sejam necessários dez anos mas sim cinco, ou que seja possível criar a grande maioria das USF necessárias até ao final da legislatura.
Concordo que CC deveria ter mais rigor em relação a esta matéria.
Penso que CC se debate com o problema do investimento necessário para fazer a reconversão destes Cuidados.
Parabéns ao SemMisericórdia.
Concordo com o drfeelgood (grande banda do meu tempo que veio várias vezes a Portugal).
A SaudeSA deve puxar por este projecto.
Vamos puxar pelas USF.
Faço um desafio ao Xavier.
Faça uma visita à USF de Benfica e relate-nos o que viu.
Um abraço para o SemMisericórdia e o Xavier.
Xavier,
A nova USF fica no centro de Benfica, e chama-se Rodrigues Miguéis .
Acho que CC é demasiado optimista: só dez anos?
Se os problemas se resolvessem por decreto Portugal era, concerteza, dos países mais desenvovidos do Mundo!
A propósito e voltando à vaca fria: como estará o SIGIC?
Há ou não recuperação de doentes em listas de espera? No expresso (como convém aos actuaos responséveis) fala-se em tempos de espera médios o que é claramente uma forma de tornear o problema.
Quem espera um, dois ou três e mais anos por uma cirurgia, está-se nas tintas para o "tempo médio de espera".
Até porque, como sabemos, quem mais espera é quem menos meios tem para mover influências!
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unidade de Saúde Familiar (USF)
Há 19 unidades a ensaiar o novo modelo de prestação de cuidados primários no país.
Pontos positivos:
a) - Os médicos são responsáveis pela gestão da sua lista de doentes e pelos horários de atendimento;
b) – O pessoal médico é pago através do Regime Remuneratório Experimental (RRE) - remuneração base + pagamento ponderado (tipo de doente - criança, idoso) por consulta;
c) - Os MF conseguem atender um maior número de doentes;
d) – O atendimento dos utentes processa-se de forma mais rápida e eficaz;
e) – Facilidade de marcação: um grande número de consultas já são marcadas por telefone (cerca de 50%);
g)- Há maior satisfação dos utentes;
Dificuldades:
a) – Os enfermeiros, tem tido pouca adesão ao sistema - não se lhes aplica o RRE ( têm prolongamento de horário + pagamento de horas extraordinárias);
b) – Quase todas as Unidades piloto funcionam em instalações degradadas e com poucas condições. Há USF a funcionar no mesmo edifício dos centro de saúde (anterior modelo) o que cria disfunções entre os dois modelos;
c) - Alguns doentes referem existir pressão sobre o tempo de duração das consultas;
d) – O pessoal médico considera que o adiamento por parte da tutela relativamente à constituição de cooperativas de médicos ou privados é um impasse ao desenvolvimento das USF;
e) – O grau de autonomia devia ser superior de molde a incluir também a gestão financeira e patrimonial da USF.
Na verdade devemos procurar novas soluções para problemas antigos e soluções adequadas para novos problemas.
Uma contribuição alternativa para complemantar o recurso às USF seria, exactamente, admitir-se aquilo que hoje exite para os beneficiários da ADSE: médicos com acordo a que os utentes pudessem recorrer regularmente. Em muitos casos, estou convencido, de que ficaria mais económico aos SNS esse tipo de acordo. Desde logo porque o utente, ao contrário do que acontece frequentemente (exageradamente nos HH e Centros de Saúde) pagava as correspondentes taxas moderadoras. Depois porque poderiam os serviços públicos ser redimensionados com redução de custos administrativos e outros.
O sistema das USF se não houver à partida uma "atitude" correcta pode vir a descambar na dependência dos médicos e técnicos envolvidos, que não tardarão a reivindicar pagamentos acrescidos e dificilmente o Governo poderá recusá-los.
Como diz o Xavier, estão em funcionamento 19 USF e já se fazem notar alguns problemas de instalações e de "pressão sobre a duração das consultas". Provavelmente os casos seleccionados nem serão dos menos apropriados. O que tenderá a acontecer se o sistema se generalizar?
Irão as USF funcionar em vão-de-escada? Em pisos superiores de grande dificuldade de acesso? E os médicos aderentes serão os mais qualificados? Não será a qualidade posta em causa com o pagamento "à peça"?
Devemos sempre pensar, e CC bem o sabe, que o óptimo é inimigo do bom!
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