E agora?
foto JMF
Vão repetir a fórmula?
Parafraseando (e adaptando) a histórica frase do General Clemenceau, a Missão é uma coisa demasiado séria para ser deixada aos missionários. Que é como quem diz, a reforma dos cuidados de saúde primários é algo demasiado importante para ser deixada a cargo dos médicos de família. Constituir uma Missão com base numa suposta "elite" dos médicos de familia só podia dar nisto - as "elites" em Portugal, já dizia o Eça, são pouco recomendáveis. Mas quem é que está verdadeiramente surpreendido com este resultado? Acaso os Centros de Saúde e as Sub-Regiões não foram liderados nos últimos quase 30 anos por médicos de família? E quais foram os resultados?
Porreiro, pá!
Etiquetas: CSP
11 Comments:
Quando quiserem fazer uma reforma a sério dos CSP, têm de consultar todos os profissionais.
Que me desculpem os médicos mas a maioria dos países em que os CSP funcionam melhor são precisamente aqueles em que a sua presença é menos notória. Simplesmente porque não são os profissionais mais habilitados para o objectivo dos CSP: prevenir
Mas a culpa pode ser atribuída,não a eles, mas aos cérebros das mudanças e reformas.
Porque não estão os incentivos devidamente equiparados nas USF?
Porque não se dá mais enfoque (financeiramente) às atitudes de prevenção e seus resultados? Em vez de apostar na ideia obsoleta à partida, de achar que é cobrindo toda a população com médico de família que vamos reduzir reduzir os gastos com a Saúde no futuro.
E AGORA?
- BATE-CHAPAS E TINTA ROBIALAC...
Para além das questões de princípio
sobre a reconfiguração dos CS, que há cerca de 3 anos vem passando - entre outras alterações menos importabtes ou menos visíveis - pelas USF's, e mais recentemente pelas ACES (não esquecer!), que múltiplos pareceres e testemunhos de escribas e opinadores têm, no Saudesa, louvado, saudado e citado a reconfiguração dos CPS.
É difícil compreender agora como se condenam os MGF pela tentativa de organização autónoma em unidades funcionais , auto-reguladas.
É tão surpreendente este facto como Há um dia leio um catilinárias contra as USF's no SIM.
Lembra a estratégia do lince, o estar quieto, emboscado, na esquina à espera da oportunidade dar a cacetada pelas costas.
Estas situações que se vinham agravando desde o aparecimento à luz do dia do "manifesto contra a partidarização das ACES", fazem-nos lembrar cenas históricas do movimento operário - as célebres disputas entre Marx e Bakunine. Como todos sabemos o resultado desta contenda resultou na expulsão de Bakunine Associação Internacional de Trabalhadores.
Por incrível coincidência já, nesta data, a discussão se centrava entre operários e elites do operariado.
Como é histórico Marx vence esta disputa ideológica, eclipsando da política Bakunine.
Todavia, o futuro veio dar ao derrotado Bakunine razão. Isto é, cometeu o pecado capital da prática política: ter razão antes do tempo!
Todavia, é a doutrina de Bakunine que vai influenciar movimentos alternativos após os anos 60, os grupos ambientalistas, que utilizam a tática de acção direta, descrita em toda sua obra. Finalmente, e porque de certo modo tem a ver com o que se passa actualmente, Bakunine, muitos anos depois da sua derrota, da sua "sublevação", carrega ainda às costas o germen da organização do trabalho por auto-gestão (algo que se certo modo se assemelha às USF's)...
Mas deixemos a História em sossego...
Usámo-la para demonstrar que como na Associação Internacional de Trabalhadores, Marx venceu Bakunine.
Mas a História não pode ser usada a torto e a direito, fora de qualquer contexto.
Não podemos evocar a frase de Clemanceau sugerindo que a Missão dos CSP é uma coisa demasiado séria para ser deixada aos missionários (médicos de MGF).
Porque, podendo ser verdadeira, como sabemos, a frase referia-se à opinião de que as guerras seriam demasiado importantes para a sua decisão ser entregue aos militares.
Hoje, pode utilizar-se um aforismo idêntico, mais amplo.
As reformas, as mudanças, são demasiado importantes para serem entregues aos tecnocratas ("economicistas", incluídos), ... aos profissionais.
Elas as guerrras , como as Reformas, são cada vez mais controladas pelas forças políticas (essencialmente partidárias, mas também outras organizações que intervêm na sociedade civil).
