CTH
Regulamento da Consulta a Tempo e Horas (CTH)
Foi publicada a portaria n.º 615/2008 (11.07.08) com o Regulamento do Sistema Integrado de Referenciação e de Gestão do Acesso à Primeira Consulta de Especialidade Hospitalar nas Instituições do SNS, designado por Consulta a Tempo e Horas (CTH) link
As dificuldades do actual sistema são conhecidas: a) tempos de espera elevados ; b) défice de confidencialidade da informação clínica enviada pelo Centro de Saúde; c) circuito de pedidos complexo e moroso ; d) perdas de informação (frequentemente ilegível e com lacunas); e) excesso de papel no Processo Clínico.
Foi publicada a portaria n.º 615/2008 (11.07.08) com o Regulamento do Sistema Integrado de Referenciação e de Gestão do Acesso à Primeira Consulta de Especialidade Hospitalar nas Instituições do SNS, designado por Consulta a Tempo e Horas (CTH) link
As dificuldades do actual sistema são conhecidas: a) tempos de espera elevados ; b) défice de confidencialidade da informação clínica enviada pelo Centro de Saúde; c) circuito de pedidos complexo e moroso ; d) perdas de informação (frequentemente ilegível e com lacunas); e) excesso de papel no Processo Clínico.
O projecto "Consulta a Tempo e Horas" desenvolvido pelo MS no âmbito do Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa (Simplex), tem por objectivo fundamental melhorar o acesso às primeiras consultas de especialidade dos hospitais.
Para atingir este fim a CTH aposta no aperfeiçoamento da comunicação entre Hospital e Centros de Saúde e na triagem e gestão de marcação de Primeiras Consultas de todas as Especialidades, através do estabelecimento de prioridades de marcação de Consultas com base em critérios clínicos de acordo com a gravidade clínica dos utentes.
A CTH visa ainda a Identificação das necessidades de acesso às primeiras consultas hospitalares e por especialidade, por parte de cada unidade de cuidados de saúde primários, e a capacidade de resposta por hospital do SNS, garantindo tempos máximos de resposta para cada nível de prioridade. Garantir a produção de dados e de indicadores comuns e uniformes de contagem e de medida de tempo até à realização da consulta.
Para atingir este fim a CTH aposta no aperfeiçoamento da comunicação entre Hospital e Centros de Saúde e na triagem e gestão de marcação de Primeiras Consultas de todas as Especialidades, através do estabelecimento de prioridades de marcação de Consultas com base em critérios clínicos de acordo com a gravidade clínica dos utentes.
A CTH visa ainda a Identificação das necessidades de acesso às primeiras consultas hospitalares e por especialidade, por parte de cada unidade de cuidados de saúde primários, e a capacidade de resposta por hospital do SNS, garantindo tempos máximos de resposta para cada nível de prioridade. Garantir a produção de dados e de indicadores comuns e uniformes de contagem e de medida de tempo até à realização da consulta.
Além das boas medidas atrás referidas, estão criadas condições, a partir do próximo ano, para a implementação de um sistema de vales para encaminhamento dos doentes da Consulta Externa, com tempos de resposta superiores aos previstos nesta portaria, para os consultórios convencionados . Mais uma achega ao desenvolvimento do sector privado da Saúde.
Etiquetas: s.n.s
11 Comments:
AQUI D'EL REY!...
Toda a gente compreende as preocupações da CTH, e as medidas de acesso à primeira consulta hospitalar.
Quanto ao tipo e ao modelo referenciado poderão haver questões ignoradas nesta recentíssima portaria.
Há um enorme conjunto de anomalias que provocam dificuldades operacionais no actual sistema (e não só o aumento do tempo de espera) e uma delas, se não a mais relevante, é exactamente o quase total bloqueio das comunicações entre CPS e Hospitais.
Só numa reduzida parte do território estará a funcionar uma rede informática de marcação de consultas e de retorno. Só esporadicamente essa rede tem qualidade.
O que encontramos entre os nossos HH's e os CPS é um conjunto de ilhas de informação com dificuldade de interligação entre si, ponto a ponto.
Estas dificuldades existem a vários níveis dos serviços, mas são "tradicionais" nos serviços administrativos e bem mais críticas ao nível clínico, onde são "inexistentes”, quando não "ineficazes" as soluções entretanto tentadas.
A primeira pergunta a colocar perante este desafia de equidade é o sistema informático está a funcionar?
