Hospital de Ponta Delgada
A Ordem dos Médicos (OM) foi verificar in loco se o Hospital de Ponta Delgada tem o bloco operatório encerrado durante a noite, depois de ter recebido uma denúncia de que isso estaria a acontecer. "Se assim for, é grave, porque este é um hospital de fim de linha, à volta só há mar", considera Carlos Santos, presidente do colégio da especialidade de cirurgia geral da OM, que ontem foi fazer o ponto da situação a Ponta Delgada. link
JP 10.07.08, alexandra campos
JP 10.07.08, alexandra campos
Os Açores não são uma região transfronteiriça. São uma região europeia ultra-periférica, com fronteiras com o Atlântico e uma grande dispersão territorial.
Uma região especial, nomeadamente pelo seu isolamento geográfico.
A situação que se verifica no Hospital de Ponta Delgada é grave. É uma quebra abrupta na continuidade da acessibilidade, isto é, na garantia da assistência e o acesso, durante as 24 horas.
Começam a vir ao de cima as dificuldades resultantes da falta de médicos.
A Ordem dos Médicos não está em condições de garantir, dadas as limitações das suas competências, as boas condições de funcionamento.
Mas, tenho uma certeza.
O Governo Regional terá de fazer mais e melhor.
O que ficamos todos a perceber foi que, por exemplo, ao irmos de férias para as Ilhas, corremos riscos.
As Directivas europeias não contemplam estas descontinuidades territoriais e as consequentes barreiras nas vias de acesso a situações de urgência. Pior que as listas de espera cirúrgica, onde, para além das situações oncológicas, há um tempo de espera aceitável.
Como se diz popularmente:
A caridade começa em casa, mas não deveria terminar lá.
Primeiro resolver a situação dos Açores, depois discutir a "directiva Vassiliou".
Uma região especial, nomeadamente pelo seu isolamento geográfico.
A situação que se verifica no Hospital de Ponta Delgada é grave. É uma quebra abrupta na continuidade da acessibilidade, isto é, na garantia da assistência e o acesso, durante as 24 horas.
Começam a vir ao de cima as dificuldades resultantes da falta de médicos.
A Ordem dos Médicos não está em condições de garantir, dadas as limitações das suas competências, as boas condições de funcionamento.
Mas, tenho uma certeza.
O Governo Regional terá de fazer mais e melhor.
O que ficamos todos a perceber foi que, por exemplo, ao irmos de férias para as Ilhas, corremos riscos.
As Directivas europeias não contemplam estas descontinuidades territoriais e as consequentes barreiras nas vias de acesso a situações de urgência. Pior que as listas de espera cirúrgica, onde, para além das situações oncológicas, há um tempo de espera aceitável.
Como se diz popularmente:
A caridade começa em casa, mas não deveria terminar lá.
Primeiro resolver a situação dos Açores, depois discutir a "directiva Vassiliou".
e-pa!
Etiquetas: E-Pá
3 Comments:
... O nosso bloco operatório tem 5 salas que funcionam, diariamente, das 8h30h às 15h30 e duas vezes por semana até às 20h00. Não conseguimos fazê-lo funcionar todos os dias até às 20h00 por falta de profissionais. Estou a falar de falta de enfermeiros qualificados para trabalhar no bloco operatório e de falta de anestesistas, porque não temos um número suficiente para conseguir abrir as salas todas as tardes. O mesmo problema se passa em relação aos cirurgiões de terminadas especialidades, como a de otorrino.
Diário dos Açores (DA )- Há falta de enfermeiros no Hospital, mas há enfermeiros no mercado…
Isabel Cássio (I. C.) - Até há bem pouco tempo houve falta de enfermeiros no mercado, o que não acontece hoje. Mas para contratar mais enfermeiros é preciso autorização e orçamento que não há. Apesar de tudo, entraram este ano no Hospital mais 52 enfermeiros. Só que esses enfermeiros novos demoram muito tempo até serem enfermeiros do bloco operatório. Portanto, não é rápido aumentar o número de enfermeiros no bloco, embora isso tenha sido feito no último ano, o que permitiu com que as cirurgias se fizessem à tarde e permitiu também a abertura da cirurgia de ambulatório, uma nova área que abrimos. Isso tudo para dizer que esforço feito foi o de rentabilizar o bloco operatório, que tem taxas de ocupação muito elevadas, que no último ano se situaram nos 94%. Penso que não há mais nenhum hospital do país que possa dizer o mesmo. Isso quer dizer também que não é desperdiçado nenhum tempo de utilização do bloco operatório. A partir daí o programa de recuperação de listas de espera tornou-se necessário pela quantidade de doentes que se acumularam. Se neste momento partíssemos de uma lista de espera 0, provavelmente teríamos só 6 meses de espera para uma cirurgia, mas isso não acontece porque temos um passado acumulado, que agora estamos a tentar gerir, todos os dias, aos sábados e feriados.
