domingo, abril 13

Luís Pisco


apresentou pedido de demissão à ministra da Saúde, Ana Jorge, na passada terça-feira (08.04.08). link
LP recusa revelar os motivos desta decisão . Tratar-se-à de reacção às manobras das "prima donas", quanto à liderança do projecto? Ou dificuldade em fazer face à revelada partidarização das ACES ? link

Sobre esta matéria escrevia aqui há dias o Avicena:
«Para mim a questão é muito simples, as circunstâncias fizeram com que os Centros de Saúde não disponham de autonomia para além da administrativa, portanto tiveram que "ficar" pendurados nas ARS Institutos Públicos, portanto os últimos e os primeiros responsáveis por aquilo que acontecer nos ACES são os CD das ARS. Por muito que lhe custe as USF's resultam do programa eleitoral do Partido Socialista, o tal neoliberal, que foi construído com a colaboração de muitos, incluindo actuais dirigentes de ARS's, e Missionários, criadas num processo exemplar de governação legitimamente reconhecido por dirigentes como o Presidente da Wonca, num processo dinâmico em que todos ganham mesmo quando alguns perdem alguma coisa. O processo é ainda mais relevante por ter crescido no tal ambiente de falta de transparência tantas vezes citado desde que foi dado a conhecer num relatório da Primavera da OPSS. Para mim são perfeitamente compreensíveis as preocupações "preventivas" dos subscritores das USF's preocupados com a possível partidarização dos ACES, faz parte da lógica da acção colectiva, eu estaria mais preocupado com os blocos de interesses que ao longo de anos de se têm enquistado nas sub-regiões e direcções de centros de saúde (estive para escrever bloco central de interesses, mas alguns vão bem até à esquerda)e que agora se estão a posicionar para os ACES. Quem conhece o processo bem de perto, sabe que a esmagadora dos dirigentes das ARS's têm tido um comportamento exemplar e uma relação muto próxima da Missão e nada faz suspeitar que será agora que "roerão a corda" ou que cederão as "malvadas das concelhias e das distritais". Portanto a minha crítica vai sobretudo para os que se querem fazer passar por "puristas" e escondem o seu protagonismo enquanto actores do processo. Não vejo a vida a preto e branco, as coisas são como são, conheço muitos protagonistas mais ou menos mediáticos que exercem a sua profissão, uns médicos outros não, conheço JLB há muitos, muitos anos, conheço as suas competências e capacidades e por isso mesmo é que acho que não lhe fica bem o papel de andar por aí a "dar gritos de alerta", porque ainda por cima não cola à sua personalidade. Caro É-Pá não foi eu que andei ocupado com outros assuntos, foi você que andou distraído ou então mal informado, pois a afirmação de que "Todos sabemos que o Ministro(CC) goza de grande capacidade de manobra junto das distritais ou concelhias", só pode revelar desconhecimento ou desinformação. CC, com a sua conhecida teimosia e feitio brigão, resistiu em compreender a necessidade de dialogar com os dirigentes regionais. Durante muito tempo decidiu e aconselhou a decidir sem ouvir o partido, apoiado que estava no PM e nas suas convicções republicanas. Foi zurzido desde bem cedo nas C. Políticas, no Conselho Nacional e na AR por muitos, pelos tais do aparelho e também pelos outros que se arvoram em consciência crítica de esquerda, e da boca para fora falam sempre na defesa do SNS (mesmo que não percebam o que está a acontecer, ou que a gente nunca os visse a defender a reforma dos CS, a criação da rede de cuidados continuados, o novo programa de saúde oral ou qualquer coisa que se assemelhe a alguma coisa que esteja em marcha em defesa do SNS). »
Avicena

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7 Comments:

Blogger xavier said...

Corrigi o post.
Efectivamente nenhum dos assessores da MCSP acompanhou o pedido isolado de demissão do Dr. Luís Pisco à Ministra da Saúde.

11:08 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A correcção do Xavier, como é óbvio, altera cabalmente a dimensão e os efeitos do acontecimento.
Pode transformar um dilacerante tufão num tremor de terra escala 3 ou 4...

