MCSP, fracturou-se
MCSP- a última ceia (oito judas)
Escrevi aqui há dias um post em que dava opinião acerca do que era visível neste processo. Hoje as coisas estão mais claras, apesar do jogo de sombras ainda não estar terminado. Parece que os Missionários (a maioria) se engalfinharam numa luta fratricida, egoísta, narcísica, muito ao jeito dos grupos m-l (nas suas diversas variantes), entre a linha justa e a menos justa, pondo de lado o essencial a "nobre" Reforma". Ao longo dos últimos meses, foram vários os sinais de afastamento entre o "grupo dos 8" e o coordenador da Missão. Com a saída de CC sentiram-se à vontade para dar o golpe final, "palaciano". Acusaram em público e em privado as ARS's de cederem às pressões do aparelho partidário do PS, propuseram quotas para a linha justa, quiseram indicar nomes para os ACES, instrumentalizaram o "manifesto contra a partidarização dos ACES". Dividiram para reinar na sombra dos gabinetes, inebriados pelo exercício do poder, embora sempre negado à boa maneira, dos que estão dentro mas estão fora. Dos que repetem que não querem ser poder mas estão danados para o assumir, mas sempre com a possibilidade de parecerem estar no contra.
Nomeados por indicação do Coordenador da Missão, demitiram-se à Ministra para fazer valer a sua força e indicar um novo coordenador. Não se importaram de deitar a Reforma pela pia abaixo, preocupados apenas com a sua importância e razão iluminada.
E que dizer de LP, aprisionado nesta teia. Um dia demite-se noutro recua, deixando-se apunhalar por aqueles que tinha como seus braços direitos.
Nos próximos dias estes jogos de sombras ficarão mais clarificados, será importante perceber com esta luta fratricida atingirá primeiro lugar a Reforma, veremos com que elementos LP recomporá a Missão, fala-se em Vitor Ramos, Rui Monteiro, Filipa Homem Cristo.
Veremos que repercussões esta luta terá na elite da Medicina Geral e Familiar, que novos equilíbrios se criarão na APMCG, na FNAM e nos seus vários sindicatos. Veremos que influência tiveram António Branco e Eduardo Mendes em todo este processo. Veremos se os diversos intervenientes estão disponíveis para salvar o essencial: " A reforma dos CS".
Finalmente como celebrizou a Cornucópia no final dos anos setenta, ao levar à cena um colectânea de textos do cómico alemão Karl Valentin, "E não se pode exterminá-los".
Avicena
Avicena
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6 Comments:
Afinal a tal carta de demissão já começa a circular publicamente...E reza assim:
Ex.ma Sra. Ministra da Saúde,
Dra. Ana Teodoro Jorge
Os membros que integram a Equipa Nacional da MCSP e os coordenadores
das ERA
Norte e Centro, que subscrevem este documento, informam Vossa
Excelência
que, em reunião havida nas instalações da MCSP, em Coimbra, no dia 14
de
Abril de 2008 tomaram a decisão de lhe comunicar o seguinte:
1. Reafirmam a sua profunda crença na viabilidade da Reforma
dos CSP,
tendo em conta o Programa do Governo e as orientações expressas nas
RCM nº
157/2005 de 12 de Outubro e nº60/2007 de 24 de Abril;
2. Perante as razões invocadas pelo Coordenador da MCSP para a
demissão que solicitou e, na sequência da reunião ocorrida com Vossa
Excelência, no dia 10 de Abril e considerando-se ainda o seu próprio
silêncio com a Comissão Executiva da MCSP e restantes membros da
Equipa,
anexamos os nossos pedidos de demissão, podendo assim Vª Ex.ª agir em
conformidade e criar condições para que o processo de Reforma dos CSP
siga o
seu curso;
Esta Equipa tem demonstrado ser portadora de uma energia
empreendedora que
acreditamos capaz de proporcionar as oportunidades para implementar as
mudanças que a Reforma dos CSP exige, embora compreenda e aceite que
outras
soluções organizacionais poderão ser implementadas.
Respeitosamente,
António Jorge Barroso
António Manuel dos Santos Rodrigues
Carlos Alberto de Jesus Nunes
Cristina André Correia
Henrique Manuel da Silva Botelho
Horácio Mendes Covita
João Nunes Rodrigues
José Luís Carreira Nunes
Maria do Carmo Moreira Ferreira
Maria Manuela Branco da Silva
É pena este post reflectir a visão do partido socialista. Quantos boys não irão preencher o lugar de 10 independentes do poder?
