Consultadoria CS
A entrevista de MD link é importantíssima pelo que diz, escalpelizando o SNS de cima abaixo. Não só porque diagnostica muito dos “podres” que o têm enfraquecido (Xavier tratou de um deles), mas principalmente porque aponta soluções para muitos dos seus males. Pela sua importância destaco:
“A medicina familiar é, talvez, o maior desafio que temos: criar uma rede de cuidados primários que evite a concentração de doentes nos hospitais. Em Portugal teremos 70% dos médicos concentrados nos hospitais quando em França este valor não passa dos 50% e na Alemanha 40%. Ou seja, em Portugal temos tudo invertido em relação aos outros países. A Urgência é um dos 'cancros '. Temos dez milhões de urgências por ano e isso é o sinal de um país com os cuidados de saúde desorganizados. Daí a necessidade de reforma dos cuidados primários e do trabalho coordenado com os hospitais. Lá fora, o médico de família e do hospital conversam, aqui o médico do centro de saúde manda o doente para a Urgência”
Como já alguém disse, em vez de uma medicina baseada na evidência temos no País uma baseada na urgência. A reforma dos cuidados primários é pois crucial para corrigir este viés, sabemos porém que enquanto não invertermos a proporção de médicos entre hospitais e centros de saúde, será difícil dar uma resposta adequada e racional às necessidades das populações. Parece-me pois que pelo menos num período de transição haveria necessidade de fazer deslocar, em regime de consultadoria, profissionais dos hospitais para os centros de saúde. Como se sabe, a partir dos 50 anos muitos médicos hospitalares pedem escusa do Serviço de Urgência, verificando-se frequentemente que essas horas não são utilizadas noutras actividades. Pergunta-se, por que não aproveitar estes profissionais para o fim em vista?
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“A medicina familiar é, talvez, o maior desafio que temos: criar uma rede de cuidados primários que evite a concentração de doentes nos hospitais. Em Portugal teremos 70% dos médicos concentrados nos hospitais quando em França este valor não passa dos 50% e na Alemanha 40%. Ou seja, em Portugal temos tudo invertido em relação aos outros países. A Urgência é um dos 'cancros '. Temos dez milhões de urgências por ano e isso é o sinal de um país com os cuidados de saúde desorganizados. Daí a necessidade de reforma dos cuidados primários e do trabalho coordenado com os hospitais. Lá fora, o médico de família e do hospital conversam, aqui o médico do centro de saúde manda o doente para a Urgência”
Como já alguém disse, em vez de uma medicina baseada na evidência temos no País uma baseada na urgência. A reforma dos cuidados primários é pois crucial para corrigir este viés, sabemos porém que enquanto não invertermos a proporção de médicos entre hospitais e centros de saúde, será difícil dar uma resposta adequada e racional às necessidades das populações. Parece-me pois que pelo menos num período de transição haveria necessidade de fazer deslocar, em regime de consultadoria, profissionais dos hospitais para os centros de saúde. Como se sabe, a partir dos 50 anos muitos médicos hospitalares pedem escusa do Serviço de Urgência, verificando-se frequentemente que essas horas não são utilizadas noutras actividades. Pergunta-se, por que não aproveitar estes profissionais para o fim em vista?
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1 Comments:
"em vez de uma medicina baseada na evidência temos no País uma baseada na urgência".
Raramente se pode esgrimir algo de mais ofensivo para a Medicina.
Quando se reflecte sobre uma frase deste teor, o melhor que podemos pensar é que a Medicina ainda não terá chegado aqui. Viverá com Hipocrates na ilha de Cós.
A não ser que a rima tivesse forçado o texto e o contexto.
Mas, outrossim, seria dizer que temos, de facto, um SNS que sobrevive, na sua capacidade de resposta, baseando-se nas urgências (verdadeiras, falsas e assim e assim...) e aí, não estaríamos a falar de Medicina mas de organização, gestão, administração.
E o repto tem outro destinatário que não a Medicina. Nem os médicos.
É, como Diogenes, procurar de candeia acesa quem politica e administrativamente tem sido responsável pelos Serviços de Saúde públicos nos últimos 15 anos. Não precisamos de recuar mais!
Na verdade, o sistema não comunica, nem troca informações. Mas, cuidado, não só na área médica mas, verdade seja dita, em nenhum dos seus múltiplos sectores.
Por isso, no fim do ano, saem números que pouco ou nada dizem sobre o andar da carruagem e muito menos sobre quem vai lá dentro.
Por outro lado, a peregrina ideia da deslocação dos médicos seniores do HH's para os CS para compensar da dispensa de urgência, que lhe é conferida pelo Estatuto do Médico, é de bradar aos céus.
Principalmente quando “inventada” por um associativista da área com dinossáurica experiência na área da saúde e, actualmente, um emérito gestor Hospitalar.
Aventar a possibilidade que os Serviços nos Hospitais trabalham sem Direcção, sem Chefias, será a grande concepção do “economicismo” (que sabemos que os economistas refutam a sua existência…) com que se pretende destruir os Serviços e as organização hospitalar baseada, no conhecimento, na experiência, na hierarquia e idoneidade clínica.
Sr. Gestor: hoje não se discutem currículos, competências vividas ou adquiridas ou capacidades de desempenho, discute-se o contrato mensal em euros, com ou sem 13º. mês , férias, etc. Negoceia-se uma peça para uma engrenagem…
O resultado desta brilhante política de gestão meramente contabilística não se farão esperar.
Mas não tentem culpar outros, arranjar bodes expiatórios, descobrir promiscuidades ocultas, desperdícios gratuitos, custos elevados dos recursos humanos, etc.
O actual “edifício hospitalar” é reformável.
Não pode é – para iniciar as hostilidades – começar por ser implodido. O que se está a fazer, nitidamente, em relação à organização hospitalar, nomeadamente, em relação às carreiras médicas, à formação e à educação médica contínua.
Carreiras, são unicamente necessárias para os AH's.
Os outros - que quando as coisas apertam logo são adocicados como fundamentais e indispensáveis - podem esperar.
Caro gestor, membro do CA de um grande Hospital, ex- dirigente associativo:
Será melhor olhar por essa Europa fora e reparar nos médicos e outros trabalhadores da Saúde, seniores, e nas reduções que lhes são progressivamente introduzidas na carga horária semanal, introduzindo o conceito de "pré-reforma".
O lema será: não chupar sempre na mesma teta para não chegar ao tutano.
Não podemos viver nesta roleta:
Hoje - Europa; amanhã - 3º. Mundo, depois – o PIB não deixa, etc…
Bem, é melhor voltarmos ao conforto da sabedoria popular, não baseado na evidência:
- cautela e “caldos de galinha” nunca fizeram mal a ninguém!
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