Inovação
(…) Estes campos, por sua vez, classificaram-se em seis tipos de inovação em Saúde. Os primeiros três tipos (novos métodos, padronização e programas multisectoriais) interpretados como inovações do processo de cuidar. Os restantes três tipos, implicam mudanças estruturais (i.e.: novas estruturas para a distribuição de cuidados de saúde primários, cuidados multidisciplinares em hospitais e infra-estruturas). LINK
Uma vez classificados tipos de inovação mais frequentes em organizações de Saúde, enfrenta-se a questão da probabilidade de estes serem disseminados. Assim os holandeses identificaram nove factores críticos para a disseminação da boa prática inovadora: 1) Profissionais de Saúde em posição de liderança e motivados; 2) Influência dos grupos de doentes implicados na boa prática em questão; 3) Pressão externa para adoptar novas práticas (por exemplo a contratualizaçãao); 4) Desenvolvimento de novas competências nas profissões; 5) profissionais a trabalhar, efectivamente, em equipa; 6) a existência de avaliação científica da inovação publicada em jornais revistos por pares; 7) Apoio à gestão da mudança de uma ou mais agências nacionais; 8) Apoio de agentes independentes de desenvolvimento local; 9) utilização de tecnologia efectivamente relevante para a boa prática em questão.
Em síntese, conforme à filosofia deste espaço de análise de políticas de Saúde, deixo para debate uma premissa essencial para uma reforma dos serviços de Saúde em qualquer pais: à capacidade de identificar boas práticas, há que juntar a capacidade de as disseminar. As políticas falham muitas vezes nesta transição.
Uma vez classificados tipos de inovação mais frequentes em organizações de Saúde, enfrenta-se a questão da probabilidade de estes serem disseminados. Assim os holandeses identificaram nove factores críticos para a disseminação da boa prática inovadora: 1) Profissionais de Saúde em posição de liderança e motivados; 2) Influência dos grupos de doentes implicados na boa prática em questão; 3) Pressão externa para adoptar novas práticas (por exemplo a contratualizaçãao); 4) Desenvolvimento de novas competências nas profissões; 5) profissionais a trabalhar, efectivamente, em equipa; 6) a existência de avaliação científica da inovação publicada em jornais revistos por pares; 7) Apoio à gestão da mudança de uma ou mais agências nacionais; 8) Apoio de agentes independentes de desenvolvimento local; 9) utilização de tecnologia efectivamente relevante para a boa prática em questão.
Em síntese, conforme à filosofia deste espaço de análise de políticas de Saúde, deixo para debate uma premissa essencial para uma reforma dos serviços de Saúde em qualquer pais: à capacidade de identificar boas práticas, há que juntar a capacidade de as disseminar. As políticas falham muitas vezes nesta transição.
PKM, DE 11.04.07
7 Comments:
E cá está o Xavier a dar-lhe com o PKM.
Reparem na pobreza franciscana deste texto.
Deve ter sido feito por algum estagiário.
Este comentário foi removido pelo autor.
O artigo do Prof. Paulo Kuteev Moreira sobre a experiência holandesa, no capítulo da “inovação em Saúde”, merece ser ponderado. Embora o autor do artigo no DE considere nuclear a influência das associações de doentes neste projecto inovador, refere um item (abaixo transcrito), na área de identificação dos factores críticos para uma boa prática, que me despertou a atenção.
1. “PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM POSIÇÃO DE LIDERANÇA E MOTIVADOS” ...
O extenso leque de profissionais de saúde, os latentes (ou por vezes exacerbados) conflitos corporativos, os “ghetos” inter-profissionais, a multiplicidade competências, a anarquia de conhecimentos, o desequilíbrio (ou mesmo a ausência) de incentivos, entre outros motivos, dificultam o exercício da liderança na área da Saúde.
Todos sabemos que “posições de liderança” carecem, na prática, de reconhecimentos mútuos, nomeadamente, ao nível das competências e, particularmente, nos desempenhos.
Ora, como na Saúde as competências são vastas e abundantes serão, também, os espaços “penumbra”, onde ninguém lidera.
Uma das primordiais funções da liderança é ocupar espaços vazios, coordenar esforços, identificar as prioridades, desenhar estratégias, prosseguir objectivos (colectivamente definidos e assumidos), etc.
