A Liquidação do Sonho
É um facto reconhecido há muito que o Sonho não corresponde às necessidades de gestão, e mais ainda, não é amigo do utilizador.
Por isso mesmo estava previsto e decidido o desenvolvimento de uma camada de software em tecnologia Web - user friendly - sobre o SONHO e sobre o SINUS e que permitisse a integração de aplicações clínicas.
Tudo isso tinha pernas para andar já desde 2001.
O SAM é uma realidade e um sucesso em muitos hospitais e centros de saúde disponibilizando aos médicos a gestão da agenda, a elaboração de relatórios, o registo de dados clínicos, a prescrição electrónica de medicamentos, de certificados de incapacidade temporária e de MCDT's.
O SAPE criou nos profissionais de enfermagem grande expectativa para o refinamento da sua actividade.
Tudo foi posto em causa, abortado, ou deixado em morte lenta. Em vez de construir , escolheu-se demolir. É a opção pelo terramoto, pelo quanto pior melhor. Num futuro próximo, as "culpas" já não serão do Sonho ou do Sinus. Já não existirão funcionários públicos a quem culpar, a quem humilhar, a quem denegrir.
Sejamos então espectadores deste funeral informático. Limitemo-nos ao papel de meros contribuintes.
Afinal, o SNS, que alguém considerou de "trave mestra da nossa democracia", talvez nunca tenha passado de um... Sonho.
Por isso mesmo estava previsto e decidido o desenvolvimento de uma camada de software em tecnologia Web - user friendly - sobre o SONHO e sobre o SINUS e que permitisse a integração de aplicações clínicas.
Tudo isso tinha pernas para andar já desde 2001.
O SAM é uma realidade e um sucesso em muitos hospitais e centros de saúde disponibilizando aos médicos a gestão da agenda, a elaboração de relatórios, o registo de dados clínicos, a prescrição electrónica de medicamentos, de certificados de incapacidade temporária e de MCDT's.
O SAPE criou nos profissionais de enfermagem grande expectativa para o refinamento da sua actividade.
Tudo foi posto em causa, abortado, ou deixado em morte lenta. Em vez de construir , escolheu-se demolir. É a opção pelo terramoto, pelo quanto pior melhor. Num futuro próximo, as "culpas" já não serão do Sonho ou do Sinus. Já não existirão funcionários públicos a quem culpar, a quem humilhar, a quem denegrir.
Sejamos então espectadores deste funeral informático. Limitemo-nos ao papel de meros contribuintes.
Afinal, o SNS, que alguém considerou de "trave mestra da nossa democracia", talvez nunca tenha passado de um... Sonho.
XPAIS
7 Comments:
A privatização (liquidação) do Serviço Nacional de Saúde como se vê começou há muito.
Meticulosamente preparada e com pesados custos para os contribuintes.
De facto este problema já começou há muito tempo. Esta área dos sistemas de informação em saúde, nomeadamente na área de deontes, é naturalmente muito apetecível, hoje são uns, ontem eram outros, mas haverá sempre interessados. O caminho que infelizmente se o tomou foi de deixar cair de podre, para depois dizer que não serve. Apesar disso, e pelo esforço e mérito dos poucos técnicos do IGIF que desenvolveram estas aplicações, esse tempo foi mais longo do que alguns previram. Concordo plenamente com as opiniões do XPAIS, e posso deixar aqui um artigo meu publicado há quase 4 anos (na altura o Ministro era o mesmo), que, passe a imodéstia, me parece ainda actual: http://diariodigital.sapo.pt/news_history.asp?section_id=0&id_news=33035
Se o endereço não aparecer completo, basta fazer uma pesquisa por autor (Armando Duarte) em www.diariodigital.pt
Este tema dos sistemas de informação da saúde, já há muito merecia um análise mais cuidada.
Quero agradecer ao XPAIS e aos restantes comentadores pelos contributos já dados para a discussão desta importante matéria.
Certamente os interesses privados plantados de há muito à porta do sector público, não contariam com a tenacidade e competência do pessoal do IGIF que, anos a fio, lutando contra os mais diversos inimigos, tem resistido ao derradeiro assalto das empresas privadas.
Que parece estar para breve.
Como as coisas teriam sido diferentes se o IGIF pudesse ter contado com a franca ajuda dos ministros e dirigentes que, entretanto, passaram pelo poder.
Desta história prestes a chegar ao fim, fica o exemplo desse pequeno grupo de profissionais briosos e a conclusão de que, ao contrário do que aconteçe nos filmes, quem acaba por vencer nestes enredos são os maus da fita, motivados pela ambição desmedida de poder e lucro.
Há algum processo de aquisição em curso para substituição do SONHO e SINUS?
Segundo julgo saber não há nenhum processo em curso para substituição do SONHO. E do que conheço, nem o ALERT é sucedâneo do SONHO.
O que se sabe é que o SONHO não satisfaz.
Evidentemente que não são os trabalhadores do IGIF os responsáveis pelo que se terá passado até aqui. Fizeram certamente o que lhes foi solicitado e foram capazes de por em prática, e ninguém lhes deve tirar esse mérito. O problema está nas opções do IGIF e dos sucessivos Ministros e na sua incapacidade para avançar com novas soluções. Numa palavra: não houve inovação e por isso o SONHO está como está! E hoje não é, em minha modesta opinião (e pelo que oiço a quem percebe da matéria) justificável a sua "actualização". Há soluções no mercado que permitem uma mais fácil integração dos subsistemas informáticos e a custos que, se devidamente negociados, nem serão muito elevados.
PS.: Como nota final, e com toda a consideração, pergunto ao Xpais: mas afinal o Sonho é ou não um adequado programa para as necessidades dos HH?
Tenho ideia de que a sua crítica inicial era um pouco diferente do que agora diz. Na verdade o Xpais dizia: "as afirmações do tonitosa não têm a mínima fundamentação no que respeita ao Sonho". Ou serão apenas pontos de vista diferentes?
Aceito que possam ser exageradas as minhas críticas ao SONHO.
Poderão mesmo ser muito injustas (no tempo) mas não concordo que sejam infundadas.
Até admito que tenha sido a solução "qb" para as necessidades então sentidas pelos HH. Mas daí até ter sido uma boa solução e uma solução amigável para o utilizador, vai uma grande distância.
Discordo da conclusão de que "nunca daí adveio algum prejuízo a saúde (ou o bolso) dos cidadãos. Bem pelo contrário".
Na verdade, tudo depende dos pontos de vista. Não teria sido preferível investir em melhores soluções (mesmo no próprio sonho) para um verdadeiro e correcto conhecimento da actividade hospitalar, de que resultaria um contributo fundamental para melhorar a gestão dos HH?
Um gestão menos eficaz e eficiente não tem custos para o bolso dos cidadãos?
Xpais,
Vamos lá a por as coisas como deve ser. Obviamente que para uma boa gestão é indispensável ter informação de gestão. É evidente que a informática é apenas uma "ferramenta" ao serviço das organizações. É evidente que não é condição suficiente para obtenção de bons resultados ter este ou aquele (melhor) sistema de recolha e tratamento de dados. As coisas como sabemos são menos simples. Mas o que me parece é que, na actual sociedade em que vivemos, onde a mudança e a inovação são uma constante, é praticamente impossível fazer boa gestão sem boa informação.
Assim, sim...parece-me que podemos estar conversados.
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