terça-feira, abril 29

Faz de Conta


João Cordeiro, dando conta que há muito não se falava dele, decidiu dar uma extensa entrevista ao semanário expresso link
Com base no que ficou dito, elaborámos um pequeno texto, à boa maneira da ficção de cordel.
Nota: Apesar do excelente trabalho das jornalistas, onde estão as respostas de Fernando Costa Freire (FCF) ?

Quando faz bom tempo, João e Fernando bordejam à popa a marina oceânica no barco que compraram em sociedade. João percorre, olhos semicerrados, a linha de costa rasa que se estende a bombordo até ao guincho.
A seu lado, Fernando segura a roda do leme com firmeza. FCF foi sempre o Skipper da embarcação. Embora no regresso, quando se aproximam do molhe, deixe o amigo fazer de conta que é ele o homem do leme.
Entre os dois o "veuve clicquot" frio afundado entre esquirolas de gelo.
Fernando, deixa também que seja o amigo a lançar o tema de conversa: Investimentos da Polónia. Consiste em Angola. Consiste no IPO do Porto. Ou simplesmente, soltar a memória . Relembrar o grande feito, que foi o acordo entre a ANF e o Estado. Uma preciosa obra de relojoaria do Fernando, então secretário de Estado da Saúde de Leonor Beleza. Um acordo belíssimo para o Estado.
Só Satanás podia lembrar-se pôr termo a semelhante criação.
Felizmente, Sócrates soube mostrar carinho pelas farmácias. Castigando. Pondo na rua o autor de tamanha afronta.
Mesmo assim, não se considerava vingado. É que as coisas nunca mais voltariam a ser como dantes. A associação teve mesmo pesados prejuízos em 2007...
Restou-lhes a venda de medicamentos para o cancro e VIH. As análises clinicas. Tudo mimos do tio Sócrates e do seu 'Compromisso para a Saúde´. (...)
Caía o sol na barra do Tejo quando o barco dos dois amigos deu entrada na Marina de Cascais. Com João a fazer de Skipper.

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6 Comments:

Blogger e-pá! said...

CANTIGAS DE ESCÁRNIO...

Temos um interessantíssimo
cancioneiro medieval:

- cantigas de amigo,
- cantigas de amor
- e, como não podia deixar de ser:
CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER.

A entrevista de JC (ANF) ao último Expresso é, a versão pós-moderna dessa trova:

"Sócrates soube mostrar carinho pelas farmácias", mostra como uma sociedade (neste caso associação) -que não gosta que lhe chamem lobby [*]- consegue congregar tudo aquilo que de hipócrita a sociedade portuguesa sempre cultivou.
Isto é, secretos vícios e públicas virtudes.
Porque é que uma fórmula tão antiga permanece viva e actual, nomeadamente, no meio económico e financeiro.
Porque se foi adaptando aos novos tempos. Começou pela extrama descrição da banca suiça (acima de qualquer suspeita) e já navega nas offshores que infestam o Mundo (um quarto da riqueza do Mundo está aí).

A sua pujança deve-se à incompetência dos Governos que tivemos nos últimos 30 anos.
O próprio AC o diz:
"Estou, sim, de acordo que associação hoje é forte porque foi cimentada nas dificuldades do passado, muitas delas relacionadas com os atrasos nos pagamentos do Estado às farmácias."
Hoje teriam sido lançadas PPP's...

[*] - multinacional dá mais estatuto...


De qualquer modo, queria endereçar uma cantiga de escárnio e mal dizer, para ajudar nas horas vagas de CC (que queira ou não queira vai ter):

"Roi Queimado morreu con amor
en seus cantares, par Sancta Maria,
por Da dona que gran ben queria:
e, por se meter por mais trobador,
porque lhe ela non quis ben fazer,
feze-s'el en seus cantares morrer,
mais resurgiu depois ao tercer dia!

Esto fez el por üa sa senhor
que quer gran ben, e mais vos en diria:
por que cuida que faz i maestria,
enos cantares que faz, á sabor
de morrer i e des i d'ar viver;
esto faz el que x'o pode fazer,
mais outr'omem per ren' nono faria.

E non á já de sa morte pavor,
senon sa morte mais la temeria,
mais sabe ben, per sa sabedoria,
que viverá, des quando morto for,
e faz-[s'] en seu cantar morte prender,
des i ar vive: vedes que poder
que lhi Deus deu, mais que non cuidaria.

E, se mi Deus a mim desse poder
qual oj'el á, pois morrer, de viver,
já mais morte nunca temeria."

Pero Garcia Burgalês, CV 988, CBN 1380

12:03 da tarde  
Blogger Pela livre abertura de farmácias said...

I can confirm that we issued a letter of formal notice to the Portuguese authorities, (the first step of an infringement procedure) in January this year. A reply from the Portuguese government has been received (10.04.2008). The reply is currently under examination by the Commission services. At this moment in time, no decision has been reached, one way or the other, about any possible future action. There is no further comment on this matter for the time being.


Catherine Bunyan
European Commission
DG Communication
Press Officer Enterprise and Industry: Internal Market and Services
Berl. 3/295 - ( tel. 02-299.65.12 - mobile - 04989 96512 - Ê fax 02-295.14.13

2:12 da tarde  
Blogger Navegador said...

Princípios de navegação... Se a linha de costa é rasa e o barco sai de Lisboa, então essa mesma costa não está a bombordo mas provavelmente a estibordo... Certo?

4:28 da tarde  
Blogger xavier said...

Certo, se os dois amigos se fizessem ao mar.
Mas, nada de aventuras...
Que neste negócio da navegação de recreio não há comparticipação do Estado.

Refere o texto vento de popa.
Os nossos amigos limitam-se a subir o Tejo a partir de Cascais até Vila Franca.
Sentado à popa, João beberica o seu champanhe, enquanto lança o olhar à ré. Para as bandas do Guincho.
Bombordo, à esquerda, do lado da costa rasa. Certo?

5:45 da tarde  
Blogger ochoa said...

Não se trata de uma história de navegação.
É, antes, a história de um dos maiores lobis da nossa sociedade.

Protagonistas: um ex secretário de estado da saúde de um governo do bloco central e um dirigente associativo que acumulou uma fortuna imensa. Á custa, ele próprio o refere, da azelhice do Estado.
Estes dois protagonistas eram conhecidos em jovens e hoje são sócios e amigos.
Pelo meio ficou o célebre acordo que fez da ANF uma instituição a cobrar 1,5 por cento sobre as transações finançeiras efectuadas aos seus associados. Um verdadeiro negócio da china. Só ao alcance de um lobi privilegiado.
Mais uma história a juntar a tantas outras das terras piratas de Cascais.

6:02 da tarde  
Blogger Tá visto said...

"A culpa do poder da ANF é da incompetência do Estado na gestão dos seus interesses".
Cristalino como a água. Neste, como noutros casos, tudo começou por aí. É só estar atento e ter bons apoios na máquina do Estado para que um frutuoso negócio vingue.
Quantas garrafas de "veuve cliquot" já não terão sido abertas por estes dois amigos para selarem interesses comuns?

Esta coincidência de não haver coincidência nenhuma entre a longínqua amizade de João Cordeiro /Costa Freira e tudo o resto que sabemos, fez-me recordar aquela outra feliz coincidência ocorrida numa paróquia lá para os lado de Coimbra, em que o pároco justificava aos paroquianos os caprichos de um sorteio então realizado: Quis Deus que o carro me saísse a mim, a bicicleta ao Sacristão e a televisão à minha irmã.
É preciso é fé meus amigos, o resto é inveja e má-língua.

6:44 da tarde  

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