Controlar gastos com Medicamentos Hospitalares
Porque é dificil. Dez hipóteses:
1º Os Directores Clínicos hospitalares, são, em regra,incapazes de controlar os gastos com Medicamentos: não têm vontade, não têm poder, não querem afrontar a classe;
2º A margem dos Administradores nesta matéria é reduzida;
3º As medidas de contenção de gastos com Medicamentos (outras também: veja-se o controlo da assiduidade, o problema a exclusividade, a acumulação de cargos de coordenação, etc.) são mais eficazes quando são ditadas de fora para dentro. As administrações têm necessidade/precisam de culpar o «Outro» (é um resquício cultural do salarismo);
4º A evolução dos gastos com Medicamentos em áreas especializadas (oncologia e VIH, por exemplo) e em hospitais em fim de linha é, em grande medida, incontrolável;
5º A ausência de regras claras de referenciação leva à desnatação em desfavor dos hospitais de fim de linha, sobretudo quando os tratamentos são caros;
6º Os Directores dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares não são coadjuvados por um Gestor (de Medicamentos);
7º Ainda prevalece nos hospitais a ideia de que alguém há-de pagar a conta;
8º Os médicos, na sua grande maioria, desconhecem (por falta de formação, de informação e, embora menos vezes, de vontade também) os mecanismos de gestão económico - finaceira dos hospitais;
9º Os médicos, na sua grande maioria, não são envolvidos na gestão (não participam, não são informados, não têm conhecimento das principais peças de gestão: planos de actividade, contratos-programa, etc.), apenas esperam deles que trabalhem;
10º A influência da indústria farmacêutica ainda tem um peso excessivo.
Vivóporto
1º Os Directores Clínicos hospitalares, são, em regra,incapazes de controlar os gastos com Medicamentos: não têm vontade, não têm poder, não querem afrontar a classe;
2º A margem dos Administradores nesta matéria é reduzida;
3º As medidas de contenção de gastos com Medicamentos (outras também: veja-se o controlo da assiduidade, o problema a exclusividade, a acumulação de cargos de coordenação, etc.) são mais eficazes quando são ditadas de fora para dentro. As administrações têm necessidade/precisam de culpar o «Outro» (é um resquício cultural do salarismo);
4º A evolução dos gastos com Medicamentos em áreas especializadas (oncologia e VIH, por exemplo) e em hospitais em fim de linha é, em grande medida, incontrolável;
5º A ausência de regras claras de referenciação leva à desnatação em desfavor dos hospitais de fim de linha, sobretudo quando os tratamentos são caros;
6º Os Directores dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares não são coadjuvados por um Gestor (de Medicamentos);
7º Ainda prevalece nos hospitais a ideia de que alguém há-de pagar a conta;
8º Os médicos, na sua grande maioria, desconhecem (por falta de formação, de informação e, embora menos vezes, de vontade também) os mecanismos de gestão económico - finaceira dos hospitais;
9º Os médicos, na sua grande maioria, não são envolvidos na gestão (não participam, não são informados, não têm conhecimento das principais peças de gestão: planos de actividade, contratos-programa, etc.), apenas esperam deles que trabalhem;
10º A influência da indústria farmacêutica ainda tem um peso excessivo.
Vivóporto
Etiquetas: Vivóporto
13 Comments:
Parece-me que o Vivóporto se esqueceu de referir um conjunto importante de elementos de gestão.
É necessário considerar no processo de prescrição e dispensa de medicamentos hospitalares, a utilização de determinados procedimentos e instrumentos de gestão.
Prescrição. Os médicos necessitam de estar informados.
Ferramenta importante: requisição "on line".
Elaboração e estabelecimento de métodos de vigilância de protocolos de utilização de medicamentos. Participação dos farmacêuticos no elaboração dos planos terapêuticos. Discussão de guidelines. Formulário hospitalar
Dispensa: validação e aviamento das prescrições. Planificação das distribuições unitárias diárias. Registo sistemático dos erros detectados no circuito de distribuição.
Análise diária/semanal/mensal de informação.
Gestão de compras (negociação das aquisições) e de stocks(pontos de encomenda, quantidades económicas de encomenda, trabalhar sem stocks de segurança em relação à maioria das substâncias, planeamento diário de entregas, viglância apertada do stock da farmácia- prazos validade, taxas de rotação.
