quinta-feira, abril 12

DMS 2007 - Investir em Saúde - Futuro mais Seguro


O DIA MUNDIAL DA SAÚDE - 2007, como foi referido na cerimónia comemorativa, foi dedicado à SEGURANÇA SANITÁRIA INTERNACIONAL, tendo o MS adoptado o tema: "Investir em Saúde para um Futuro mais Seguro".LINK
A temática subjacente diz, essencialmente, respeito à globalização em que a propagação da doença, dados os níveis de mobilidade populacional, não conhece fronteiras. Esta situação gerou “medos”, nomeadamente, no que diz respeito à latente ameaça de pandemias.
Num SNS que mostrou algumas dificuldades em debelar epidemias sazonais, estou a lembrar-me da situação verificada no Algarve (H de Faro), esta comemoração, em minha opinião, deveria ter sido aproveitada para explicitar os planos de contingência programados (pela DGS). Isto é, para “calar” esses medos e tranquilizar as populações. O ministro limitou-se a falar sobre a futura “Lei sobre Vigilância Epidemiológica”, instrumento indispensável para a cooperação internacional, mas não explicitou os meios para a sua implementação nacional. Portanto, não sabemos como irá funcionar. Nunca aferimos com rigor a nossa capacidade de vigilância e detecção, e muito menos, a prontidão da resposta, em situações desse teor. E “casos” como o SRAS (vulgo, “gripe das aves”) continuam a afectar periodicamente as agendas mediáticas e a gerar ciclos de apreensão.
Faltou, portanto, ao ministro uma maior consonância com as preocupações internacionais e, no que é recalcitrante, o senso pedagógico de explicar, tornar claro e transparente - de sossegar, transmitir segurança nas questões internas. Isto é, aproveitar efemérides para tratar de assuntos do momento.
Preferiu falar do desempenho do SNS em 2006. Exaltar as realizações já conseguidas ou em vias de concretização e enfatizar o desempenho no rigor orçamental (aquilo que gosta de chamar “boas contas”). Virou-se mais uma vez para o passado, como se estivéssemos em plena campanha eleitoral ou num esforço de sustentação política do cargo que ocupa.

Depois desta análise crítica, devo dizer do que gostaria que tivesse sido efectivamente abordado. Exactamente, o tema do dia: "Investir em Saúde para um Futuro mais Seguro". E neste campo que, em consonância com a OMS, tivesse falado em investimentos e em futuro (conceitos aparentemente complicados para o MS). Falar, p. exº., dos "Leading Health Indicators" definidos pela OMS, até 2010.
Isto é, de:
- sedentarismo (actividade física);
- obesidade e excesso de peso;
- luta anti-tabágica
- comportamentos adictos (toxicodependência)
- comportamentos sexuais responsáveis (SIDA);
- saúde mental
- violência (doméstica)
- qualidade ambiental.

Resumindo: como estamos de investimento nestes candentes problemas de agora e do futuro?
O tema da OMS - "Investir em Saúde para um Futuro mais Seguro" - sugeria algumas respostas que não temos. O balanço podia esperar. Porque "o futuro permanece escondido até dos homens que o fazem" (Anatole France)…
É-Pá

5 Comments:

Blogger saudepe said...

Excelente Post.
Crítica pertinente.

1:57 da manhã  
Blogger Clara said...

Bem visto.
A gripe das aves afinal parece que não vai ser o que se esperva.
Dá para descançar da sofrível preparação.
CC aproveitou para fazer a sua campanha de informação.

9:16 da manhã  
Blogger helena said...

"o futuro permanece escondido até dos homens que o fazem" (Anatole France)…

Acusar CC de não ser um conhecedor profundo, um observador atento, capaz de uma prospecção correcta da inovação e do futuro da Saúde, parece-nos forçado.

Enfim, encontra-se sempre forma de criticar o que se quer criticar.

9:32 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Cara helena:

"Acusar CC de não ser um conhecedor profundo, um observador atento, capaz de uma prospecção correcta da inovação e do futuro da Saúde, parece-nos forçado."

Não se pretendeu fazer acusações, nem "forçar" juízos de valor.
Sinalizou-se uma notória deriva do tema.
Expôs-se legitimas expectativas.
Penso que a recorrente exposição da execução orçamental, obtida pelo MS, pode ofuscar, ou subalternizar, a "agenda do futuro".

A arvore próxima que esconde a floresta...

12:43 da tarde  
Blogger teresa said...

Mas nós não estamos para aí virados.
Cristalizamos num sistema hospitalocênctrico o que reforçou o tal sistema orientado para a doença e não sabemos como sair disto.

Já agora, quem parece ser um conhecedor profundo, um observador atento, capaz de uma prospecção correcta da inovação e do futuro da Saúde é o Prof. PKM (não concorda, Clara?)

6:47 da tarde  

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