Saúde, mercado privado
Incipiente é que o mercado de prestação privada nunca foi em Portugal,sempre existiu e sempre foi forte ( 70% das análises clínicas, 56% dos rX e 70% da ecografia, 90% dos dentes, 60% das consultas da especialidade). Claro que os grupos privados acreditam na expansão do "mercado da saúde", o Estado deu-lhes a possibilidade de ganharem "know-how" com risco reduzido através da construção e gestão dos Hospitais de Braga, Cascais, VFX, Loures. É aqui que os privados vão apostar, apesar de enfrentarem o constrangimento do mercado de trabalho dos profissionais médicos (sobretudo médicos), habituados a auferirem somas avultadas, a praticarem preços acima da média europeia, vão ter dificuldade a contratarem médicos, habituados a trabalharem de manhã no público e à tarde na privada, perguntem ao GPS se tem sido fácil contratar médicos para o Centro de Medicina Física do Algarve. Quanto às questões de seguros remeto-vos para um artigo do Expresso que fazia uma resenha da situação actual dos seguros "... Os dois maiores operadores de mercado em Portugal são a MultiCare e a Médis. Na gama de produtos oferecidos pelo primeiro, do grupo CGD, os clientes podem subscrever o seguro de saúde até aos 60 anos e a companhia garante que beneficiam do plano de coberturas “até aos 70”. A MultiCare tem cerca de 550 mil pessoas seguras, sendo que os clientes com mais de 60 anos representam “cerca de 5% desse universo”. Ainda de acordo com a empresa, “o prémio anual do Seguro MultiCare para um cliente com 60 anos varia consoante o plano escolhido, entre 200 euros e 1400 euros anuais”.
A Médis, do Millennium BCP Fortis, tem 350 mil clientes, dos quais 5,7% têm mais de 64 anos. A companhia garante que, destes, 1500 segurados já ultrapassaram os 80 anos. O plano Médis para clientes individuais inclui cinco opções, três das quais com idade-limite de subscrição de 64 anos. As outras duas (Viva e Viva+) podem ser subscritas até aos 75 anos.
O prémio anual para pessoas com 60 anos varia entre 100 euros e 1300 euros, aproximadamente. Em Portugal, o número de pessoas com seguro de saúde ascende a 1,8 milhões, ou seja, 18% da população está coberta." Vale ainda a pena citar aqui um artigo da Direitos e Dinheiro de Fev. 2004 " Segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores, em 2002, eram já um milhão e 600 mil os portugueses que dispunham de um seguro de saúde (16% da população nacional).
Entre os principais problemas apontados, e que já se repetem há 10 anos, a DECO/PRO TESTE destaca a extensa lista de exclusões, a duração anual dos contratos e os períodos de carência, entre outros. Exclusões. Todas as apólices contêm uma extensa lista de situações que estão excluídas do seguro. A maioria é inaceitável, pois não depende da vontade do consumidor. É o caso das despesas com doenças psiquiátricas ou epidémicas de declaração obrigatória (tuberculose e hepatite, por exemplo), acidentes ou doenças motivados por calamidades naturais (inundações, sismos, etc.) ou guerra, hemodiálise, transplante de órgãos, sida e suas consequências, exames gerais ( check up ) e hérnias. Duração anual dos contratos. O facto de os seguros de saúde serem renovados anualmente faz com que, a qualquer altura, e a partir do momento em que o cliente começa a dar muita despesa (devido a uma doença prolongada, por exemplo), a seguradora possa pôr fim ao contrato. Estes seguros deveriam tornar-se vitalícios após três ou quatro anos de vigência do contrato. Assim, as seguradoras deixariam de poder rescindir unilateralmente os contratos, deixando os segurados de mãos a abanar. Mais: se contrair uma doença durante a vigência do seguro e esta só se manifestar depois de aquele terminar, a seguradora é obrigada a suportar as despesas durante um ano e até ao limite de capital seguro. Mas, para