A MCSP EXPLODIU
Em menos de 24 horas, a ministra da Saúde, Ana Jorge, passou de um pedido expresso de colaboração aos membros da Unidade de Missão para os Cuidados de Saúde Primários para a aceitação da demissão de oito dos 12 elementos que integram aquela unidade. Oficialmente, ninguém avança razões para este volte-face da ministra, mas o PÚBLICO apurou que na origem da decisão esteve uma tomada de posição do próprio coordenador nacional, Luís Pisco. Este responsável, que recuara na intenção de se demitir, voltou a confrontar a ministra com essa decisão, caso Ana Jorge mantivesse a confiança naqueles oito elementos da equipa, que já tornaram públicas as suas reservas sobre as reformas de que a unidade de missão está incumbida. "Desejaríamos que a unidade de missão continuasse unida e em condições de operacionalidade, mas isso não foi possível, pelo que cabe agora ao coordenador nacional apresentar a nova equipa nos primeiros dias da próxima semana", declarou o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, deixando elogios aos membros demitidos.
O BE acusou a ministra de ter "apoiado o pior lado, o lado da contra-reforma". "A decisão significa dar luz verde para o aparelho do PS controlar as centenas de nomeações para os futuros agrupamentos de centros de saúde, operação para a qual a missão era um obstáculo", denuncia o deputado João Semedo. Por seu lado, o PSD quer Luís Pisco no Parlamento para explicar as razões que o levaram a recuar no pedido de demissão. Margarida Gomes
JP 17.04.08
CC faz-nos muita falta.
A MCSP virou um ninho de víboras.
Segundo o nosso jornal consegui apurar, a cisão na equipa escolhida por Luís Pisco para o apoiar na implementação da reforma dos Cuidados de Saúde Primários (CSP) terá começado no início deste mês. De acordo com fonte contactada pelo nosso jornal, que solicitou o anonimato, Luís Pisco terá sido confrontado por alguns elementos da Missão, com a exigência de uma intervenção efectiva da estrutura de Missão na nomeação dos futuros dirigentes dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), exigência que Luís Pisco terá recusado liminarmente.
Refira-se que a nomeação dos responsáveis pelos futuros ACES cabe às administrações regionais de saúde e não ao coordenador da MCSP. Este, "quanto muito", explicou ao nosso jornal a referida fonte, "poderia apenas pressionar politicamente o executivo, de modo a garantir a isenção no processo de selecção dos dirigentes".
Face à proposta, Luís Pisco informou os elementos da MCSP que a manter-se a exigência, não teria outra solução a não ser a de apresentar a sua demissão à Ministra da Saúde. Nesse mesmo dia, convocou uma reunião com toda a equipa nacional, que teria lugar dia 7 de Abril. Neste encontro, o coordenador da Missão terá sido confrontado, novamente – desta feita pela maioria dos elementos que integram a equipa - com a mesma exigência.
Face a esta posição, maioritária, Luís Pisco reiterou a sua intenção de se demitir, tendo adiantado que o faria no dia seguinte. E assim foi: dia 8, Ana Jorge foi informada, pelo próprio, que face à situação interna da Missão, apresentava a sua resignação do cargo.
Apanhada de surpresa, a Ministra recusou o pedido de demissão, tendo solicitado um encontro com a equipa nacional para dali a dois dias. Nesta reunião, em que também participou Manuel Pizarro, secretário de estado da saúde, não foi possível alcançar uma conciliação entre as partes, tendo ficado decidido que Ana Jorge comunicaria a sua decisão sobre o futuro da Missão, na segunda-feira imediata, dia 14.
Entretanto, um dos elementos envolvidos no processo, fez chegar ao jornal "Público" um rascunho da acta da reunião entre Ana Jorge e a equipa nacional da Missão. O "caso" assumia, deste modo, protagonismo mediático.
De acordo com a fonte contactada pelo nosso jornal, a entrega aos jornalistas da acta da reunião, mais não foi do que uma tentativa "de fuga para a frente, que teve como único objectivo tornar a demissão de Pisco um facto consumado, a partir do qual se avançaria para uma nova fase da vida da missão, com a nomeação de um novo coordenador". Horácio Covita, psicólogo que integra a equipa nacional, seria o nome escolhido pelos "insurrectos" para substituir o actual coordenador no cargo. Luís Pisco foi informado desta decisão, que terá sido tomada numas das reuniões do grupo dissidente, organizadas sem o conhecimento prévio, quer do coordenador da Missão, quer de alguns dos elementos da equipa nacional.
Na reunião com Pisco, Ana Jorge reiterou a sua confiança na liderança do médico de família, pedindo-lhe que permanecesse no cargo e que constituísse nova equipa.