Essa era uma das lições que o exercício ministerial de CC devia ter ensinado aos trabalhadores da Saúde.
Mas foi nesse mesmo erro que a MCSP caíu.
Partiu com a mesma filosofia CC mas chegou um dia a altura em que a política, para além das experiências auto-gestionárias, tinha de entrar.
Foi na altura das ACES.
E aí começamos a cometer os mesmos erros de CC. Avançar, sem cobertura política, de peito aberto... valorizando a capacidade técnica e organizativa, sob, uma capa reformista que julgam indestrutível.
Aí, os politicos (esses sim!)lembraram-se do aforismo do general Clemanceau...
Os memmbros da Missão, tentam mudar o curso aos acontecimentos, tentam repensar e, entram na senda de pôr tudo à discussão, fundamentalmente 2 pilares da reforma. A viabilidade das USF's e o futuro da Reforma dos CSP ( nem sequer a sua reconfiguração "à minima")
A permanência de Luís Pisco à frente da MCSP, seria um dos temas em discussão.
Como todos sabemos LP venceu esta primeira batalha.
E já que estamos no uso de aforismos militares seria interessante perguntar se terá vencido a guerra?
O meu receio - e não tem nada a ver com sentimentos de culpa em relação às mudanças no MS - é que a Reforma dos CSP não tenha, neste momento, pernas para andar... apesar da sua inevitabilidade.(mesmo atirando-lhe muito dinheiro para cima).
As oportunidades históricas são sempre escassas. E ficam poucos para lamentá-las...
E como não poderia deixar de ser, termino com um aforismo que pode ser aplicado neste caso, qualquer que seja a sua posição do leitor:
" Nunca confie em alguém que fale bem de todos"...
John Collins, "Aphorisms".
Ao fim de algumas (poucas) semanas, o engenheiro Pedroso de Lima , foi substituído no projecto do novo Hospital de Cascais PPP pelo dr. Manuel Boquinhas.
Tudo Bem...
Sabe-se agora que a razão desta saída inesperada teve a ver com a decisão do eng.ºPL em tirar um mestrado numa área que muito aprecia: O golfe.
Artigo 1º- Criação
1 — A Universidade do Algarve, através da Faculdade de Engenharia de Recursos Naturais, da Faculdade de Economia e da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo confere o grau de mestre em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe e ministra o ciclo de estudos a ele conducente.
2 — O grau de mestre em Gestão e Manutenção de Campos de Golfe, é conferido nas seguintes áreas de especialização: Gestão; Manutenção.
Artigo 2º - Objectivos do curso
O curso de mestrado em Gestão e Manutenção de Campos de
Golfe pretende proporcionar à sociedade civil profissionais habilitados, científica e tecnicamente, na gestão e na manutenção de campos de golfe. link
Diário da República, 2.ª série — N.º 51 — 12 de Março de 2008
La ficamos com um Mestre do Taco
(acessório de jogo ou em €€€'s?)
Pode bem dizer-se que os mais recentes dias vividos pela Missão para os Cuidados de Saúde Primários (MCSP) têm sido de agitação. Que começou com a apresentação da demissão de Luís Pisco, prosseguiu com Ana Jorge
a garantir-lhe a confiança política e terminou com a demissão de 10 membros da equipa.
«Havia desde há uns tempos uma divergência profunda em relação à capacidade da Missão para cumprir os desígnios da resolução do Conselho de Ministros, nomeadamente em relação à reconfiguração dos centros de saúde e à implementação dos agrupamentos.» Esta foi a explicação de João Rodrigues para a demissão de oito dos 12 membros da equipa nacional da Missão para os Cuidados de Saúde Primários, que saíram acompanhados pelos responsáveis de duas equipas regionais de apoio (ERA).
Para além de João Rodrigues, apresentaram a demissão António Rodrigues, Carlos Nunes, Cristina Correia, Horácio Covita, João Nunes Rodrigues, José Luís Nunes, Maria do Carmo Ferreira e Maria Branco da Silva, e também saíram o coordenador da ERA do Norte, Henrique Botelho, e o responsável da ERA do Centro, António Jorge Barroso.
Em declarações ao «Tempo Medicina», João Rodrigues explicou que as «questões de fundo» para a saída dos dirigentes estão relacionadas com o que o grupo considera «o não cumprimento» da resolução do Conselho de Ministros n.º 60/2007, que renovou o mandato da MCSP por mais dois anos. «Não têm nada a ver com as nomeações dos Aces», assegurou.