A outra, diz respeito à referenciação que, como é lógico, decorre da "Identificação das necessidades de acesso às primeiras consultas hospitalares e por especialidade" (portaria dixit) , feita nos CPS’s.
Para aí a comunicação entre os 2 níveis de cuidados e começam as dificuldades em controlar as consultas hospitalares (não só as 1ªs consultas).
Creio que recentemente ouvi do Dr. Pisco afirmar que os CPS estão capacitados para resolver – números retirados de padrões internacionais que “espantam” os profissionais médicos hospitalares - 95 % das situações clínicas que os utentes colocam no dia a dia.
Em Portugal, os médicos que alguma vez trabalharam em HH's, sabem que não é isso que se passa. Nem vai começar a passar-se com as USF’s (ao fim e ao cabo em termos técnicos são os mesmos profissionais).
Aliás, e o mais grave é que todo este sistema de CTH esconde o carácter unívoco deste modelo, fazendo tábua rasa sobre qualquer tipo de cooperação entre os diversos níveis de cuidados que uma simples consulta pode envolver.
Isto, em termos de custos pode ficar muito caro.
Em termos polítcos é, em nome dos doentes, abrir o caminho para a iniciativa privada.
Ao menos que não seja invocado o nome e a situação dos doenets. Que a justificação seja feita em nome do negócio.
E vou adiantar só uma "simulação":
Os serviços dos HH's, começam a fazer perante os doentes "em carteira" nas actuais consultas uma política de "cativeiro" (isto é prorrogam as altas) criando um congestionamento de acesso. Muito deste congestionamento não é “fabricado” por medida táctica ou defensiva, mas porque os CPS não colaboram no seguimento do doente. È ver ( e ler) o recente comunicado da FNAM sobre a requisição dos meios complementares de diagnóstico, que pretendendo organizar localmente acaba por ferir a uiversalidade do SNS. Falamos de meios de requisição dos meios complementares de diagnóstico e não cooperação no seguimento pós-hospitalar dos doentes.
Mas há outros óbices. A triagem, cujas prioridades pretendendo ser expeditas, acabaram muito simplificadas: Muito prioritário, Prioritário e prioridade normal. Gosto da filosofia que está inerente a esta grelha. Primeiro, é de tal maneira simplista e básica que deve ser +ara ser preenchida pelo maqueiro ( sem nenhuma desonra para essa profissão).
Depois aquela expressão: "prioritário normal"!.
Será que queriam dizer "não prioritário" ou "sem prioridade"? Ou, então, apesar da prioridade ser nula ou insignificante pretende incluir (transferir) estes doentes serviços exteriores contractualizados, com um vale na mão?
E o que se passa (ou passará) quando doentes não prioritários chegarem, de um dia para o outro, às consultas hospitalares de especialidades, como muito prioritários.
Haverá pontuações para os CPS em relação à prática reiterada destes erros?
Haverá penalizações a quem retirou uma vaga a um doente verdadeiramente "muito prioritário"?
Estamos com pressa de andar depressa.
Mas como diz o povo: "depressa e bem não há quem"!
Em minha opinião existem insuficiência de integração dos programas informáticos e de sistemas que garantam uma boa operacionalidade.
Também, em algumas situações, não existirão compatibilidades de dados.
Será necessária uma rigorosa disciplina na introdução de dados nos sistemas de informação;
Muito embora o suporte de papel seja um meio devassável, e nisso estamos todos de acordo, é necessário cuidar pela segurança de dados que circularam por uma tão ampla rede (pela totalidade da rede do SNS) e interligam diversos sistemas. As seguradoras de Saúde, principalmente as que se dedicam ao ramo de vida, estarão à espreita…
Finalmente, aqui o MS abandonou a prioridade À CONTRATUALIZAÇÃO INTERNA (tão reclamada pela Ministra perante Teixeira dos Santos para o ADSE).
O CTH poderia detectar serviços hospitalares com capacidade de resposta a Tempo e Horas e comprar-lhe, ou endossar-lhe, 1ªs consultas.
Na verdade, parece que a portaria n.º 615/2008 (11.07.08) acabará por entregar de bandeja parte substancial dos utentes das consultas externas hospitalares do SNS de bandeja ao sector privado.
Ao estipular a classificação dos graus de prioridade pelos CPS se não existirem penalizações para os erros ou os desvios de normas de boas práticas, a portaria referida é, pura e simplesmente, a declaração de falência dos cuidados hospitalares e fará os HH’s meter um vale à caixa como faziam os amanuenses nos velhos tempos de secretariados.