isso, o segurado tem de comunicar o facto até oito dias depois do fim do contrato, prazo que é muito curto. As seguradoras deveriam ser obrigadas a pagar sempre estas despesas, desde que ficasse provado que a doença tinha sido contraída durante a vigência do contrato. Períodos de carência. Salvo na cobertura de parto, não há razão para as seguradoras estabelecerem períodos de carência. Primeiro, porque os potenciais clientes têm de preencher um questionário médico rigoroso, e, na maioria dos casos, realizar exames que avaliam o seu estado de saúde antes da contratação. Depois, porque nenhum seguro paga as despesas com doenças pré-existentes. Na prática, as seguradoras não correm qualquer risco. Os únicos prejudicados são os consumidores, que pagam o prémio para um ano e estão protegidos durante um período muito inferior. Pré-autorizações. Em muitos seguros de assistência e mistos, os clientes têm de pedir uma autorização à companhia antes de realizar determinadas despesas médicas, como exames ou tratamentos. No caso de quem vai submeter-se a uma intervenção cirúrgica, esta medida até faz sentido, pois pode ficar a saber se a despesa está coberta ou se o capital é suficiente. O que não faz sentido é esta comunicação também ser exigida sempre que quiser consultar um ortopedista ou fazer uma ecografia. Tal reduz a autonomia do segurado e torna o processo mais demorado." na mesma revista a DECO faz a análise de alguns seguros " esta revista do consumidor fez uma selecção das apólices “menos más” para três pacotes de coberturas: internamento hospitalar, internamento hospitalar e assistência ambulatória, internamento hospitalar, assistência ambulatória e parto.
A melhor deste grupo é a apólice Help Executive, da Victoria. Para as coberturas principais, reembolsa a totalidade das despesas realizadas pelo segurado sem impor um limite, excepto para estomatologia, aros e lentes (até 5000 euros). Além disso, paga tratamentos que são excluídos das restantes apólices, como medicinas alternativas (por exemplo, acupunctura, homeopatia), tratamentos em termas ou fisioterapia. Infelizmente, é também demasiado cara para a esmagadora maioria dos portugueses: para subscrever este seguro, um casal na casa dos 35 anos, com dois filhos, teria de pagar anualmente cerca de 10 500 euros." Por isso meus caros, ou muito me engano ou o HL é mesmo para "os nossos ricos", que também têm direito, que raio num país com 11 milhões de cidadãos e com os 20% mais ricos com um rendimento 8 vezes superior aos mais pobres (EU 5 vezes mais) os "mais ricos" não podem ter um Hospital para eles. Não nos esqueçamos é dos outros dos outros 20% mais pobres, dos remedidados, dos 50% que não pagam IRS, dos idosos dentro em breve serão 20% da população, 28% dos idosos ficam abaixo desse limiar da pobreza (19% na UE). A taxa de pobreza persistente é também superior à média comunitária (15% contra 9% na UE) e neste capítulo os idosos portugueses são o dobro dos idosos europeus.
Avicena
A Médis, do Millennium BCP Fortis, tem 350 mil clientes, dos quais 5,7% têm mais de 64 anos. A companhia garante que, destes, 1500 segurados já ultrapassaram os 80 anos. O plano Médis para clientes individuais inclui cinco opções, três das quais com idade-limite de subscrição de 64 anos. As outras duas (Viva e Viva+) podem ser subscritas até aos 75 anos.
O prémio anual para pessoas com 60 anos varia entre 100 euros e 1300 euros, aproximadamente. Em Portugal, o número de pessoas com seguro de saúde ascende a 1,8 milhões, ou seja, 18% da população está coberta." Vale ainda a pena citar aqui um artigo da Direitos e Dinheiro de Fev. 2004 " Segundo dados da Associação Portuguesa de Seguradores, em 2002, eram já um milhão e 600 mil os portugueses que dispunham de um seguro de saúde (16% da população nacional).