Numa versão assim tão "soft" - apesar de serem do conhecimento público as graves dissenções no interior da UMCPS em Dezembro passado - tudo isto poderá ser uma forma de pressão contra a demora de passagem das USF A a B e tentar um forcing.

Não penso que esta atitude tenha alguma coisa a ver com as ACES e a posição pública, de certo modo platónica, ou se quisermos ética, que foi tomada por coordenadores de mais de meia centena de USF's.
O processo ainda não está concluído, embora - para mim - não exista qualquer hipotese dos partidos políticos não estarem aí.

Finalmente, poderemos estar perante uma reedição da crise do fim do ano passado, mais grave, porque estas reincidencias deterioram sempre as questões...remetendo as pessoas para trincheiras cada vez mais cavadas.

11:25 da tarde  
Blogger Carago said...

Não sei não se será assim...consta-se que está em curso uma tentativa de golpe palaciano por elementos da FNAM, estrutura sindical médica que tem apoiado Luis Pisco e está indirectamente representada na MCSP e nas ERAs...por outro lado a iniciativa do abaixo assinado contra a partidarização dos ACEs, protagonizada por José Luis Biscaia, vice presidente da APMCG que é liderada por Pisco, poderá ter sido lançada contra a sua opinião e estratégia...e há que não esquecer ainda que há ambições pessoais entre os elementos da MCSP e que a hipotese referida na notícia de ser encontrado um outro coordenador dentro da MCSP é revelador...
Ou seja muitas interrogações e duas respostas : 1ª Das duas uma: ou Luis Pisco está a ser pressionado e empurrado borda fora ou esta atitude é um forçar a clarificação interna
2º Quem passou a notícia para o Jornal Público teve acesso à Acta de uma reunião

12:46 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Independentemente de transfugas de actas, das justificações mais ou menos consistentes, ou veladamente espúrias, esta aparente derrocada é a derradeira ressaca do consulado do CC. Tinha de suceder.
São acidentes de percurso e são, acima de tudo, a tradução da complexa correlação de forças no interior de um missão que, à primeira vista, é demasiado ampla e susceptível de múltiplos pontos de fractura.
A saíde de CC não é insipida, nem inodora, nomeadamente perante alguna dos assessores da MCSP, coordenadores de US´'s , etc.

Caro Avicena:
"Foi zurzido desde bem cedo nas C. Políticas, no Conselho Nacional e na AR por muitos, pelos tais do aparelho e também pelos outros que se arvoram em consciência crítica de esquerda, e da boca para fora falam sempre na defesa do SNS."
Houve - como teria de haver - reticiências em relação a metodologias de implementação das USF's. Situações processsuais e pouco mais. Ninguem contestou abertamente o modelo, nem questionou, a importancia basilar dos CPS, ninguém pôs em causa a necessidade da sua reestruturação. Mas terá de distinguir uma coisa é a reforma técnica e outra é o trabalho político que CC foi displiscente, pensado que lhe bastava o encosto de Sócrartes e as "boas contas".
Hoje, é notório que era preciso muito mais trabalho na área política. Sempre disse isso. Não descobri essa eventualidade com a queda de CC. Ela tornou evidente a queda.
Mas existiu - mesmo na "entourage" que rodeava CC e o defendia "à ultrance" - quem julgasse que as reformas se impunham a si mesmas pela qualidade.
Eram uma inevitabilidade.
Como dizia Mark Twain:
"Nada precisa tanto de reforma como os hábitos dos outros".

Agora o remoque final de Avicena não encaixa nos que, como eu, ao longo de muito tempo o critiquei, sem remorsos e sem peias. Com a maior das honestidades.
As minhas criticas dirigiam-se ao desempenho político de CC no Governo. Não têm nada a ver com o seu posicionamento político pessoal.
As divergências técnicas eram praticamente nulas.
Porque sei, não preciso que me lembrem a 15 dias da minha reforma do SNS, que quem luta pelo SNS defende:

- a reforma dos CS,
- a criação da rede de cuidados continuados,
- o novo programa de saúde oral,
- uma nova rede hospitalar pública ...

