A regra de Sutton
Willie Sutton, um famoso gangster americano, foi capturado após sucessivos assaltos a bancos que lhe renderam uma enorme fortuna. Uma vez em tribunal e questionado pelo Juiz: Mas por que é que o senhor só assalta bancos? Responde: Mas ó Dr. Juiz não é aí que está o dinheiro?
Esta história tem servido para muitas explicações e penso que bem se pode aplicar ao que se está a passar no sector hospitalar. Com os grupos privados a oferecerem bons vencimentos, em especial aos profissionais a tempo inteiro, e com salários em constante perda na função pública, os trabalhadores do SNS, tal como Sutton, seguirão o rasto do dinheiro.
Se nada de muito rápido for feito, os profissionais, médicos em particular porque as relações de oferta/procura os beneficiam, vão continuar a sair do SNS numa relação directa com as suas qualificações e lei do mercado. Correia de Campos, irresponsavelmente, desvalorizou este fenómeno migratório; Ana Jorge, mostrando sentido de Estado, já manifestou preocupação com a sangria do Hospital Público que se vai esvaindo à medida que os grandes grupos privados se vão instalando. Espero bem que tenha transportado essa preocupação para o seio do Governo e que a dor de cabeça se transforme em medidas concretas que estanquem a hemorragia que, em minha opinião, terão de ter em consideração estas componentes:
- Pagar melhor, tendo como contrapartida maior dedicação com tradução em maior e melhor produção, através do reforço de regras de contratualização interna.
- Considerar três componentes remuneratórias: Actividade Clínica/Investigação/Ensino.
- Clarificar as formas de pagamento associando-as à produtividade individual e de grupo.
- Maior competitividade, através de concursos de provimento sempre abertos ao exterior e com novas regras.
Manuel Delgado nesta entrevista link diagnostica algumas das situações hospitalares anómalas que qualquer reforma a empreender deverá ter em linha de conta. Em muitos casos nem se trata de aumentar o bolo mas de o distribuir melhor.
Penso que a sociedade portuguesa está alheada senão mesmo iludida, com as mudanças que se estão a operar na área hospitalar. É pois preciso fazer passar o discurso, não por propaganda mas por ser real, que a conservação e melhoria do Hospital Público é do interesse de todas as camadas sociais, excluindo talvez as grandes fortunas. A pequena e média burguesia, que julgam estar a salvo das vicissitudes dos decisores políticos por se encontrarem protegidas por um qualquer seguro de saúde privado, desconhecem em muitos casos que essa mesma protecção caduca em idades em que os problemas de saúde se avolumam e que, sem fortuna própria, é ao Hospital Público que terão de recorrer. Ou será que alguém está convencido que Estado Português tem força negocial para exigir das seguradoras coberturas vitalícias ou, em alternativa, capacidade orçamental para suportar um sistema tipo Medicare como nos USA?
Tá visto
Esta história tem servido para muitas explicações e penso que bem se pode aplicar ao que se está a passar no sector hospitalar. Com os grupos privados a oferecerem bons vencimentos, em especial aos profissionais a tempo inteiro, e com salários em constante perda na função pública, os trabalhadores do SNS, tal como Sutton, seguirão o rasto do dinheiro.
Se nada de muito rápido for feito, os profissionais, médicos em particular porque as relações de oferta/procura os beneficiam, vão continuar a sair do SNS numa relação directa com as suas qualificações e lei do mercado. Correia de Campos, irresponsavelmente, desvalorizou este fenómeno migratório; Ana Jorge, mostrando sentido de Estado, já manifestou preocupação com a sangria do Hospital Público que se vai esvaindo à medida que os grandes grupos privados se vão instalando. Espero bem que tenha transportado essa preocupação para o seio do Governo e que a dor de cabeça se transforme em medidas concretas que estanquem a hemorragia que, em minha opinião, terão de ter em consideração estas componentes:
- Pagar melhor, tendo como contrapartida maior dedicação com tradução em maior e melhor produção, através do reforço de regras de contratualização interna.
- Considerar três componentes remuneratórias: Actividade Clínica/Investigação/Ensino.
- Clarificar as formas de pagamento associando-as à produtividade individual e de grupo.
- Maior competitividade, através de concursos de provimento sempre abertos ao exterior e com novas regras.
Manuel Delgado nesta entrevista link diagnostica algumas das situações hospitalares anómalas que qualquer reforma a empreender deverá ter em linha de conta. Em muitos casos nem se trata de aumentar o bolo mas de o distribuir melhor.
Penso que a sociedade portuguesa está alheada senão mesmo iludida, com as mudanças que se estão a operar na área hospitalar. É pois preciso fazer passar o discurso, não por propaganda mas por ser real, que a conservação e melhoria do Hospital Público é do interesse de todas as camadas sociais, excluindo talvez as grandes fortunas. A pequena e média burguesia, que julgam estar a salvo das vicissitudes dos decisores políticos por se encontrarem protegidas por um qualquer seguro de saúde privado, desconhecem em muitos casos que essa mesma protecção caduca em idades em que os problemas de saúde se avolumam e que, sem fortuna própria, é ao Hospital Público que terão de recorrer. Ou será que alguém está convencido que Estado Português tem força negocial para exigir das seguradoras coberturas vitalícias ou, em alternativa, capacidade orçamental para suportar um sistema tipo Medicare como nos USA?
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4 Comments:
Manuel Delgado mais uma vez, para defender os interesses próprios e da sua "corporação" desrespeitou os "outros. Por isso merece reparo.
Na entrevista de Manuel Delgado e como se pode ler também no Saúde SA é feita a seguinte declaração:
“Os partidos usam as administrações dos hospitais para satisfazer alguma clientela e resolver problemas de colocação ou de influência de pessoas muito importantes que pedem os lugares para este ou aquele”.
