quarta-feira, maio 21

CA coniventes



Não é possível continuar a agravar a actual situação...entre 1.500 euros e 30.000 não há política que justifique os salários pagos.
Premiar as áreas que têm listas de espera com incentivos só pode continuar a agravar o desconforto existente. link
A avaliação dos Conselhos de Administração é cada vez mais premente. Eles têm sido coniventes com os poderes instalados das especialidades cirúrgicas, das técnicas e da medicina mediática das urgências, esquecendo o mundo das doenças crónicas e das rotinas que representam mais de 90% da actual prática médica! Porquê tanta autoridade para umas coisas e tão pouca para outras.
Porque não começar a pedir contas também aos Directores de Serviço? Serão inocentes neste processo? Já por várias vezes se tentou que eles tivessem que optar...
O bem,o mal e ...

4 Comments:

Blogger e-pá! said...

Oh meu amigo!
Para poder responsabilizar os Directores de Serviço é no mínimo preciso ouvi-los e não só estender-lhes à frente dos olhos um conjunto de opções ou resoluções "cozinhadas" na Administração.

Existe uma afirmação peremptória, aparentemente inquestionável que, inclusive, parece ter impressionado a própria Ministra.
Mas, na essência, falsa.
Na verdade, não teremos capacidade instalada nos Serviços para resolver no País, e dentro da normalidade de funcionamento do serviço público, problemas correntes como este.

O recurso à contratualização interna - é desejável e de saudar - nestas circunstancias particulares e excepcionais, mas não como uma solução do problema.
É o "remendo" possível e necessário.

Uma boa solução, porque responsabiliza os HH's públicos (e não só os médicos do SNS).
A opção pela contratualização externa (“oferecida” em múltiplas ocasiões e oportunidades pelo Sector Social) ou a continuação da “palhaçada de Cuba”, daria uma nefasta imagem do SNS.

O que me impressiona é o grau de irresponsabilidade dos CA e a sua irresistível tendência em assacar as responsabilidades para os outros. O que é urgente é resolver as questões da capacidade de resposta em sede própria, com quem tecnicamente conhece os problemas.
De resto os membros dos CA, parece que nem vão aos HH's. Ou se por lá passam não saiem do corredor da Administração. Estão ocupados a concluir relatórios de contas. Só se sentem avaliados nesse item.


Meus caros amigos: para compartilhar responsabilidades, que as há, é preciso implementar a tal "clinical gouvernance", compartilhar estudo dos problemas e procurar soluções tecnicamente adequada e possíveis, dentro dos Hospitais e não só andar a expor metodologias de resolução pelos Congressos ou Fóruns.
Não será?

8:01 da manhã  
Blogger O bem, o mal e... said...

Caríssimo
Duas notas:
1-Como se pode ser Director de alguma coisa sem poder? Quem aceita tal papel? Quem aceita fazer, todos os anos, relatórios sem a menor capacidade crítica, para não ser demitido de algo que pensa não poder exercer minimamente, por não ser ouvido? Quem aceita ser peão de brega de "cozinheiros" administrativos? Como se podem manter Directores de Serviço mais de 20 anos em efectividade de funções? Não estamos nos anos 50!
2- O que é isso da normalidade de funcionamento do serviço público? Se é a actual realidade eu classificaria antes, muitos dos serviços como a anormalidade, a anarquia, da falta de critérios, de indicadores, de qualidade, de humanidade (sim!). Como médico não cirúrgico ou técnico (os de cabeceira ou de consulta), mas "fornecedor" de pessoas necessitadas de tais técnicas, sei bem o que é a distorção de funcionamento da contratualização interna...O conhecimento técnico dos próprios é importante, mas que interesses têm? Lembra-se do Dudu Barroso? Ou dos Oftalmologistas e das suas ligações? A separação de águas dos Directores é fundamental! A sua responsabilização é imperiosa...Aí sim podem pedir meças aos Administradores

A opção poderá não estar entre a contratualização interna ou externa, mas sim na existência de Serviços dirigidos com planos, objectivos, indicadores de qualidade e orçamentos próprios!Para além do bem e o mal há sempre um e...

10:36 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Totalmente de acrodo. Responsabilização de todos, a começar nos médicos, a continuar nos Directores de Serviço, Directores Clínicos, Administradores Hospitalares e ARS.

12:43 da tarde  
Blogger Tá visto said...

As questões levantadas pelo o "bem, o mal e.." são da maior relevância. Os programas de recuperação de listas de espera, criados com as melhores das intenções e muitas vezes por razões justificadas, não podem consolidar-se como meio de resolução de ineficiências pelas perversidades que podem introduzir no sistema.
Este tipo de programas tem recaído apenas sobre as listas de espera cirúrgicas, pela maior visibilidade destas patologias, esquecendo-se a problemática das listas de espera em especialidades médicas, em muitos casos com maior relevância em termos de risco de vida. Por outro lado, o tipo de patologias que assumem maior destaque são frequentemente as mais leves, tecnicamente fáceis de resolver mas que pelo número exigem grande disponibilidade de recursos humanos razão pela qual se vão acumulando. É bom de ver que se os estímulos financeiros recaírem sobre este tipo de actividade os doentes com patologias mais graves mas com menor visibilidade pública poderão sair prejudicados.
Soluções desta natureza têm pois de ser entendidas como programas de emergência para resolver questões pontuais em saúde, fazendo-se sempre acompanhar de medidas que ponham cobro às causas que as originaram. Não devem pois ser utilizadas como formas de financiamento suplementar dos hospitais e/ou de compensação salarial de certas especialidades ou grupos profissionais, como vem acontecendo frequentemente. A não ser assim poderemos estar a estimular a improdutividade e seguramente a introduzir distorções nos vencimentos, conducentes a um mal-estar nas instituições de saúde que põe em causa o seu funcionamento como um todo assistencial com consequências negativas no tratamento dos doentes.
A ausência de um reforma hospitalar séria, conduzida do topo á base e não focada exclusivamente na superstrutura administrativa, tendo como única preocupação (legítima) a contenção de custos e equilíbrios orçamentais, é a causa principal das sucessivas distorções, senão mesmo “aleijões”, de que vem sendo vítima o hospital público nas diversas formas que tem assumido (SPA, SA, EPE). Tal reforma terá de passar necessariamente por uma maior articulação e responsabilização a todos os níveis; pela reorganização dos departamentos e serviços de acção médica em centros de custo dirigidos por profissionais a tempo inteiro; por uma política salarial ajustada à produtividade de grupo e individual, pondo fim a pagamentos artificiais como é o caso do recurso a falsas horas extraordinárias; pela abertura dos hospitais às comunidades que servem, que são o seu fim último e o justificativo da sua existência.
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5:12 da tarde  

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