terça-feira, fevereiro 19

Gestão Privada


Maria do Céu Machado, Alta Comissária para a Saúde, deu uma extensa entrevista à GH. Digno de nota os amores confessos pela gestão privada. Crescentes entre altos responsáveis do nosso sistema público de saúde. É por isso que eu gosto, cada vez mais, do Francisco George (!!!).

GH Como vê o modelo de gestão dos hospitais EPE?
MCM – A resposta tem de ser dada à luz do meu percurso profissional que passa pelos Hospitais Civis de Lisboa e pela Maternidade Alfredo da Costa, e aqui já como chefe de serviço, portanto, com funções de gestão. Depois trabalhei 11 anos no Hospital Amadora-Sintra, que é uma unidade hospitalar pública de gestão privada – a primeira e única, por enquanto – como directora da Pediatria e um ano como directora clínica. Nunca trabalhei com funções de gestão num hospital EPE.
Sou uma grande defensora da gestão privada, do hospital público com gestão privada. Porque percebi rapidamente que as vantagens são inúmeras. O envolvimento entre directores de serviço e gestores hospitalares é enorme.
Nas reuniões que tenho tido, nas conversas com os colegas e pelo que se tem escrito, acho que os EPE são um sistema intermédio entre hospital público de gestão privada e hospital público de gestão pública que, obviamente, precisa de afinações. Mas que é essencial, porque os gastos que havia nos hospitais – e nos centros de saúde também – eram escusados, havia dinheiro mal gasto.
Os progressos na Medicina são de tal forma que estão sempre a aparecer equipamentos e medicamentos novos, que são caros, mas que salvam vidas. E se nós queremos ter a certeza que é possível tratar os doentes com esses equipamentos e medicamentos não poderá haver gastos desnecessários.

GH E o modelo EPE não facilita isso?
MCM – Acho que facilita mais que o modelo anterior. Mas acho que a gestão privada ainda facilita mais. Considero que devia haver mais hospitais com o modelo de gestão do Amadora-Sintra.
Mas esta gestão também precisa de ser burilada. Houve imensos problemas na fase inicial, porque houve alguns problemas de comunicação entre entidades.
No caso do Amadora-Sintra, é pago à entidade gestora um valor para a prestação de cuidados relativo a um número de habitantes, a que acrescem pagamentos extra conforme o número de doentes a mais que se vêem.
O problema que se colocou foi que a população da zona cresceu de tal maneira para além dos números previstos, que os quantitativos atingidos pelos pagamentos extra foram uma loucura. O Ministério da Saúde achava que havia 400 mil habitantes e foi confrontado com 600 mil.

GH Acha que o relacionamento entre gestores e profissionais de saúde é prejudicado pela gestão pública e facilitado pela gestão privada?
MCM – Não, acho que é uma questão de mentalidade. Quando alguém é convidado para director de serviço de um hospital com gestão deste género fica logo mentalizado que a gestão vai ser completamente diferente.
Os gestores têm uma frase – que eu não gosto nada! – que é ‘os médicos têm de despir a bata’.
Eu digo ao contrário, digo que os gestores têm de vestir a bata para perceberem o lado dos médicos, dos enfermeiros e dos doentes. Ou seja, provavelmente não há nada pior que um médico que não tenha formação em gestão.
Acho que num hospital ninguém devia ser chefe de serviço – nem sequer director – sem ter uma formação em gestão hospitalar. E ninguém formado em gestão devia ser administrador hospitalar sem ter alguma formação em Saúde e sem ter sensibilidade para a Saúde.
No Amadora-Sintra ninguém me disse que não podia comprar um aparelho porque era caro, desde que eu justificasse a sua utilidade. Agora o hospital funciona das 8h da manhã às 8h da noite, não funciona só até à uma da tarde…

GH Esse é um das grandes vícios da Saúde?
MCM – Acho que também já se alterou e, neste momento, os hospitais já têm consultas até ao fim da tarde e o bloco operatório… neste caso aponta-se muito a culpa ao médico. Os blocos só funcionam de manhã porque o cirurgião só está lá de manhã. Mas mesmo que o cirurgião queira estar à tarde não é suficiente, se não houver anestesista, enfermeira instrumentista…

Alvos:
Manuel Delgado – Experiente em gestão hospitalar, mas gostava de o ver mais do lado da gestão privada.
Francisco George – Um grande amigo da adolescência e um bom director-geral da Saúde .
Entrevista de Marina Caldas

1 Comments:

Blogger naoseiquenome usar said...

Como?
Francisco George é um bom DGS?...
Não soubera que o autor pertence á área da Saúde e diria que goza e glosa o tema, aturdindo os leitores.

Um DGS incapaz de dar resposta às suas atribuiçõe e competências?
Um DGS que se desresponsabiliza sistematicamente?
Um DGS que ameaça demitir-se por tonterias e vai ficando, ficando, ficando.... aiiiiiiiiiiii.

10:47 da tarde  

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