Enfim. Uma coisa é digerir as questões políticas sem ressentimentos e ressaibiamentos, outra são as questões de princípio, como o SNS.
A actual ministra tem capacidade para gerir estas truculentas crises.
É isso que tem vindo a incomodar algumas estruturas sindicais e partidos políticos que vinham aproveitando com a inépcia política de CC que chegou a acumular "scores" projectivos à esquerda do PS, da ordem dos 15%. Ana Jorge, trouxe alguma tranquilidade ao sector e esvaziou este balão de contestação social.

Avicena: convença-se que CC acabou para a política.
“Finis politica esturbanum bonum”
Cada vez que leio um texto seu, nasce-me a sensação que não conseguiu interiorizar o curso da vida deste Governo Constitucional.
CC tem à sua frente a sua sua carreira universitária (que espero que seja longa). Provavelvemente, será solicitado para consultor ou assessor.

Por agora, está de parabéns - nesta semana, nasceu-lhe o 4º neto!

12:18 da tarde  
Blogger xavier said...

Depois de uma reunião com a ministra, o dr. Luís Pisco decidiu ficar. link
Afinal o pedido de demissão não teria sido evitável?
Foi necessário dramatizar. Recorrer à ministra para domesticar, eventual, contestação dentro da MCSP? Para convencer os responsáveis das ARSs?
Por quanto tempo vai durar este novo fôlego do responsável da MCSP?

2:09 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Não me parece que se possa falar em novo folego.

Mais me parece uma medida de suporte com vista a estabilização de uma situação crítica durante mais umas horas.

A ministra diz ter encontrado condições para o Dr. Pisco "se manter no cargo».

O próprio, segundo o JP terá afirmado: apresentou demissão do cargo por considerar "ser incapaz de levar para a frente a tarefa de reconfiguração dos centros de saúde".

Em que ficamos?
Não teria sido melhor o silêncio?

Ficamos a prazo ou a curto prazo?
Esta a única dúvida.
Temporal, como se pode ver...

Melhor, penso que em boa verdade o Dr. Luís Pisco já saíu.
Nem ele notou, nem a Srª. ministra viu (...saíu pelas portas do fundo).

8:33 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Uma autêntica novela ao estilo português (do tipo Vila Faia)

"Cuidados Saúde Primários: Luís Pisco continua

O coordenador nacional da Missão para os Cuidados de saúde Primários, Luís Pisco, decidiu manter-se no cargo, depois da reunião desta segunda-feira, com a ministra da Saúde, Ana Jorge.
Segundo avança a TSF, Luís Pisco, que tinha apresentado a demissão na semana passada, por entender que não tinha condições para continuar, foi convencido por Ana Jorge após ver satisfeitas algumas condições ainda por revelar.
O coordenador recusou-se, entanto, revelar o que o levou a aceitar continuar no cargo, admitindo, à TSF, falar sobre o assunto apenas depois da ministra o fazer.

Diário Digital 14-04-2008 11:33:54"
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Na verdade, há um ditado popular madeirense que tem a ver com uso do pilão para esmagar os grãos de trigo, o germen de trigo, de que se faz uma sopa reconfortante (para os debilitados).

Assim, afirma-se:
"Quando o trigo não fica bem pilado ou é do malho ou do malhadeiro."

Portanto, o problema ou reside numa extensa missão para os CPS colectivamente incapaz ou na incapacidade do seu coordenador.

Quando, o povo vota à direita, a minha primieira reacção emocional, imediatista, revanchista, é substituir o Povo.
Mas, depois, lá aguento mais 4 anos - se não houver fugas de PM's...
Temos andado de reconciliação em reconciliação até à ruptura total, isto é, até que alguèm espete a faca na costas. Ou a FNAM, ou o SEP, ou o SIM, alguém há-de aparecer para o trabalhinho...

Os problemas no seio da MCSP arrastam-se desde os tempos de CC. Não são novos.
Mas como era a "jóia da coroa" das reformas da Saúde, esta situação periclitante manteve-se indemne.

Vai continuar assim?
- Drª Ana Jorge, precisamos de mais determinação e credibilização em todos os níveis dos patamares decisórios.

O grande problema é :
- Estará o Dr. Luis Pisco em condições de voltar à actividade clínica num CS ou numa USF?
Se não, terá de continuar na Missão "ad eternum"...
É isso?

12:02 da manhã  

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