No topo da lista dos políticos mais adeptos do «jobs for boys», o economista coloca os antigos ministros da Saúde Leonor Beleza e Luís Filipe Pereira. Ambos são acusados de serem os autores do cenário mais negro para esta classe profissional: a ex-governante por ter feito uma “clivagem brutal no modelo de gestão” e Pereira por ter ido “buscar pessoas sem sensibilidade para os problemas da Saúde. Os administradores hospitalares foram tratados como meros funcionários administrativos”. Nos antípodas, Manuel Delgado põe, precisamente, o actual Executivo: “Manda a verdade dizer que, este Governo é, porventura, o que menos tem utilizado esse instrumento”.
Pergunta-se: Quantos Gestores foram nomeados por CC? Não foram nomeados os "boys"?
E perguntado quem o nomeou a ele próprio disse: foi o ministro.
Pois foi. Foi o Ministro também que o mudou para o Curry Cabral apesar dos maus resultados no Pulido Valente, apresentados durante o seu mandato.
E também se sabe que MD se "zangou" com L.F. Pereira porque não foi "nomeado" pelo mesmo para o lugar que pretendia!
Foi aí que LFP ganhou um inimigo.
MD, volta aliás, à sua "pesporrência" sobre a nomeação de administradores para os hospitais por LFP, e depois de (ao tempo)ter acusado os então nomeados de "mentecaptos" (ou coisa parecida) vem dizer agora que os mesmos não tinham sensibilidade para os problemas da saúde.
A este senhor AH - que acha que os outros são nomeados por serem "boys" mas ele não - vale a pena lembrar que coisas de que ele agora fala (como aprescrição cílina electrónica, gestão das compras, etc., correspondem a práticas que tiveram início, sobretudo, na gestão dos tais administradores sem sensibilidade para os problemas da saúde.
E lembrar também que, durante muitos anos, os HH (então SPA's) foram dirigidos por AH, com as consequências e os resultados conhecidos!
E como se pode demonstrar, os HH SA's apesar do curto espaço de tempo da sua duração, apresentaram resultados (económicos, financeiros e de qualidade) que pedem meças aos que vêm sendo apresentados pelos HH EPE's, dirigidos na sua maioria por Administradores Hospitalares.
E recordar ainda casos, tratados aqui no Saúde SA que rairam o rídículo, de decisões de gestão em HH EPE's que deviam, no mínimo, ter dado lugar a "demissão" e que, no entanto, por razões que se adivinham, ainda hoje os responsáveis se mantêm nos cargos.
E quanto a AH tratados como administrativos, reafirmo aquilo que já uma vez escrevi no Saúde SA: conheço alguns AH muito bons (alguns colegas deste blogue), conheço outros assim, assim e conheço alguns que nem para administrativos demonstram competências. São mesmo muito maus; mesmo muito maus.
E no meu hospital ainda hoje exercem funções de responsabilidade acrescida AH's que antes da mudança para SA, andavem perdidos pelos corredores.
Pretender que por se ter tirado uma pós-graduação em AH se deve ter o exclusivo do acesso à gestão de hospitais e outras Instituições de Saúde é uma boa forma de manisfestarmos a nossa ignorância.
Tanto mais que actualmente muitos são os cursos (e pós-graduações e mestrados) que abordam matérias do domínio da gestão em Saúde. E um percurso de vários anos de gestão empresarial e de Adminstração Pública, que diabo, sempre deve valer mais do que uma formação académica pós-graduada após uma licenciatura (muitas vezes) em "ciências ocultas"!
E falar de médicos, admitindo que os mesmos "em princípio, tem uma cultura muito própria que os médicos não gostam de deixar de lado e que pode influenciar alguns aspectos da organização, da disciplina e, sobretudo, de uniformização de procedimentos" esquecendo que os seus colegas AH atulham os hospitais com AH's na defesa de interesss corporativos, muito mais do que dos interessses e necessidades da organização, deixa transparecer falta de respeito pelos outros e "querer ser juíz em causa própria".
MD cumpre o seu papel de defensor da classe a que pertence mas devia ter um pouco mais de humildade e de respeito para com os outros.
Repito aqui a pergunta que lhe foi feita e cuja resposta se ficou pelas "meis tintas":
"Está há muito tempo na gestão de hospitais. Significa que agradou a muitos governos. Como é que isso se faz?"
É práí a vigésima vez que o tonitosa escreve estas coisas. Desde o início do saudesa.
Dá-lhe gozo.
É viró disco e toca o mesmo.
Tenho de descobrir onde é o Hospital do Tonitosa.
Suspeito que o tonitosa é chefe da contabilidade do hospital de Tondela ? Alguidares de cima? Folgozinho? Favaios? D.Pedro?
O Tonitosa desde o tempo do Luís Flipe nunca mais foi nomeado. Tamanho esquecimento trá-lo amargurado, ressentido.
Deixe lá, com a Manela, a coisa talvez se componha!!
O que o Tonitosa aqui faz é um exercício de má lingua.
Impublicável.
Cara Helena,
Eu sei que há verdades que custam a "ler".
Aponte, neste meu comentário algo que não seja verdadeiro pois só assim poderá ter alguma razão para acusar-me de ter feito um exercício de má lingua.
O respeito que as pessoas, enquanto tal, me merecem nunca me inibirá de expressar a minha discordância e reacção a afirmações que considere incorrectas.
E os "impropérios" que alguns me dirigem, como já deve ter verificado, nem sequer me atingem.
Não devo gastar o meu tempo a reagir a aleivosias.
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