Indispensável um gestor dedicado exclusivamente à farmácia.
Análise comparativa de custos por doente tratados com medicamentos(hospitais portugueses e não só).
Importante o trabalho de equipa do Gestor de Farmácia, Directora do Serviço de Farmácia e Director Clínico .
Se estes elementos não dominam determinadas técnicas de gestão, não se articulam entre si, não reunem amiúde para discuir os problemas da farmácia, se não conseguem estabelecer um plano de objectivos para a Farmácia Hospitalar, estará tudo vocacionado ao fracasso.
As acções promovidas de fora ajudam mas não resolvem.
Gestão, muita gestão.
Gestão esclarecida e competente é o que é necessário.
As acções de gestão devem incidir essencialmente sobre os prescritores.
É evidente que o Director Clínico não tem poder para controlar a prescrição. Nem acho que deva ter.
A racionalização da prescrição (melhor eficácia ao menor custo) deve ser perseguida através de acções de informação e formação dos prescritores e o fornecimento dos meios e instrumentos de gestão indispensáveis.
E, isto não está à venda no super mercado da esquina. É necessário construir, organizar, facilitar, através do desenvolvimento de acções de gestão adequadas.
Caro Ricardo,
Não posso concordar com a sua ideia sobre o papel do Director Clínico ("É evidente que o director clínico não tem poder para controlar a prescrição. Nem acho que deva ter."), senão vejamos:
a) (DL nº 233/2005, art 9º) "Ao DC compete a direcção de produção clínica do hospital EPE, que compreende a coordenação da assistência prestada aos doentes e a qualidade, correcção e prontidão dos cuidados designamente:
b) Aprovar as orientações clínicas relativas á prescrição de medicamentos... bem como os protocolos clínicos... respondendo perante o CA pela sua adequação em termos de qualidade e custo-benefício;"
Ver também alíneas f) e l).
Assim "de repente" é dele que se espera o bom desempenho das seguintes responsabilidades:
1ª Promoção da normalização de prescrições (formulários, protocolos) e proposta para aprovação no CA;
2ª Monitorização e controlo da utilização que os médicos fazem daqueles instrumentos;
3ª Promoção e/ou disponibilização de estudos custos-eficácia de medicamentos alternativos;
4ª Coordenar as Comissões (ex CFT,de Infecções) com vista a: i) Trabalho a montante da prescrição (ex. eficácia da limpeza, higiene, desinfecção e esterilização);
ii) Prevenir a necessidade de antibióticos por "motivos" hospitalares;
iii) Controlar a prescrição de antibióticos de largo espectro; iv) Idem medicamentos inovadores; v) ....
5ª Pugnar e contribuir, no CA, para maior adequação (genérica) da prescrição, da distribuição e da utilização de medicamentos
Claro, estamos de acordo que:
a) A actual quase independência médica de prescrição (devia ser autonomia, exercendo-se no quadro das orientações e regras definidas para o hospital e considerando todo o alcance das decisões), deriva de quase ninguém querer (ter tomates) para exercer todas as competências técnicas que lhes estão cometidas. Daí que precise mais de muletas de gestão (ex. software que aconselha e orienta prescrição) e apoios externos (introdução de medicamentos inovadores e dos respectivos protocolos a cargo de organismo nacional ou regional)...
b) A colaboração da gestão é necessária e importante mas o pivot e responsável só pode ser o DC - como tal o CA deve definir quais são as expectativas e metas (avaliar e controlar a sua performance, como dos demais elementosdo CA pela ARS).
Um abraço,
«Os Directores dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares não são coadjuvados por um Gestor (de Medicamentos)»
«Indispensável um gestor dedicado exclusivamente à farmácia.»
Mas que figura é esta? O Farmacêutico deve ser ele próprio o dito Gestor. Não compliquemos.
O que é preciso é definir responsabilidades e conferir autoridades.
Ter tomates?
Será que li bem ?
Sim ...
Não sabe o que isso é?
Para este problema, a gestão eficiente da área do medicamento hospitalar, o senhor ministro da saúde já criou a solução: a concessão à ANF das farmácias hospitalares.