Nota para reflexão: Grande número de doentes do SNS, chegam aos HH's a necessitar cuidados para situações agudas, sem uma (uma, repito) hipótese diagnóstica. A maioria traz descrição de sintomas (às vezes um rol) o que, qual médico sabe, quando mal estudados e não enquadrados organicamente no todo que é o doente, pode induzir intervenções fora das boas práticas, negligentes, etc.
A não existência de um diagnóstico clinicamente bem pesquisado e bem sustentado por MCDT não permite qualquer classificação de grau de prioridade. Mais vai suceder diariamente.
Salvo o devido respeito que me merece a Drª. Maria Leitão Marques (em Coimbra todos nos conhecemos...), responsável por mais esta modernização administrativa, na ânsia de simplificar podemos em vez de suprimir burocracias, atropelar regras e, pior, abrimos muitas portas a todo o tipo de erros, perversões e favorecimentos, o que em relação aos pilares do SNS constitui uma intolerável iniquidade.
3 sugestões (penso que já tardias...)
1.) Não seria melhor haver uma colaboração mais ampla, diversificada e organizada (interdisciplinar) no melhoramento e orientação dos circuitos internos do SNS?
2.) Não seria imperioso previamente verificar e testar - com rigor - a rede informática que serve o SNS (nomeadamente HH's CS's)?
3.) Ou, finalmente, testar uma nova metodologia de contractualização interna, eventualmente, com esquemas do tipo “supply chain” ?
Lendo a Portaria e o Regulamento e analisando toda uma burocrática teia de procedimentos, sempre me ocorre perguntar:
Onde está o SIPLEX destes processos?
Não estamos perante mais um "faz de conta"? E não estamos a complicar coisas simples?
Bem, sempre se criam mais uns lugares de coordenação!
Caro Tonitosa:
Se não existirem sanções para os "golpes", amizades, compadrios, etc., num País como o nosso, os CPS vão tornar-se, primeiro, em "centros de cunhas" para consultas rápidas e, passado pouco tempo, esgotado este expediente, num balcão emissor de vales...
Simplex!
É de saudar a apresentação de soluções para resolver o problema do acesso ás consultas hospitalares. Considero no entanto que as medidas apresentadas na portaria n.º 615/2008 são não só insuficientes como podem ter como consequência o entupimento do sistema. Diria que Simplex sim mas nem tanto.
Para ser eficaz, um processo desta natureza implica um relacionamento institucional muito para além da troca de informação de dados clínicos, é fundamental que os corpos clínicos se conheçam e partilhem informações por outros meios que não a simples e tecnocrática circulação de dados por via electrónica.
Tomemos um exemplo, consta da portaria que “a recusa pelo triador não pode ter por fundamento a falta de remessa de meios complementares de diagnóstico ou a insuficiência de informação clínica”. Imagine-se que os hospitais são assoberbados com pedidos de consultas com informações mínimas (cefaleia, palpitações, dores lombares etc. etc.……) como resolver o problema? É evidente que o triador pode solicitar mais informação, mas entretanto a consulta foi adiada e se este processo for iterativo toda a filosofia de prioridades vai por água abaixo.
Uma medida complementar á prevista na presente portaria seria a da deslocação de médicos hospitalares, em regime de consultoria, aos Centros de Saúde. Como sabemos, a partir dos 50 anos os médicos podem requerer escusa de prestação de Serviço de Urgência não havendo muitas vezes a preocupação de destinar estas horas a outras actividades. Assim sendo, por que não aproveitar nesse sentido a experiência e maior disponibilidade destes profissionais? É que, entre outras, a medida teria como vantagens a troca de informação e partilha de saberes entre colegas e a triagem imediata das situações mais graves, obstando que os doentes com situações mais simples se desloquem aos hospitais. Esta solução não é aliás inédita, ela tem sido aplicada aqui e ali, quando há boas vontades e o interesse do doente assume prioridade.
Naturalmente que a sua generalização implica outra cultura organizativa e uma maior pró actividade dos profissionais, que de alguma forma parece estar assegurada nos Cuidados Primários, como é aliás sublinhado no preâmbulo da portaria:
- No âmbito da reforma dos cuidados de saúde primários, assume prioridade a facilitação no acesso às consultas de medicina geral e familiar, um dos pilares em que assentam as unidades de saúde familiares (USF) enquanto novas modalidades organizativas, estruturadas em equipas multidisciplinares com maior autonomia. No mesmo espírito se insere a reorganização dos centros de saúde e a criação de novas unidades funcionais, previstas no Decreto –Lei n.º 28/2008, de 22 de Fevereiro, que cria os agrupamentos dos centros de saúde.