A questão estava, aparentemente, encerrada, tendo Ana Jorge declarado aos jornalistas que tinha conseguido convencer o coordenador da Missão a permanecer no cargo, garantindo ainda que não faltariam meios para a prossecução da reforma, que a Ministra classificou como a principal medida em curso no serviço nacional de saúde.
No dia 15, todavia, um novo acontecimento viria a colocar em risco a permanência de Pisco à frente da Missão. Numa manobra que segundo fonte do Ministério da Saúde terá tido como objectivo uma derradeira tentativa de reconciliação das partes, Manuel Pizarro, o secretário de estado da saúde, convocou Luís Pisco para uma reunião com a Ministra, tendo convidado para a mesma reunião o grupo dissidente. Desagradado com a iniciativa, Pisco apresentou-se esta manhã na João Crisóstomo decidido a pôr um ponto final na história, demitindo-se novamente.
Médico de Família não conseguiu apurar o que se terá passado no encontro entre a Ministra e o coordenador da MCSP. Sabe-se apenas, que imediatamente após o final da reunião, o semanário "SOL" colocava na sua edição online a informação – recebida "de fonte oficial do ministério" de que Ana Jorge reiterara, uma vez mais a sua confiança em Pisco, aceitava o pedido de demissão apresentado pelos dez elementos "sublevados" e demitia os coordenadores das ERA Centro e Norte, que integravam o "grupo dos 10", solicitando a Luís Pisco, a constituição de uma nova equipa.
Contactado pelo nosso jornal, Luís Pisco recusou prestar quaisquer declarações sobre os acontecimentos que marcaram nos últimos dias a vida da Missão.
Jornal Médico Família, Escrito por MMM, em 16-04-2008 17:18
Sem querer "envenenar" demasiado a questão julgo que haverá colaboradores deste blog que saberão que os problemas no interior da MCSP remontam desde muito antes do Natal (desde o fim das ´"férias grandes") e terão a ver com as ACES.
Quando o SaudeSA elegeu as USF's ou se quisermos a MCSP como a realização do ano no MS (chamei-lhe à tempos a "joia da coroa" de CC), como dizem os brasileiros ... a situação já estava preta... Interessava dar um informal jeito na concertação (Já sabemos que o Saudesa não serve para isso, trata-se só de uma miragem)
As últimas horas - as que precederam a demissão dos 8 "missionários" e dos 2 da ERA - é que não foram transparentes , nem limpidas, nem recomendáveis.
Os memmbros da MCSP que estiveram pela última vez reunidos com a Ministra saíram com a missão de apresentar aà Srªa Ministra, urgentemente, um plano de re-estruturação que consolidasse um quadro de reconfiguração dos centros de saúde...
Quando chegaram às Bancas dos jornais, estavam demitidos...
Portanto, a história já contada não serve...
Tem de haver outra.
E não permanecerá muito tempo oculta....se não quisermos por em causa a reforma dos CPS.
Parece uma conhecida fábula de La Fontaine – Tartaruga e a Lebre:
A TARTARUGA E A LEBRE
"Apostemos, disse à lebre
A tartaruga matreira,
Que eu chego primeiro ao alvo
Do que tu que és tão ligeira!”
Estando as duas a par,
A tartaruga começa
Lentamente a caminhar.
A lebre, tendo vergonha
De correr diante dela,
Tratando uma tal vitória
De treta ou de bagatela,
Deita-se e dorme um pouco;
Ergue-se e põe-se a observar
De que parte corre o vento,
E depois entra a pastar;
Eis que deita uma vista de olhos
Sobre a companheira sorna,
Ainda a vê longe da meta
E a pastar de novo torna.
Olha, e depois que a vê perto,
Começa a sua carreira;
Mas então apressa os passos
A tartaruga matreira.
À meta chega primeiro,
Apanha o prémio apressada,
Pregando à lebre vencida
Uma grande gargalhada.
Não basta só haver posses
Para obter o que intentamos;
É preciso pôr-lhe os meios,
Quando não, atrás ficamos.
O empreendedor não desprezes
Por fraco, se te investir;
Porque um anão acordado
Mata um gigante a dormir."
Parafraseando (e adaptando) a histórica frase do General Clemenceau, a Missão é uma coisa demasiado séria para ser deixada aos missionários. Que é como quem diz, a reforma dos cuidados de saúde primários é algo demasiado importante para ser deixada a cargo dos médicos de família. Constituir uma Missão com base numa suposta "elite" dos médicos de familia só podia dar nisto - as "elites" em Portugal, já dizia o Eça, são pouco recomendáveis. Mas quem é que está verdadeiramente surpreendido com este resultado? Acaso os Centros de Saúde e as Sub-Regiões não foram liderados nos últimos quase 30 anos por médicos de família? E quais foram os resultados?
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