HHs Públicos, a má moeda?
H. Infante Dom Pedro EPE - Aveiro
Enquanto o “Relatório sobre a Sustentabilidade do SNS”, já entregue ao MS, dorme um sono profundo, o que permite invocar razões desse foro a torto e a direito, aqui e acolá, vão-se desvendando pequenos tabus em nome de um grande tabu – a oportunidade política.
Todavia, apesar desta aparente dormência, os devastados campos da sustentabilidade mantêm-se agitados. Vários protagonistas colocam peões no terreno.
Hoje, ao ter conhecimento pela imprensa do livro de PKM, “Políticas de Saúde – Ensaios para um Debate Nacional” (livro que confesso, não li), o registo da súmula do redactor da notícia, contem uma asserção, que me chamou a atenção.
“Gastar mais nos cuidados de saúde primários é despesa boa. Gastar muito nalguns serviços hospitalares é despesa má”.
Independentemente de poder estar a citar fora do contexto geral, impressionou-me o terrível maniqueísmo desta “nova” máxima.
No meu entender, ao enveredar por estes caminhos, situações que são complementares ou, noutros casos, supletivas, são “empurradas” para um dilacerante confronto de opostos. Pugna-se, ao defender tais soluções, por colocar, o cerne do problema da sustentabilidade do SNS, em profundas trincheiras, por consequência opostas e incompatíveis.
Recordo, muito embora esta opinião possa gerar alguma polémica, que a rede hospitalar pública, tem aguentado – ao longo de anos a fio - com as manifestas e sobejamente conhecidas insuficiências do SNS.
É politicamente correcto defender que a MGF, ou melhor, os CPS, são o esteio do SNS. Ninguém, em termos conceptuais, contesta isso. Todavia, sempre que a rede de cuidados primários mostrou, ao longo do tempo, dificuldades, nomeadamente, no campo da cobertura integral do território, ou, exibiu fragilidades na assumpção de adequadas (prontas) acessibilidades, foram os HH’s que valeram à universalidade e à equidade do SNS. Nomeadamente, através dos serviços de urgência onde, como sabemos, se cuidava de tudo – emergente, urgente, agudo, sub-agudo, crónico, etc.
Neste momento, estão em curso reorganizações e reestruturações, quer no campo dos serviços de urgência (SBU’s, SUMC’s e SUP’s), quer nos CPS, com as USF’s.
Dessas medidas, que pressupõem investimentos (…os que o orçamento permite), esperam-se resultados.
Os HH’s públicos, neste momento assediados com a pujança financeira, o arrojo estratégico e a moderna organização que o SPS exibe, exactamente, no investimento em Hospitais, devem, na concepção de PKM, passar a “parentes pobres” do sistema. Não há um plano de reorganização, de reestruturação ou de modernização. São à cabeça "despesas más"!
O único plano visível é o aparentemente inesgotável combate ao “despesismo” que, em última análise, esconde uma inércia total em termos de organização, planeamento e, não escondamos, de investimento.
Deste modo, nesta penúria, a rede hospitalar pública defina sob o olhar concupiscente dos Sistemas Privados de Saúde.
Na verdade, é notório que os serviços hospitalares, não vivem dos serviços prestados, carecem de novas (ou de outras) oportunidades. Porque não se desenvolveu, por exemplo, a via de transformação dos tradicionais Serviços hospitalares em Centros de Responsabilidade Integrada (CRI’s)?
Claro que é mais barato não investir, deixar cair, fechar.
Não enfrentamos - deslocamos - o problema da sustentabilidade.
Das grandes e pequenas insustentabilidades que vão sendo endossadas ao SNS, nascerá a sustentabilidade global do SPS.
Ou seja, a insustentável leveza do ser – ou continuar a ser – SNS.
É-Pá
Todavia, apesar desta aparente dormência, os devastados campos da sustentabilidade mantêm-se agitados. Vários protagonistas colocam peões no terreno.
Hoje, ao ter conhecimento pela imprensa do livro de PKM, “Políticas de Saúde – Ensaios para um Debate Nacional” (livro que confesso, não li), o registo da súmula do redactor da notícia, contem uma asserção, que me chamou a atenção.
“Gastar mais nos cuidados de saúde primários é despesa boa. Gastar muito nalguns serviços hospitalares é despesa má”.
Independentemente de poder estar a citar fora do contexto geral, impressionou-me o terrível maniqueísmo desta “nova” máxima.
No meu entender, ao enveredar por estes caminhos, situações que são complementares ou, noutros casos, supletivas, são “empurradas” para um dilacerante confronto de opostos. Pugna-se, ao defender tais soluções, por colocar, o cerne do problema da sustentabilidade do SNS, em profundas trincheiras, por consequência opostas e incompatíveis.
Recordo, muito embora esta opinião possa gerar alguma polémica, que a rede hospitalar pública, tem aguentado – ao longo de anos a fio - com as manifestas e sobejamente conhecidas insuficiências do SNS.
É politicamente correcto defender que a MGF, ou melhor, os CPS, são o esteio do SNS. Ninguém, em termos conceptuais, contesta isso. Todavia, sempre que a rede de cuidados primários mostrou, ao longo do tempo, dificuldades, nomeadamente, no campo da cobertura integral do território, ou, exibiu fragilidades na assumpção de adequadas (prontas) acessibilidades, foram os HH’s que valeram à universalidade e à equidade do SNS. Nomeadamente, através dos serviços de urgência onde, como sabemos, se cuidava de tudo – emergente, urgente, agudo, sub-agudo, crónico, etc.
Neste momento, estão em curso reorganizações e reestruturações, quer no campo dos serviços de urgência (SBU’s, SUMC’s e SUP’s), quer nos CPS, com as USF’s.