Como todos sabemos, não se trata apenas de uma nova cultura organizativa mas também da aplicação de uma política de incentivos que motive os profissionais a fazer mais e melhor. E que temos nós da parte hospitalar a este respeito para além do SIGIC? Precisamente o contrário, a última proposta reformista que se conhece foi o convite de Correia de Campos a que os profissionais que o desejassem solicitassem o regime das 20 horas de trabalho. Há pois muito que fazer do outro lado para que medidas destas sejam eficazes.
Se efectivamente se quer que o Sistema funcione há que avançar rapidamente com a reforma hospitalar, caso contrário e passo a citar o Xavier “ estão criadas condições para a implementação de um sistema de vales para encaminhamento dos doentes da Consulta Externa, com tempos de resposta superiores aos previstos nesta portaria, para os consultórios convencionados. Mais uma achega ao desenvolvimento do sector privado da Saúde”.
ELEIÇÕES A QUANTO OBRIGAS...
Para além de toda a "burocracia" desta CTH , apelidada de "simplex", quem andou anos a fio a triar P1 (pedidos de consulta em suporte de papel) sabe que a maior parte deles não trazem quaisquer hipóteses diagnósticas.
Alguns referem sintomas (ou um rol de sintomas), outros ainda, utilizam designações populares do estilo calão (dores nas costas, etc.).
Raramente o doente foi avaliado na globalidade.
Se não houver um sistema de conversação diversificado - o informático é essencial mas pode não ser suficiente - vamos assistir a um jogo muito popular nas instituições de saúde portuguesas:
"o jogo do empurra".
1ª pergunta:
- sem hipótese diagnóstica prévia (clinica e laboratorialmente fundamentada) é possível por este sistema a funcionar?
2ª pergunta:
Diz o texto do Portal da Saúde
-"A CHT materializa-se na criação de um sistema integrado de referenciação e gestão do acesso à primeira consulta de especialidade hospitalar e baseia-se na existência de uma base de dados única, integrada e actualizada."
Isto vai suceder em Portugal até 31de Dezembro de 2008?
Haja dó!
Novas tecnologias da informação ao serviço da Saúde
Desumanização da consulta é risco a evitar
É inquestionável a utilidade clínica das tecnologias da informação, tanto no meio hospitalar como nas USF. No entanto, algumas questões se levantam, nomeadamente o perigo de desumanização da consulta e a perda de confidencialidade dos processos.
A introdução de uma mudança nem sempre é bem aceite por todos, porém, com o passar do tempo, essa mudança passa a ser imprescindível no dia-a-dia, mesmo daqueles que inicialmente tinham dificuldade em aceitá-la. Foi assim com o aparecimento de novos meios e técnicas de diagnóstico e será assim, também, com a introdução das novas tecnologias de informação na prática clínica.
Esta foi a conclusão a que chegou um vasto grupo de especialistas que debateu este tema numa mesa-redonda que decorreu no auditório do Hospital dos Capuchos, no passado dia 10, organizada pela Associação Portuguesa de Engenharia e Gestão da Saúde e que contou com as participações de João Gamelas, presidente do conselho geral desta entidade, Manuel Brito, administrador do Centro Hospitalar de Lisboa Central, e José Costa, director da Intersystems.
«Quando falamos em mudanças e de novos instrumentos para a Saúde, pensamos sempre como podemos melhorar o nosso rendimento individual e o rendimento da nossa organização», afirmou João Gamelas.
Num período em que todos os investimentos têm de ser bem pensados, ponderando a relação custo/benefício, a introdução de tecnologias da informação na Saúde é, segundo o especialista, «inevitavelmente prioritária, não só pelo retorno em termos de investimento, mas também pela optimização dos serviços e do rendimento».
Documentos ilegíveis, dificuldade de consulta de arquivo em tempo real, processos duplicados, extravio de processos e exames repetidos são alguns dos problemas frequentes nos hospitais onde o papel ainda domina. «É daqui que temos de sair, a caminho de um futuro que nos permita eliminar ou, pelo menos, minimizar o uso do papel», erradicar «desperdícios, repetições, extravios», e promover «mais e melhor acesso aos doentes e mais e melhor comunicação entre os médicos e outros profissionais de saúde», argumentou João Gamelas.