(...) O Director Clínico é de facto o responsável pela qualidade e quantidade do trabalho clínico produzido. Ele deve assegurar e criar condições para que cada acto, procedimento, gesto (seja ele uma consulta, uma intervenção cirúrgica, os cuidados durante o internamento, a execução de um exame ou de uma técnica) decorra da melhor maneira possível com os conhecimentos disponíveis no momento actual. Mas deve também assegurar que se sejam aproveitados da maneira mais rentável os meios logísticos, de recursos humanos e técnicos que o Hospital tem à sua disposição. Se o não fizer haverá doentes que não serão tratados no tempo devido ou não serão de todo tratados e surgirão inevitavelmente as listas de espera
O Director Clínico deverá ter conhecimentos de Gestão e ter simultaneamente a sensibilidade e vivência clínica para manter uma relação esclarecida e útil com os vários grupos profissionais.
A valorização do papel do Director Clínico e, neste caso também dos Directores de Serviço e dos médicos em geral prende-se ainda com o problema central que se coloca a todos os níveis quando se encara a política de saúde. Trata-se da racionalização dos gastos e de procurar travar a espiral de custos que impede qualquer tentativa de sanear a despesa pública.
O aumento das despesas com a saúde provem actualmente na sua maior parcela do aumento do custo dos medicamentos, em particular dos novos fármacos “inovadores” e do grande avanço tecnológico que se traduz em meios diagnósticos mais sofisticados e muito mais dispendiosos. Tanto num caso como noutro quem os prescreve é o médico e é na ponta da sua caneta que está de uma maneira directa a inflação da factura que pagamos pela saúde. Se ele for chamado a envolver-se na gestão dos recursos disponíveis, se for responsabilizado pela sua atribuição, poderá o senso clínico juntar-se ao outro papel essencial que é o do administrador hospitalar. Deste binómio resultará uma economia nos gastos e uma diminuição dos desperdícios que resultam por exemplo do encarniçamento terapêutico. E este resultado será conseguido sem prejuízo de procurar em cada momento a justa medida na procura do melhor tratamento para cada de doente.
Convém dizer que não ficarão resolvidos todos os problemas do desequilíbrio das contas da saúde. À medida que os custos crescem há opções políticas que cada vez se tornam mais imperiosas mas estas estão fora do alcance e da esfera de acção do Director Clínico. No entanto, é importante chamar a atenção para este facto porque cada vez se torna mais necessária uma intervenção neste campo.
Prof. Pedro Abecassis
«Porque não um gestor de medicamento?»
Mas o gestor do medicamento não é o Farmacêutico?
Se, como diz a Clara, na privada o é porque não o pode ser na Pública?
A verdade é que nunca valorizaram o papel do FH (não existe sequer uma carreira!), nunca lhes deram a mínima autoridade e agora dizem que nenhum revela grandes qualidades como gestor (deve ser uma deficiência adquirida nas FF).
A verdade é que a figura do tal gestor do medicamento, se todos continuarem a ter medo de todos, num cenário de quintais - sem tomates - terá como destino a costumeira prateleira dourada: mais uma figura decorativa.
Eu quase me sinto tentado a concordar com tudo e todos!
Mas, porque hoje, não me apetece escrever muito, resumo este meu comentário às seguintes perguntas:
Qual ou quais são os critérios de selecção (escolha) e nomeação dos Directores Clínicos? E dos Directores de Serviços?
Caro Vivóporto,
Não estando doente, confesso que o meu porte "Atlético" não tem sido o melhor!...
Aquele abraço
"Para este problema, a gestão eficiente da área do medicamento hospitalar, o senhor ministro da saúde já criou a solução: a concessão à ANF das farmácias hospitalares."
Clara não confunda Farmácia Hospitalar com Farmécia de Dispensa de Medicamentos ao Público em Hospital do SNS. É algo não miscível. Pelo menos por enquanto.
O Dr. João Cordeiro declarou por mais de uma vez que a ANF tinha o "know how" necessário para assumir a gestão das farmácias dos hospitais do Estado, onde se verificava níveis elevadíssimos de ineficiência.
Não é a ANF (ou uma sociedade do grupo) que gere a farmácia do Amadora Sintra?
Para já são as farmácias do lado, a enfileirar com a cafetaria e o quiosque de revistas do hospital.
Dentro em breve, saltam para o interior do hospital.
Aliás, isto está tudo à venda.
É à vontade do freguês.
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