Dessas medidas, que pressupõem investimentos (…os que o orçamento permite), esperam-se resultados.
Os HH’s públicos, neste momento assediados com a pujança financeira, o arrojo estratégico e a moderna organização que o SPS exibe, exactamente, no investimento em Hospitais, devem, na concepção de PKM, passar a “parentes pobres” do sistema. Não há um plano de reorganização, de reestruturação ou de modernização. São à cabeça "despesas más"!
O único plano visível é o aparentemente inesgotável combate ao “despesismo” que, em última análise, esconde uma inércia total em termos de organização, planeamento e, não escondamos, de investimento.
Deste modo, nesta penúria, a rede hospitalar pública defina sob o olhar concupiscente dos Sistemas Privados de Saúde.
Na verdade, é notório que os serviços hospitalares, não vivem dos serviços prestados, carecem de novas (ou de outras) oportunidades. Porque não se desenvolveu, por exemplo, a via de transformação dos tradicionais Serviços hospitalares em Centros de Responsabilidade Integrada (CRI’s)?
Claro que é mais barato não investir, deixar cair, fechar.
Não enfrentamos - deslocamos - o problema da sustentabilidade.
Das grandes e pequenas insustentabilidades que vão sendo endossadas ao SNS, nascerá a sustentabilidade global do SPS.
Ou seja, a insustentável leveza do ser – ou continuar a ser – SNS.
É-Pá
Etiquetas: E-Pá
5 Comments:
Excelente.
É esta a questão de fundo que terá levado à fractura do grupo de trabalho da sustentabilidade.
PKM é defensor de um SPS forte. As suas posições não poderiam deixar de chocar com a concepção de Serviço público do Jorge Simões.
Pelos vistos o livro do PKM reune os textos confrangedores publicados no DE.
Espero que ao menos alguém tenha corrigido os erros de sintaxe.
O PKM é um sonso armado em grande investigador destas coisas da saúde.
A verdadeira especialidade do PKM é o marketing.A fazer-me lembrar o outro professor da ENSP: engenheiro, professor doutor.
E algumas destas alminhas pôem estas coisas na lista telefónica.
- Apontamentos com anotações -
Parte I
Parte da entrevista ao "O Aveiro" em 8 de Julho de 2006 (ao CA em exercício):
"Que diagnóstico fez quando chegou?
A nossa preocupação principal é ter o saneamento económico/financeiro do Hospital. Isso é uma tarefa difícil. Apesar de não querer falar do trabalho realizado no passado, o Hospital no ano de 2005 teve um défice de seis milhões de euros. Em 2004 teve um resultado bom à custa de receitas extraordinárias.
A que se deve esse défice?
Este hospital, ao que me parece, em Fevereiro ou Março do ano passado teve uma Assembleia Geral de accionistas que não reconduziu a administração. Ou seja, quase durante um ano, até Novembro quando chegámos, o hospital esteve em gestão corrente. Uma das razões do défice de 2005 deve-se a um descréscimo da actividade. Provavelmente, ainda que se possa imputar esse decréscimo à falta de anastesistas o que levou a que não tivesse havido tantas cirurgias – e não estou a dizer que foi essa a causa – no estado de espírito das pessoas reflectiu-se essa falta de administração. As pessoas para fazer coisas têm de estar orientadas e supervisionadas. Houve o défice na actividade, a receita baixou e os custos dificilmente são mexidos. É óbvio que tem de haver prejuízo.
O Hospital deve dar lucro?
Quando dizemos que queremos o saneamento económico/financeiro não estamos a afirmar que queremos ter lucro no fim do ano. Queremos é ter as coisas minimamente equilibradas e sem prejudicar a componente de qualidade que queremos ter aqui. E isso não se faz num ano. É por isso que temos um mandato de três anos."
Parte II - Anotrações
O resultado final de 2006 foi pelo menos de 13 milhões de euros negativos.
Dobrou o resultado negativo de 2005.
Apesar do argumento para o resultado negativo de 2005, no Relatório de Contas de 2005, verifica-se um aumento de produção e uma melhoria generalizada dos indicadores.
Utilizando a mesma argumentação, em 2006 o hospital foi ainda menos gerido. O dobro. A que se deve uma variação superior a 200%?
Em dois anos acumulou prejuizos de 18 milhões. Que soluções?
Falhou completamente o objectivo principal - diminuir o défice!
Em 2007 o hospital não terá liquidez para fazer face às despesas correntes e terá que cortar com os investimentos (o capital injectado quando foi constutuido como SA foi absorvido pelo défice em 2005 acabou com 13 milhões em Depositos à Ordem - igual ao défice deste ano).
A viabilidade do hospital está em causa.O hospital ainda é viavél?
A Clara e o Joaopedro devem sofrer de algum complexo freudiano não diagnosticado.
Não vejo onde está a questão de fundo que a clara, coitada, inebriada pelo seu ódio e inveja, identificou. Acho que a clara nem o post percebeu, quanto mais os textos do Prof. Paulo Moreira.
Os debates dos texto do prof. PM e a simplicidade com profundidade dos conceitos que partilha sem arrogância, têm gerado por todo o país (e neste blogue em particular) são a melhor prova de que vale a pena o seu sacrificio pessoal de se expôr a atrasados mentais e invejosos como estes dois.
O Prof Paulo Moreira, parece que "graças a ser sonso armado em investigador das coisas da saúde", tem já um CV notável e que se distingue da mediocridade dos comentadores das coisas da saude que comentam sem investigação nem experiência profissional diversidficada no sector (como é o caso da pessoa que atacam). O joapedro não quereria antes dizer, discreto? (em vez de sonso)
Joaopedro e clara. Duas pessoas tristes. Escondidos atrás do anonimato. Insultam e ladram.
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