Mais segurança, maior durabilidade e legibilidade dos processos, dos registos e dos exames, e menos burocracia é o que prometem as novas tecnologias da informação no âmbito da Saúde. Neste sentido, o dirigente lembrou ainda que «teremos uma diminuição do risco e do erro, com possibilidade de alertas, de retorno de informação, de confirmação de algumas prescrições mais críticas».
Em Portugal já se fazem prescrições electrónicas legíveis, exactas, completas, com alertas sobre doses incorrectas, e começa também a surgir a digitalização de imagens e exames de diagnóstico, e a marcação de consultas por meios electrónicos. A grande dificuldade reside na introdução da história clínica dos doentes em suporte informatizado.
História clínica unificada
«A história clínica é uma forma organizada de ver, ouvir e tocar o doente, com um factor fundamental, o registo. É nesta óptica que a história clínica é fundamental na abordagem e acompanhamento do doente», afirmou Manuel Brito, salientando que se trata de uma questão cultural, na qual se está a introduzir uma mudança «muito mais profunda do que possa parecer».
«Como é que vamos encaixar estas novas tecnologias na nossa forma clássica de fazer a história clínica?, que será feito dos longos resumos que escrevíamos nos registos dos doentes, alguns deles verdadeiros romances, pela linguagem elaborada que muitos colegas utilizavam?», questionou o administrador do Centro Hospitalar de Lisboa Central.
Sem saber ainda que informação deve ser registada, Manuel Brito voltou a interrogar se se deve manter o texto livre, eliminando detalhes que possam ser úteis no futuro, ou, pelo contrário, multiplicar a informação, sob o risco de estar a juntar «lixo» que será fonte de confusão para todos os especialistas a quem aquele registo chegar. «É preciso encontrar aqui o equilíbrio», defendeu o especialista, reconhecendo que tem sentido alguma dificuldade.
Sendo certo que as novas tecnologias trazem uma nova forma de organizar e estruturar a informação, «era estranho que isso não se cruzasse com a nossa prática clínica», pois «não há dúvida de que termos no nosso quotidiano acesso a uma série de dados e indicadores de uma forma rápida é uma mais-valia extraordinária», sublinhou.
Confidencialidade e humanização
A par das vantagens de toda esta inovação, duas grandes dúvidas se levantem: a primeira é referente à confidencialidade dos dados dos doentes e a segunda reside na possibilidade de desumanização da consulta.
«Creio que há aqui algum fundamentalismo, porque como sabemos a confidencialidade que hoje temos com os nossos registos é muito pouca», uma vez que «os processos percorrem os hospitais e saltam de mão em mão», defendeu Manuel Brito.
Relativamente ao risco de desumanização da consulta, o especialista relatou que, numa breve revisão das reclamações dos doentes, começou a aperceber-se de queixas pouco comuns.
«Os doentes queixam-se de que, na Urgência, os médicos não olham para eles, só olham para o computador. Esta era uma queixa que não tínhamos há uns anos», afirmou Manuel Brito.
Reconhecendo os benefícios das tecnologias da informação, Carlos Pereira Alves revelou-se, durante a sessão de debate, mais céptico quanto à introdução de novas «máquinas» entre o médico e o doente. «Dos sete minutos que tenho para consultar um doente, cinco são perdidos a olhar para o computador para introduzir os dados que o doente me apresenta», descreveu. Para além disso, continuou, «aceito que o processo seja importante, mas receio que se perca a parte clínica em função da informática. Não podemos esquecer que somos médicos».
Também o urologista Reis Santos, moderador do debate, defendeu que a vertente clínica não pode ser trocada pela informática. Contudo, acredita que «se nos adaptámos ao multibanco, à via verde e ao telemóvel, com o tempo conseguiremos adaptar-nos a esta nova forma de fazer Medicina».
Tempo de Medicina 14.07.08
Isto está amplamento testado noutros países como a Dinamarca, Holanda, Alemanha.
O que parece preocupar verdadeiramente os senhores clínicos, e não dizem, é que a sua actividade vai passar a estar devidamente monitorizada e susceptível de avaliação por parte não só das administrações mas também dos utentes.
Parece haver aqui alguma confusão com a CTH que merece a pena esclarecer.