Segundo contou o médico, o documento emanado pela tutela dava à Missão a incumbência de «liderar» o processo de reconfiguração dos centros de saúde e a criação dos novos agrupamentos. Todavia, na opinião do grupo demissionário, até à data «só foi cumprida uma pequena parte» dessas tarefas, com a publicação, no Diário da República de 22 de Fevereiro deste ano, do decreto-lei dos Aces.
Para trás ficaram outras incumbências «muito mais importantes», tais como a elaboração da carta de missão dos futuros directores executivos, publicitar os critérios para a nomeação dos futuros dirigentes dos Aces e as tarefas do futuro conselho clínico, especificar como se fará a extinção das sub-regiões de Saúde, que tipo de unidade de apoio à gestão terão os agrupamentos e quais serão os indicadores para acompanhar a execução das futuras estruturas.
Na versão do médico demissionário, estes documentos «têm de ser feitos pela Missão», tal como aconteceu com a documentação relativa às unidades de saúde familiar, mas até agora nada está feito e Luís Pisco «recusava» empreender este trabalho. «Esperemos que estas demissões tenham alertado o poder político e o coordenador da Missão para a obrigatoriedade de fazer estas tarefas», desabafou João Rodrigues.
O desconforto relativamente a esta situação já era sentido na equipa desde Outubro passado e João Rodrigues revelou ao «TM» que, nessa altura, já tinha apresentado a sua demissão, mas foi-lhe pedido que permanecesse até ser concluído o processo referente ao modelo B.
Novas nomeações prontas
Contactado pelo nosso Jornal, Luís Pisco confirmou o essencial das notícias publicadas na semana passada na Imprensa generalista. Recorde-se que, logo na segunda-feira, veio a público o pedido de demissão do coordenador da MCSP, por considerar que não tinha condições para levar para a frente a tarefa de reconfiguração dos centros de saúde. Luís Pisco assegurou ao «TM» estar garantida a continuidade da reforma dos CSP.
O coordenador garantiu ainda que já tinha a nova equipa definida, embora preferisse não adiantar nomes, e que iria entregar essa lista à ministra da Saúde na passada sexta-feira, dia 18.
O nosso Jornal conseguiu chegar à fala com Armando Brito de Sá, que a par de João Moura Reis e José Miguel Fragoeiro — assim como os responsáveis das ERA de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve — não assinaram o pedido colectivo de demissão. O médico desconhecia se havia mais demissões e declarou que mantinha «total lealdade para com o projecto» e «solidariedade» para com o coordenador, e lembrou que o lugar que ocupa está sempre «à disposição do responsável da MCSP se este entender que deve ser ocupado por outra pessoa».
TM21.04.08
Penso que os Missionários médicos (indecorosamente apelidados de "insurrectos" pelo Jornal Médico de Família...aliás o mesmo que ainda há uns meses atrás os endeusava...) quer queiram quer não ligados à FNAM (inclusive com cargos dirigentes...e não adianta estarem aqui a tentar levar a cabo "branqueamentos" pois a estratégia foi por essa estrutura se não delineada pelo menos sancionada) se aperceberam que o caminho que estava a ser seguido era o de uma fatídica colagem ao poder. Fatídica também porque o tom de crítica e de perda de confiança de quem acreditou em promessas bem intencionadas grassa. Tentaram inverter a situação...tê-lo-ão feito de maneira correcta, quebrando de modo porventura desleal o vínculo com quem os convidou. Mas não será de perguntar se alguém com responsabilidades políticas os tentou utilizar como arma de arremesso? E ostenta agora uma aura de santidade e inocência? Mas os tais "insurrectos" pelo menos deram a cara.
A não ser que tenhamos vivido uma interminável farsa durante anos, uma nova equipa novamente liderada por Luís Pisco, vai com certeza concitar insolúvesis problemas a curto prazo...
De facto as propriedades de um sistema, as suas virtudes ou os seus erros, não podem ser explicadas apenas pela soma de suas
componentes.
É a percepção de que teorias, significados, objectos e fenómenos têm propriedades como um todo e não são explicáveis a partir das propriedades de suas partes.
É ao fim e ao cabo o conceito holístico que há algum tempo foi referido neste blogue.
É também o que significa esta fractura na MCSP.
Provavelmente, um grave comprometimento da reforma dos CSP...
