Novo coordenador
Das Doenças Cardiovasculares, Rui Ferreira aponta a falta de organização como o maior problema. link
...Tempo de Medicina (TM) — Quando afirmou, há umas semanas, que o principal problema das vias verdes era de logística e de organização, estava a falar em áreas específicas do País?
Rui Ferreira (RF) — Estava a falar de uma maneira geral. Há uma grande problemática que vai ter de ser encarada de frente e que, neste momento, é um dos grandes problemas: o transporte inter-hospitalar. O INEM tem a sua actividade sobretudo dirigida para a assistência pré-hospitalar, que funciona bastante bem, sobretudo devido a uma modificação e progressão muito significativa nos últimos anos. Actualmente, o que há a fazer é verificar como é que esse esquema de emergência pré-hospitalar pode ser transposto ou avançar no sentido de se criar uma rede de referenciação inter-hospitalar de Urgência que funcione em moldes adequados, principalmente em termos de rapidez.
Há situações que necessitam de organização neste sentido. Por exemplo, estou num serviço onde há recursos subutilizados, com capacidade para fazer um maior número de intervenções em fase aguda e que, também a título de exemplo, poderia ter mais doentes que fossem submetidos a angioplastia primária. Tenho possibilidades técnicas e tenho recursos humanos para o fazer, simplesmente os doentes não nos chegam no número a que podemos dar resposta. Isso é claramente um problema de organização, porque acredito que em outras zonas do País, onde haja possibilidade em termos de distância e tempo, os doentes possam ser canalizados para centros que tenham maior folga na capacidade de resposta.
Rui Ferreira (RF) — Estava a falar de uma maneira geral. Há uma grande problemática que vai ter de ser encarada de frente e que, neste momento, é um dos grandes problemas: o transporte inter-hospitalar. O INEM tem a sua actividade sobretudo dirigida para a assistência pré-hospitalar, que funciona bastante bem, sobretudo devido a uma modificação e progressão muito significativa nos últimos anos. Actualmente, o que há a fazer é verificar como é que esse esquema de emergência pré-hospitalar pode ser transposto ou avançar no sentido de se criar uma rede de referenciação inter-hospitalar de Urgência que funcione em moldes adequados, principalmente em termos de rapidez.
Há situações que necessitam de organização neste sentido. Por exemplo, estou num serviço onde há recursos subutilizados, com capacidade para fazer um maior número de intervenções em fase aguda e que, também a título de exemplo, poderia ter mais doentes que fossem submetidos a angioplastia primária. Tenho possibilidades técnicas e tenho recursos humanos para o fazer, simplesmente os doentes não nos chegam no número a que podemos dar resposta. Isso é claramente um problema de organização, porque acredito que em outras zonas do País, onde haja possibilidade em termos de distância e tempo, os doentes possam ser canalizados para centros que tenham maior folga na capacidade de resposta.
TM — Que tipo de investimento é, então, necessário fazer?
RF — Tem de haver investimento a vários níveis. O primeiro, e mais simples, é nos centros que constituem os nós da rede, os quais têm de estar devidamente equipados. Além disso, tem de haver uma malha nacional, nomeadamente com unidades de AVC, que em alguns casos estão a arrancar, mas que é um processo que não está ainda no ponto óptimo de desenvolvimento. Por outro lado, há centros de urgência cardiológica com problemas de recursos humanos. Um centro com angioplastia primária precisa de funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana. Se num centro há apenas duas ou três pessoas a assegurar, única e exclusivamente, uma sala de hemodinâmica, então não há pessoal suficiente para garantir este tipo de funcionamento, pelo que é preciso intervir em termos de fornecimento dos recursos humanos adequados.
Além do investimento ao nível dos nós da rede, tem de ser garantido o transporte inter-hospitalar. Um doente chega a uma Urgência básica e tem de ser transportado para um centro de angioplastia primária. Quem faz o transporte inter-hospitalar neste momento? Os serviços de Urgência básica têm problemas de recursos humanos e transporte que não podem resolver caso a caso, por isso tem de haver regras de funcionamento e alguém que lhe garanta o transporte. E isto é também um problema logístico. Basicamente, são estes pontos que estarão na ordem do dia nos próximos tempos.
RF — Tem de haver investimento a vários níveis. O primeiro, e mais simples, é nos centros que constituem os nós da rede, os quais têm de estar devidamente equipados. Além disso, tem de haver uma malha nacional, nomeadamente com unidades de AVC, que em alguns casos estão a arrancar, mas que é um processo que não está ainda no ponto óptimo de desenvolvimento. Por outro lado, há centros de urgência cardiológica com problemas de recursos humanos. Um centro com angioplastia primária precisa de funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana. Se num centro há apenas duas ou três pessoas a assegurar, única e exclusivamente, uma sala de hemodinâmica, então não há pessoal suficiente para garantir este tipo de funcionamento, pelo que é preciso intervir em termos de fornecimento dos recursos humanos adequados.
Além do investimento ao nível dos nós da rede, tem de ser garantido o transporte inter-hospitalar. Um doente chega a uma Urgência básica e tem de ser transportado para um centro de angioplastia primária. Quem faz o transporte inter-hospitalar neste momento? Os serviços de Urgência básica têm problemas de recursos humanos e transporte que não podem resolver caso a caso, por isso tem de haver regras de funcionamento e alguém que lhe garanta o transporte. E isto é também um problema logístico. Basicamente, são estes pontos que estarão na ordem do dia nos próximos tempos.
TM — O financiamento é o grande constrangimento desta reforma?
RF — Não tenho a certeza se esse é o principal constrangimento. Não temos um sistema ideal e há diferentes constrangimentos que se vão pôr, mas diria que não é essa a grande questão neste momento. Conheço vários países europeus que têm recursos equivalentes aos nossos, que dispõem de meios tecnológicos, em alguns casos, inferiores aos nossos e que conseguiram esquemas organizativos muito mais avançados. Portanto, não é exclusivamente o investimento financeiro que está em jogo no meio de tudo isto, até porque, como disse, temos já equipamento avançado e estamos melhor em muitas situações do que alguns países da Europa...
Tempo de Medicina, 14.07.08, Susana Ribeiro Rodrigues
RF — Não tenho a certeza se esse é o principal constrangimento. Não temos um sistema ideal e há diferentes constrangimentos que se vão pôr, mas diria que não é essa a grande questão neste momento. Conheço vários países europeus que têm recursos equivalentes aos nossos, que dispõem de meios tecnológicos, em alguns casos, inferiores aos nossos e que conseguiram esquemas organizativos muito mais avançados. Portanto, não é exclusivamente o investimento financeiro que está em jogo no meio de tudo isto, até porque, como disse, temos já equipamento avançado e estamos melhor em muitas situações do que alguns países da Europa...
Tempo de Medicina, 14.07.08, Susana Ribeiro Rodrigues
Etiquetas: Epidemias
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