Reforma do Modelo Social
"Temos observado na comunicação social generalista propostas que nos dizem que “um novo modelo social” seria constituído por uma série de “novos” pilares ou mandamentos. Todos são já conhecidos embora, infelizmente, alguns argumentos sejam redutores, subjectivos e até utópicos, o que é natural e resulta dos efeitos discursivos inerentes à própria temática escolhida. Na verdade, até a prática discursiva dos analistas sérios e bem intencioandos cede à subjectividade quando se discute um novo modelo social. É um sinal revelador da grandeza do desafio intelectual subjacente.
Por isso, ao reflectirmos sobre a reforma do modelo social em contexto europeu, e ainda que salvaguardadas as devidas especificidades de Portugal há, pelo menos, outras tantas 10 dimensões que, no sentido de fomentar a discussão nacional sobre o tema proposto, apresento desde já para discussão:
a) Há novos problemas sociais para os quais o actual modelo social não está preparado; b) A economia global fomenta, inevitavelmente, o desemprego de longa duração na Europa, logo, os instrumentos de inserção social têm que ser repensados;
Por isso, ao reflectirmos sobre a reforma do modelo social em contexto europeu, e ainda que salvaguardadas as devidas especificidades de Portugal há, pelo menos, outras tantas 10 dimensões que, no sentido de fomentar a discussão nacional sobre o tema proposto, apresento desde já para discussão:
a) Há novos problemas sociais para os quais o actual modelo social não está preparado; b) A economia global fomenta, inevitavelmente, o desemprego de longa duração na Europa, logo, os instrumentos de inserção social têm que ser repensados;
c) O número crescente de idosos e o aparecimento de uma “quarta idade” exigem respostas integradas entre o sistema de saúde e a segurança social que não estavam previstas;
d) O novo modelo social exige o reforço e a modernização da intervenção dos técnicos de serviço social, o que ainda está por fazer em Portugal;
e) A Família é o núcleo fundamental das sociedades e precisa de novos instrumentos de defesa e promoção para suavizar os efeitos da cultura de trabalho e consumo desenfreado;
f) A introdução de mecanismos de mercado e competitividade na intervenção social exige instrumentos de regulação e contratualização inexistentes em Portugal;
g) Um novo modelo social depende da remoralização social. Tarefa difícil com a actual cultura política e empresarial baseada na cumplicidade cacique, na “cunha” e na auto-defesa da mediocridade dos gestores de topo que afecta até os grandes grupos empresariais nacionais;
h) O enfraquecimento da democracia social dificulta a participação como factor fundamental da promoção de comportamentos mais responsáveis por parte dos cidadãos;
i) Assistimos a uma nova forma de municipalismo marxista na respectiva adaptação das directivas europeias e nacionais na intervenção local que obriga a repensar o modelo social do passado;
j) A decisão de investimento público deverá contar com o contributo da ciência e respectiva evidência justificativa em vez da sua usurpração para fins eleitoralistas.
Eis dez pilares complementares e/ou alternativos aos apresentados em outros meios de comunicação generalista. Da discussão nasce a Luz?"
Comecemos a promoção da literacia entre os responsáveis do SNS que postam neste blog através do esclarecimento destes 10 desafios.
Eis dez pilares complementares e/ou alternativos aos apresentados em outros meios de comunicação generalista. Da discussão nasce a Luz?"
Comecemos a promoção da literacia entre os responsáveis do SNS que postam neste blog através do esclarecimento destes 10 desafios.
simão
2 Comments:
Ouvi uma tirada de Vítor Constâncio, governador do Banco de Portugal, que vêm a propósito da questão que o post levanta:
- "Se quisermos que a Europa não entre em declínio e tenha dificuldades crescentes para resolver os seus problemas sociais teremos de aceitar mais imigrantes, trabalhar mais anos e ter mais filhos"...
Uma estratégia dura, provavelmente incontornável, que na parte referente à questão de "trabalhar mais anos", já estará a ser posta em prática em toda a Europa.
Entretanto, todo este "mini-programa" de Vitor Constâncio defronta um importante obstáculo que tem intrigado o PR.
Cavaco Silva deslocou-se recentemente aos concelhos da Guarda e Gouveia.
No fim da iniciativa, questionou:
-“Por que é que nascem tão poucas crianças?"
- "O que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?”
Por fim, enigmático, concluiu:
“Eu não acredito que tenha desaparecido nos portugueses o entusiasmo por trazer novas vidas ao Mundo”.
Uma condição para encarar o desafio de discutir a reforma do modelo social europeu é, a priori, existirem europeus.
Em Portugal, a dificuldade será maior na medida em que deixamos de cuidar da nossa continuidade enquanto povo.
Porquê?
- a crise económica provoca desinteresse sexual?
- os baixos salários provocam oligoespermia?
- a inflação provoca anovulação?
ou,
como diria o povo em português vernáculo:
"a puta da situação dá cabo do tesão" (até rima!)
Retomo, Cavaco Silva:
- O que é preciso fazer?
Estou a lembrar-me de uma canção de Pedro Abrunhosa ... um single (Talvez *****) que Pedro Abrunhosa lançou logo a seguir ao seu primeiro álbum - Viagens.
Indispensável a leitura da entrevista ao coordenador do estudo "Um Olhar Sobre a Pobreza" publicada no JP. link
Quase 50% da nossa população já teve contacto com situações de pobreza, a qual, apesar dos inúmeros programas de ajuda da EU persiste inalterável nosso país nos últimos vinte anos. Como que uma doença crónica resultante da nossa fraca economia.
...
Porque se fala da persistência da pobreza em Portugal?
A partir da entrada de Portugal na Comunidade Europeia, houve um facto que alterou a atitude da sociedade portuguesa perante a pobreza: Portugal passou a ter programas de luta contra a pobreza, através de metodologias que deram um salto qualitativo no modo de encarar e tratar a pobreza. Poderíamos esperar que a pobreza tivesse uma redução apreciável.
E não teve?
Não teve. Em 2004, terá sido de 19 por cento, em 2005 terá sido 18 por cento. É uma tendência? Falta ver o que se passou nos anos seguintes. O que sabemos é que, durante esse período de 20 anos, andámos à volta dos 20 por cento. Mesmo que se admita que houve uma tendência ligeiramente decrescente, não explica que a ordem de grandeza se situe nos 20 por cento. A pobreza em Portugal ou se manteve estável ou teve uma redução sem proporção com o esforço feito desde que Portugal entrou na UE, na luta contra a pobreza.
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