Lamenta-se a cisão verificada na Missão para os Cuidados de Saúde Primários, pois pode comprometer em definitivo a reforma da Medicina Familiar preservando a sua matriz de Serviço Público. Num grupo de trabalho com características tão díspares, sujeito a inevitáveis pressões internas e externas, havia absoluta necessidade de pôr de parte idiossincrasias e fortalecer relações de confiança entre os diversos elementos do grupo. Até um determinado momento assim pareceu suceder, raramente transparecendo para o exterior naturais diferenças de opinião. Luís Pisco era líder de uma equipa que dava mostras de ser coesa, determinada a levar a reforma até às últimas consequências, não parecendo vacilar mesmo quando Correia de Campos esteve sujeito à contestação de rua que culminou na sua demissão recente.
Parecia pois que a Missão e o programa por si delineado para a reconfiguração dos Cuidados Primários, pela importância de que se revestia, era imune a pressões externas mostrando-se capaz de prosseguir a actividade sem sobressaltos, desde que assegurada a confiança política de quem liderasse o Ministério.
Pelo que se vai conhecendo das notícias publicadas, Ana Jorge não parece ter responsabilidade directa no cisma verificado. As divergências terão ocorrido dentro do grupo com reiterado pedido de demissão de Luís Pisco. Porque as posições se mostraram inconciliáveis, a Ministra terá optado por manter o Presidente aceitando a demissão dos oito elementos divergentes. Havia que optar e foi isso que fez Ana Jorge. Se decidiu ou não da melhor forma, só conhecendo-se em pormenor o que estava em causa e, o futuro o dirá, se assim não comprometeu a continuidade da reforma com as características de Serviço Público.
O que levou à diáspora? As informações que vão chegando, por diversas, não permitem para já concluir o que verdadeiramente estava em causa. Luís Pisco recusa-se a entrar em explicações, da boca dos dissidentes também pouco se tem ouvido. Tendo em conta a responsabilidade que assume a sua decisão, impõe-se que estes elementos expliquem ao País o que os levou a colocar os seus lugares à disposição da Ministra.
Pediram-se para colocar este comentário:
Exmo Senhor
O facto de o seu Blog (do qual sou um leitor assíduo e permitindo-me aliás e desde já felicitá-lo) não permitir comentários anónimos leva-me a contactá-lo e a solicitar-lhe que, e se assim o entender, publique um reparo ao que é escrito ( assinalado a azul )num post intitulado E Agora? pelo comentador e-pá acerca do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
Uma leitura mais atenta das posições públicas e oficiais do SIM, reproduzidas no seu site (www.simedicos.pt), em jornais médicos e da comunicação social, permitiria dizer perante a presente crise na MCSP algo do género "nós bem avisamos...".
Fizemo-lo e inclusive de viva voz ao Sr. Dr. Luis Pisco. Os seus dirigentes, e nomeadamente o Secretário Geral do SIM, o Dr. Carlos Arroz e eu próprio, fomos inclusive caricaturados e apodados de Manos Dalton no orgão oficial da APMCG, o dito jornal Médico de Família. Fomos acusados pelo Dr. luis Pisco de sofremos do síndrome de indignação precoce, etc, etc
Ou seja o SIM tem feito tudo menos estar quieto. Tudo menos estar emboscado. E tudo, mas tudo, menos dar cacetadas pelas costas. Quando as damos fazêmo- lo de frente e de olhos nos olhos.
Com os melhores cumprimentos
Jorge Silva
Secretariado Nacional do SIM
A Pesada herança de CC
A expressão da foto da senhora minitra diz tudo:
"que hei-de fazer a estes emplastros?..."
Uma derrocada como há muito não acontecia. O MS tem de procurar outro projecto modelo para promover. Este deu nisto. Esta malta pensou que a pandega não tinha limites. É o que faz dar crédito antes de merecê-lo e apresentar resultados.
Luís Pisco não tem condições para continuar. É preciso baralhar e dar de novo. Escolher técnicos fora deste circulo.
Um triste acontecimento para CC relatar no livro que anda a escrever.
Algo assim como: os países que melhores orquestas têm, promovem que o maestro seja alguém fora da área musical :-)
A questão é, quando adoecer, prefere ser tratado por uma equipa liderada por _______ (gestor, político, acessor, perito em estatística, etc)? ;-)
Todos os saberes e perspectivas são úteis e necessários, mas quando se trata de *operacionalizar* a prestação de cuidados, o que é que cada um de nós deseja (para si próprio e para os que lhe são valiosos)?
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