«Actualmente, em relação à marcação de 1.ªs consultas, os serviços hospitalares responsáveis exigem normalmente um conjunto de requisitos desajustados (exames, TAC) que além do empastelamento do circuito e consequente atraso de acesso dos utentes, traduz-se em gastos desnecessários para o SNS. Para ultrapassar esta dificuldade os requisitos inerentes às diversas consultas de especialidade foram estudados por peritos da Faculdade de Medicina.
A "Consulta a Tempo e Horas" não é um projecto tecnológico nem de referenciação. Trata-se de um projecto nacional de reorganização, dirigido à mudança das Consultas Externas Hospitalares de forma a melhorar o seu acesso por parte dos utentes do SNS.»
SaudeSA
Cara Helena:
Quando se tabelece um programa que estabelece prioridades, obviamente qie é tecnológico.
Quando esse programa é um banco emissor de "vales" é um programa de referênciação.
Mais, esta programa é uma tímida mas a primeira grande interface entre o sector públioo e privado.
Tem grandes potenciais de desenvolvimento.
Ao largo das tecnologias de comunicação neessárias, promovendo uma gestão do acesso paroquial e desvalorizando a existência (melhor diria constatando a inexistência)de uma base de dados única, integrada e actualizada. Vamos entrar nas duplicações, repetições de exames, consultas reparidas e interrompidas (começei no HH X, mas depois fui chamada para o Y que me pareceu melhor, estou à espera do HH Z que é o máximo.) Entenda-se os HH's X, Y e Z como públicos ou privados.
Portanto, reorganização mas também inovação tecnológica(informática) e de gestão integrada.
Muito mais complicado, não é?
Cara Helena: este passo, tímido, incial, poderá ser o cavalo de Troia.
E a Helena sabe o que sucedeu (pelo menos na mitologia homérica).
Finalmente,
Caro tambemquero:
"Isto está amplamento testado noutros países como a Dinamarca, Holanda, Alemanha.
O que parece preocupar verdadeiramente os senhores clínicos, e não dizem, é que a sua actividade vai passar a estar devidamente monitorizada e susceptível de avaliação por parte não só das administrações mas também dos utentes."
São tiradas deste teor que afastam os profissionais médicos de um projecto.
Não há maneira de os Administradores meterem na cabeça que os médicos não estão a fazer anualmente milhões de consultas externas (quer de CG quer de especialidades), em todo o território nacional, para serem avaliados por administradores, ou com o "pavor" de serem avaliados pelos gestores.
Fazem-nas porque é a sua obrigação perante os doentes e conforme os seus meios, sistemas de gestão de acessos e a educação sanitária das populações que serão diferentes em Portugal, Dinamarca, Holanda, Alemanha...
Aliás, eu que trabalhei como médico na Alemanha, posso dizer-lhe que está a confundir uma data de coisas a começar pelo sistema.
Entenda que desde há muito tempo os Administradores deixaram de preocupar os médicos. São cooperantes neste longo processo de prestar um serviço essencial aos Portugueses. Não têm poderes especiais, nem se submeteram ao veridicto popular.
Caro tambemquero:
Não leve uma vida baseada numa visão tão dicotómica:
Os médicos a trabalharem (bem ou mal, não está em discussão) e os Administradores a espreitarem...
É que qualquer dia vai haver alguém a espreitá-lo...ou então já estará no sector privado - um dos possíveis beneficiados desta medida simplex.
Senão não trabalhará no SNS, como um serviço integrado, na sua visão o que existe é um ninho de ratos ou de víboras.
Primeira consulta hospitalar no prazo máximo de 9 meses
14.07.2008, Alexandra Campos
Acho que a jornalista quis dizer 5 meses.
«Para assegurar o cumprimento destes objectivos, está já a ser desenvolvido um sistema de informação, que em breve estará operacional em todos os hospitais, centros e extensões de saúde. »
Toda esta prerífrase para dizer: AlertP1
«A portaria prevê o alargamento da Consulta a Tempo e Horas às entidades convencionadas ou privadas, EM TERMOS A DEFINIR. Ou seja, só uma próxima portaria irá definir os termos em que será utilizado o sistema convencionado.
Ou seja, são muitos azares num só artigo.
Quis dizer perífrase, como é evidente.
Não concordo com a proposta do Tá visto sobre a consultadoria dos médicos HHs.
Já concordo que é necessário estreitar as relações interfuncionais HH CS.
Exemplar o caso de alguns HHs (por exemplo Curry Cabral) que fazem deslocar médicos aos Centros de Saúde para a realização de consultas de especialidade.
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