Entre os principais problemas apontados, e que já se repetem há 10 anos, a DECO/PRO TESTE destaca a extensa lista de exclusões, a duração anual dos contratos e os períodos de carência, entre outros. Exclusões. Todas as apólices contêm uma extensa lista de situações que estão excluídas do seguro. A maioria é inaceitável, pois não depende da vontade do consumidor. É o caso das despesas com doenças psiquiátricas ou epidémicas de declaração obrigatória (tuberculose e hepatite, por exemplo), acidentes ou doenças motivados por calamidades naturais (inundações, sismos, etc.) ou guerra, hemodiálise, transplante de órgãos, sida e suas consequências, exames gerais ( check up ) e hérnias. Duração anual dos contratos. O facto de os seguros de saúde serem renovados anualmente faz com que, a qualquer altura, e a partir do momento em que o cliente começa a dar muita despesa (devido a uma doença prolongada, por exemplo), a seguradora possa pôr fim ao contrato. Estes seguros deveriam tornar-se vitalícios após três ou quatro anos de vigência do contrato. Assim, as seguradoras deixariam de poder rescindir unilateralmente os contratos, deixando os segurados de mãos a abanar. Mais: se contrair uma doença durante a vigência do seguro e esta só se manifestar depois de aquele terminar, a seguradora é obrigada a suportar as despesas durante um ano e até ao limite de capital seguro. Mas, para isso, o segurado tem de comunicar o facto até oito dias depois do fim do contrato, prazo que é muito curto. As seguradoras deveriam ser obrigadas a pagar sempre estas despesas, desde que ficasse provado que a doença tinha sido contraída durante a vigência do contrato. Períodos de carência. Salvo na cobertura de parto, não há razão para as seguradoras estabelecerem períodos de carência. Primeiro, porque os potenciais clientes têm de preencher um questionário médico rigoroso, e, na maioria dos casos, realizar exames que avaliam o seu estado de saúde antes da contratação. Depois, porque nenhum seguro paga as despesas com doenças pré-existentes. Na prática, as seguradoras não correm qualquer risco. Os únicos prejudicados são os consumidores, que pagam o prémio para um ano e estão protegidos durante um período muito inferior. Pré-autorizações. Em muitos seguros de assistência e mistos, os clientes têm de pedir uma autorização à companhia antes de realizar determinadas despesas médicas, como exames ou tratamentos. No caso de quem vai submeter-se a uma intervenção cirúrgica, esta medida até faz sentido, pois pode ficar a saber se a despesa está coberta ou se o capital é suficiente. O que não faz sentido é esta comunicação também ser exigida sempre que quiser consultar um ortopedista ou fazer uma ecografia. Tal reduz a autonomia do segurado e torna o processo mais demorado." na mesma revista a DECO faz a análise de alguns seguros " esta revista do consumidor fez uma selecção das apólices “menos más” para três pacotes de coberturas: internamento hospitalar, internamento hospitalar e assistência ambulatória, internamento hospitalar, assistência ambulatória e parto.
A melhor deste grupo é a apólice Help Executive, da Victoria. Para as coberturas principais, reembolsa a totalidade das despesas realizadas pelo segurado sem impor um limite, excepto para estomatologia, aros e lentes (até 5000 euros). Além disso, paga tratamentos que são excluídos das restantes apólices, como medicinas alternativas (por exemplo, acupunctura, homeopatia), tratamentos em termas ou fisioterapia. Infelizmente, é também demasiado cara para a esmagadora maioria dos portugueses: para subscrever este seguro, um casal na casa dos 35 anos, com dois filhos, teria de pagar anualmente cerca de 10 500 euros." Por isso meus caros, ou muito me engano ou o HL é mesmo para "os nossos ricos", que também têm direito, que raio num país com 11 milhões de cidadãos e com os 20% mais ricos com um rendimento 8 vezes superior aos mais pobres (EU 5 vezes mais) os "mais ricos" não podem ter um Hospital para eles. Não nos esqueçamos é dos outros dos outros 20% mais pobres, dos remedidados, dos 50% que não pagam IRS, dos idosos dentro em breve serão 20% da população, 28% dos idosos ficam abaixo desse limiar da pobreza (19% na UE). A taxa de pobreza persistente é também superior à média comunitária (15% contra 9% na UE) e neste capítulo os idosos portugueses são o dobro dos idosos europeus.