Esta recuperação está a funcionar com os mesmos cirurgiões, com os mesmos enfermeiros, com os mesmos anestesistas, só que agora trabalham em tempo extra e que são remunerados também de uma foram extra.
DA - O cansaço dos profissionais também é maior…
I.C. - Todos começam com muito entusiasmo, vontade de resolver as listas de espera e de aumentar a sua remuneração, agora é verdade que as pessoas estão a ficar verdadeiramente cansadas. Contudo, esse esforço é voluntário, porque só aderiu ao programa quem quis. Antes de aderirmos a este programa, consultamos todos os serviços e os profissionais para sabermos se podíamos aderir ou não.
Diário dos Açores, 29/05/2008,
A manta é curta.
Ou há recuperação de listas ou há presença física 24 horas.
ASSIM O CORISCO ACABA MAL AMANHADO…
Ninguém, acrescido do facto de se tratar de uma região como os Açores, onde não há alternativas, pode aceitar esta lógica (julgo que) exposta no Diário dos Açores.
"A manta é curta….
Ou há recuperação de listas ou há presença física 24 horas."
O problema é que depois de ponderar-mos estas declarações chegamos à conclusão que nem há manta.
O sector de Cirurgia Geral do Serviço de Urgências do HH de PD (RAA) está a trabalhar no arame. E sem rede, já que a OM não pode pactuar com as condições verificadas, i. e., dar o seu aval a soluções técnicas improvisadas (mais parecem “remendos”), demitir-se da intervenção na área das boas práticas e assumir qualquer papel deontológico perante os profissionais de Sáude e perante a população açoreana.
O IGAS sabe onde fica a Portela de Sacavém. Apesar de todo o barulho o aeroporto de Lisboa ainda é aí. Marca passagem, toma um avião da TAP ou da SATA e faz o seu trabalho. Os contribuintes pagam para isso. Cada vez mais!
Como se diz nos Açores: não é assim corisco mal amanhado?
Preocupa-me que surjam tantas denúncias relativamente ao que se passa no público e se seja tão tolerante quanto à qualidade do privado. O Público tem que cumprir escrupulosamente as boas práticas definidas pelos Colégios de Especialidade da Ordem, enquanto que os privados definem e praticam as regras para si estabelecidas.
Pergunto, quantos unidades privadas no País mantêm há anos uma urgência aberta estando todas as especialidades de chamada? Quantas parturientes não são admitidas e atendidas pela Enfermeira Parteira de serviço sendo o Obstetra, sim o Obstetra, porque na maioria dos casos não se trata de uma equipe médica, chamado na hora? Quantas crianças nascem nestas condições sem ter um Pediatra a assisti-las. A Ordem dos Médicos tem tido a preocupação de verificar a idoneidade das unidades privadas ou só actua mediante denúncias?
Relativamente ao Hospital de Angra há a dizer que: Entre um bloco operatório estar fechado no período nocturno ou em regime de prevenção estando a equipe cirúrgica de chamada, vai uma diferença enorme. Admito até que, do ponto de vista custo/eficiência, esta possa ser a situação mais indicada em muitos hospitais tendo em conta o número reduzido de urgências nocturnas.
O colega Carlos Santos defende que um Cirurgião Geral tem de estar presente porque o tempo é determinante nesta área: "Em cirurgia geral, principalmente no caso dos traumatismos, cinco minutos podem representar a diferença entre a vida e a morte". Este é um argumento que serve para tudo, pela mesma ordem de ideias teria de haver Neurocirurgiões e Cirurgiões Torácicos espalhados pelo País inteiro. Há que ter os pés bem assentes na terra, bom-senso e honestidade, não se peça o impossível ao SNS sob a pena de, fazendo-o cair em descrédito, estarmos a liquidá-lo.
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