Pedro Nunes, fugiu ou não fugiu?
art work, JMF
«Há, pelo menos, duas maneiras de perverter ou desdourar a legitimidade democrática conquistada nas urnas em eleições livres. Uma consiste em exercer o mandato ao completo arrepio do manifesto eleitoral; outra em o não levar até ao fim, por cobardia ou alegada imposição ética. Ambas as formas traem, a primeira mais do que a segunda, evidentemente, a confiança que os cidadãos depositaram nos eleitos, a quem conferiram precisa obrigação, balizada nos termos e no tempo. Seja qual for o âmbito da consulta, desde a mais ampla e amplificada, à mais circunscrita e ignorada, ela encerra, pela sua índole, uma qualidade imprescritível, solene e soberana: representa uma aliança entre quem escolhe e quem é escolhido, assente na boa-fé.
O dr. Pedro Nunes, que continua investido, até à proclamação do novo bastonário da Ordem dos Médicos, no mandato legítimo de governar a casa que lhe foi confiada (será necessário lembrá-lo?), retirou-se intempestivamente, por se sentir diminuído nos seus poderes, após a inconclusiva eleição da semana passada; acredito, porém, que só ele conheceu essa sensação. Fora eu médico, e a retirada do meu bastonário, por um pretenso imperativo do dever que esconde um excessivo, acaso humano, incómodo, doer-me-ia como doem as alianças quebradas. O dr. Pedro Nunes quebrou uma aliança com dois universos: o dos seus eleitores, e o daqueles que, não o tendo eleito, o reconheceram, democraticamente, como presidente da Ordem dos Médicos. Não sei qual das quebras será mais grave. »
TM 1.º caderno 24.12.07
TM 1.º caderno 24.12.07
«No passado dia 20, Pedro Nunes convocou uma conferência de Imprensa para explicar por que razão decidiu delegar as funções de bastonário em José Manuel Silva. Questões de natureza ética estão na origem da decisão que tanta polémica gerou, mas que foi muito elogiada pelos dirigentes do Sul e do Centro. Acompanhado por Isabel Caixeiro e João de Deus, do Conselho Regional do Sul (CRS), e por José Manuel Silva e Fernando Gomes, do Conselho Regional do Centro, Pedro Nunes optou por uma postura humilde e um tom quase intimista para tentar explicar aos jornalistas o porquê de ter decidido deixar de exercer as funções de bastonário. O candidato garante que não abandonou a Ordem dos Médicos (OM), que a instituição continua a «funcionar normalmente», e classifica a sua atitude de «normal, simples e pacífica». «Ninguém fugiu nem ninguém se demitiu», assegurou. Em sua opinião, a polémica gerada apenas resulta da «enorme confusão propositadamente gerada nos órgãos de Comunicação Social» pelo seu adversário, Miguel Leão. «Não tenho palavras para qualificar a ética do meu adversário, que tentou aproveitar esta situação. No limite, isto é quase uma difamação e um ataque ao carácter», disse. Pedro Nunes fez ainda questão de salientar o enquadramento excepcional da situação, uma vez que é a primeira vez que há uma segunda volta nas eleições da OM. Depois, alegou que se não tivesse tomado esta atitude poderia colocar a Ordem numa situação de «fragilidade», ao dar ao ministro da Saúde oportunidade para dizer que o bastonário da OM não tinha legitimidade para representar os médicos. O dirigente espera, aliás, que no futuro outros responsáveis na mesma situação procedam desta forma, até porque nesta fase já há um Conselho Nacional Executivo (CNE) eleito. «Esta auto-exclusão da ribalta da Comunicação Social é uma atitude ética normal e se for reeleito bastonário esta é uma das questões que quero que fique clara na próxima revisão do regulamento eleitoral», acrescentou. Pedro Nunes rejeita também as dúvidas legais levantadas por Miguel Leão e pelo Conselho Regional do Norte e justifica a circunstância de não ter auscultado o CNE, como prevêem os estatutos, com o facto de tal não ser temporalmente compatível com a data da segunda volta. »
TM, 1.º caderno 24.12.07
Politicamente, um erro fatal.
Etiquetas: OM
2 Comments:
Agora Inês é morta!
Adenda:
E não há Pedro que lhe valha!
Fugiu sim senhor.
Contra a lei, como muito bem demonstrou Vital Moreira - o jurista, não o anti-médicos; contra os médicos, deixando na Ordem um médico carregado de dislipidémia, contra as normas internas dos médicos, porque nem sequer convocou o Conselho Nacional Executivo.
Só um golpe de propaganda. Os médicos vão mostrar que não gostam de golpes e o Interino, há 3 anos apoiante de Boquinhas vai comprar uma casaca nova.
Esta já foi virada demasiadas vezes.
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