Avicena
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4 Comments:
(isto não é uma cópia do que se passa como Seguro Automóvel? Eu ia jurar que sim! Boa saúde para quem está saudável e precisa apenas de "reciclagens" (ou revisões:)). Bem, uma vez soube de um caso de uma sr.ª que fez um seguro. Não sabia que tinha diverticulite/diverticulose. Mas, entretanto, a vida é assim, esta a perece no seu esplendor e, tem que ser tratada. Quem paga? ... A seguradora não, porque "afinal" após a análise da história clínica, a dita sr.ª sofria da doença antes de fazer o seguro, só que... não o declarou:))
Sobre este assunto, chamo a atenção para o comentário da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), relativo à produção provisória de seguro directo em 2006.
"No caso do sub-ramo de doença, o crescimento voltou a acelerar com uma variação face a 2005 de 9,7%. É uma evolução que se enquadra bem numa tendência já com vários anos de existência, explicável pelas características especiais dos sistemas de saúde públicos, pela crescente preocupação da população com o acesso aos cuidados de saúde e pela versatilidade, abrangência e acessibilidade deste tipo de seguros."
Interessantes os seguintes eufemismos:
- "caracteristicas especiais" dos sistemas de saúde públicos;
- crescente "preocupação da população com o acesso" aos cuidados de saúde.
Um barómetro de mercado ou a motivação "oculta" dos grupos privados de saúde?
ou,
será necessário e oportuno, para além das iniquidades referidas no post, equacionar o fundo das questões e debruçar-nos sobre a "agenda de privatização", indubitavelmente, na ordem do dia?
O dito constrangimento dos profissionais médicos é muito bem explicado, pela simplicidade da lei da oferta e da procura, na entrevista de Miguel Leão ao CM: «é preciso haver prudência na formação de médicos, porque, como refere um estudo elaborado pelo professor Correia de Campos, actual ministro, a existência de médicos a mais faz aumentar os custos na Saúde».
Sou dos que pensam que os seguros de doença estão fundamentalmente "talhados" para os ricos pois, seguros de doença a sério, como se sabe, têm prémios avultados.
Existem, no entanto, algumas situações em que é possível obter uma boa cobertura, com prémios acessíveis. Refiro-me aos seguros de grupo/empresa onde se conseguem negociar bons "pacotes de seguros" muitas vezes se incluindo não apenas a cobertura de doença mas também a acidentes em serviços "vida".
Acontece então, e quase sempre, que são as grandes empresas (por vezes participadas por grupos financeiros/seguradoras) que oferecem esses seguros aos seus colaboradores (incluídos no sistema remuneratório) com direito a dedução em matéria fiscal. E de algum modo, somos nós (contribuintes) a contribuir para esses "privilégios"!
Enfim, e apenas como complemento ao muito que já foi dito: os seguros de doença são privilégios da classe média/alta e à medida que o sistema privado de saúde se desenvolve, é grande o risco (tentação do Estado) de empobrecimento do Sistema público de saúde reservado aos "pobres e remediados" estando os ricos apoiados pelos seguros.
Não sou contra os seguros e os serviços privados de saúde; sou contra a desresponsablização do Estado na prestação de cuidados de saúde com qualidade ao "nível do estado da arte" a todos os cidadãos.
A distinção em relação aos privados pode (deve) assentar nos serviços complementares (hotelaria, privacidade, etc.) e não na "qualidade e segurança" dos cuidados de saúde (strictu sensu").
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