Segue-se, um outro pormenor, indissociável da prestação de cuidados em Saúde, isto é, a definição da “centralidade” do projecto assistencial. Ninguém ignorará o perene diferendo entre concepções abundantemente catalogadas como “economicistas”, viradas para a “gestão de quantidades” e obcecada por níveis de produtividade e, em oposição, “diferentes opções”, onde essa centralidade se fixa na qualidade dos cuidados, à revelia dos custos e fora das ópticas de competividade.
A "natural" assumpção de uma posição da liderança (não a nomeação!) passa, também, pela capacidade de dirimir estas opostas “sensibilidades” e configurar um projecto comum, agregador.
Na Saúde, as lideranças tornaram-se indissociáveis do(s) conhecimento(s) e de uma panóplia de “gestões” (médica, administrativa, financeira, etc). Conjugar tão alargadas e diversificadas competências para “adquirir”, por mérito, uma posição de liderança é, no nosso País, um autêntico achado.
Resta, portanto, fomentar e explorar ("forçar" a confluência de) interdisciplinaridades e introduzir (desenvolver) modelos de liderança adequados.
É aqui que entra a inovação associada à liderança, contemporânea de uma acelerada mutação tecnológica, da necessidade de partilha de conhecimentos e objectivos e onde os sistemas de informação (para os profissionais e para os doentes) desempenham um papel nuclear.
A questão da(s) motivação(ões) é (são), obviamente, complementar(es) e integra(m)-se, fundamentalmente, nos instrumentos de liderança. Noutra oportunidade voltaremos a este assunto.
Para já, a questão da liderança, levanta-me uma inquietante pergunta:
No “nosso” modelo SNS estão criadas (ou foram pensadas) condições objectivas para o exercício de uma efectiva liderança pelos profissionais de Saúde?
Parece-me um artigo que devia fomentar o debate sério.
Os textos recentes deste senhor, partilham, de uma forma despretensiosa e humilde, ideias e questões que andam por essa europa fora a desafiar as políticas de sáude e que poderão servir para nos revermos nelas. Este é um texto que serve para nos actualizarmos e para perecebermos que talvez tenhamos as nossas prioridades mal organizadas em portugal.
Se a ideia do xavier ao inlcuir este texto é gerar debate, então penso que é uma boa intenção e se calhar as pessoas inteligentes que aparecem neste blogue (não me parece ser o caso da clara, que com certeza deve ter outras qualidades), poderão debater se em Porugal estamos a conseguir sequer identificar as boas práticas, nomeadamente ao nivel da gestão nos hospitais, centros de saúde e administração central?
Já nem falo se, em Portugal, já estamos em condições de discutir como, se e com que atraso as disseminamos.
Mas podiamos começar pela primeira: a questão da identificação das boas práticas de uma forma isenta, honesta e contínua.
Para além de basófias de académicos que também aparecem nos jornais (outros no diário ecoónomico, público, DN, etc.) a tentar vender o seu peixe, ou seja, a tentar vender as disiplinas que ensinam para todo os médicos ou os seus serviços de consultoria para todos os hospitais a quem passam atestados de incompetência com um sorriso no meio das suas barbas, barrigas avantajadas ou óculos tipo lupa, não há muito mais gente a propôr debates actuais e cruciais para o nosso SNS de uma forma simples e clara como este senhor de cujo nariz ou testa livre de pelo poderemos não gostar, por razões muitas, ou só porque sim (como deve ser o caso da clara).
No caso deste artigo, podemos questionar e debater, por exemplo: 1) como é que a contratualização, poderá ser um veículo de identiifcação de boas práticas e uma força de incentivo á sua disseminação?
2) a que novas competências das profissões estará o autor a referir-se?
3) Há alguma agência em Portugal a ajudar à gestão da mudança? para além do ministro e dos seus pobres assessores, quem mais gere a mudança de uma forma profissional? será por isso que o actual ministro ainda está a tentar resolver os memso problemas que tinhamos em 1996? que tipo de modelo seria eficaz para esa gestão? a nova configuração do SNS vai ajudar a exercer-se esta função no médio prazo, independentemente de quem for o ministro?
3)e a questão da avaliação inter-pares em revistas científicas? (isso sim é de uma pobreza francicana, clara)
4) agentes independentes de desenvolvimento local? em Portugal temos caciques locais. Haverão outras alternativas? não será também este um dos factores que levou às dificuldades da reforma das urgências dos hospitais?
5) tecnologia efectivamente relevante? boa! esta implica uma das grandes preocupações do actual ministro, não é? Portugal adopta qualquer (e toda) "nova" 'tecnologia' precisamente porque não tem conseguido utilizar a capacidade de avaliação isenta, séria e científica (que tem, mas está desaproveitada e desmotivada). Por isso, acabamos sempre com tecnologia que, no fim não é relevante para o que se pretendia fazer. Os problemas com o software dos cuidados de saúde primários não são um sintoma desse problema?
Bom artigo.
A sugestão do lisboaearredores parece-me boa.
Vou trabalhar a ideia.
Também a mim me parece que o artigo de Paulo Kuteev Moreira não deve ser menosprezado. A simplicidade com que aborda o assunto não significa que o mesmo não tenha interesse. Concordo que a forma não é excelente, mas a substância merece ser ponderada. Tomáramos nós ser capazes de replicar uma experiência deste tipo. Trata-se no fundo de pôr em prática o benchmarking, considerado como um processo de comparação do nível de desempenho, visando atingir uma melhoria de performance. A prática consequente do benchmarking permitiria:
1.Ajudar as instituições a tornar-se em “organizações em aprendizagem.
2.Ajudar a compreender bem o que se faz
3.Focalizar os serviços na melhoria da qualidade
4.Promover a melhoria do desempenho
5.Fornecer um sistema de avaliação
O que, convenhamos, não seria dispiciendo.
A dificuldade idiossincrática da disseminação das boas práticas nos nossos serviços, poderá ser atenuada pela pressão externa. E um dos instrumentos privilegiados é a contratualização, que o sociólogo holandês De Swaam, citado por Pita Barros, considera como um processo de transição de uma sociedade sob comando para uma sociedade de negociação, em que as relações contratuais substituem as relações hierárquicas tradicionais.
Segundo a mesma fonte, os proponentes da contratualização apresentam quatro razões fundamentais para a sua introdução:
a)Encorajar a descentralização da gestão
b)Melhorar o desempenho dos prestadores
c)Melhorar o planeamento dos serviços de saúde
d)Melhorar a gestão
Recordemos que, de acordo com o Despacho Normativo n.º 46/97 de 8 de Agosto de 1997, “ a Agência de Acompanhamento dos Serviços de Saúde é constituída por um corpo técnico pluridisciplinar indigitado pelo Conselho de Administração das ARS’s e por representantes dos utentes, devendo desenvolver a sua actividade em consulta sistemática e recíproca com as Autarquias locais, as Organizações de Consumidores, as Associações de Doentes, as Instituições de Solidariedade Social e as Organizações Profissionais, entre outras.”
Repare-se como a legislação contemplava alguns dos “factores críticos” citados por P.K.Moreira! O problema está em que o desafio da Ministra da Saúde da Holanda foi respondido em 8 meses e, por cá, passados dez anos, a legislação está por cumprir.
Adoro este Prof.
Atira-nos com cada bolada que nos deixa sem folego.
Também gostei dos posts do Mário Lino e do e-pá.
Parece-me que deviamos começar a olhar a sério para esta coisa das boas práticas. Não podia ser a Direcção Geral da Saúde a dinamizar esse processo envolvendo as ordens profissionais? ou o nosso Georginho anda muito atrapalhado com o 'call center'? ou será a gripe das aves?
Já agora, também valia a pena perguntar porque é que em Portugal não se trabalha, verdadeiramente, em equipa (excepções raras nos blocos operatórios). Estará nos nossos genes? e será que os gestores poderiam dar uma mãozinha?
Quem vai Sábado ao Seminário dos Cuidados de Saúde Primários em Coimbra organizado pela Escola Nacional de Saúde Pública? Com os Prof. Sakellarides, Ana Escoval, PKM e outras figuras clarividentes deste país à beira mar? este é um dos temas a lá dicutir(vejam em www.ensp.unl.pt/seminario).
PS: a clara deve ter um problema qualquer do foro psiquico para odiar o Prof. PKM (tenho-a lido sempre a tentar minimizar o interesse dos seus textos sem qualquer razão racional que todos possamos aceitar). Enfim...
Nota de 19, Prof.
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