O "aperto" do BCE
Como se esperava, o Banco Central Europeu subiu os juros de referência em 0,25 pontos percentuais, para 4,25 por cento, o valor mais alto desde Setembro de 2001. link
O BCE quer evitar que a inflação na zona euro se agrave (disparou para os 4 por cento, o pior registo de sempre) mas o excelente artigo de Sérgio Aníbal link publicado hoje no Público mostra que Portugal é um dos países que poderá ser mais afectado pela subida dos juros.
A inflação em Portugal é a segunda mais baixa dos países do euro; já o ritmo de crescimento é o segundo mais fraco e a taxa de desemprego a terceira mais alta.
O problema em Portugal não é a subida dos preços, é a necessidade de maior crescimento económico. Que pode ser travado por esta subida dos juros.
A decisão de hoje do BCE pode servir economias como a alemã mas para Portugal não se justificava o "aperto".
Pedro Moreira, Bruxelas.
O BCE quer evitar que a inflação na zona euro se agrave (disparou para os 4 por cento, o pior registo de sempre) mas o excelente artigo de Sérgio Aníbal link publicado hoje no Público mostra que Portugal é um dos países que poderá ser mais afectado pela subida dos juros.
A inflação em Portugal é a segunda mais baixa dos países do euro; já o ritmo de crescimento é o segundo mais fraco e a taxa de desemprego a terceira mais alta.
O problema em Portugal não é a subida dos preços, é a necessidade de maior crescimento económico. Que pode ser travado por esta subida dos juros.
A decisão de hoje do BCE pode servir economias como a alemã mas para Portugal não se justificava o "aperto".
Pedro Moreira, Bruxelas.
Etiquetas: PM
3 Comments:
NEM MAIS UMA DÉCIMA PARA O BCE...
Esta subida era esperada, embora não fosse desejada.
Será a última deste ano?
O BCE prometeu que não haverá uma sucessão de subidas.
Significa isto que poderá haver uma espiral?
(em "apertos" económicos as previsões são, muitas vezes, questões semânticas).
Por outro lado, com uma inflação acima dos 4%, os EUA, mantêm uma taxa de juros à volta dos 2 %.
Eu já não dei para este peditório?
Os Últimos dias não nos têm trazido notícias boas; ou melhor, têm-nos trazido notícias cada vez piores.
Algumas nem sequer nos surpreendem.
Assim, ficamos a saber que há gastos sem justificação ou indevidos(?) em vários sectores públicos e nomeadamente na Saúde, segundo o T. Contas.
E alguns dos "desmandos" terão ocorrido na ARSLVT/C.H. de Lisboa Ocidental.
Há algum tempo correu a notícia no interior da "Saúde" de que a saída do Presidente do CA do CHLO tinha a ver com aspectos financeiros da gestão daquele HH EPE. Poderemos, assim, ser levados a pensar que como diz o ditado "não há fumo sem fogo".
Depois uma notícia aparentemente boa, acabou por tornar-se uma dúvida e uma importante matéria para reflexão: afinal a que se deveu a melhoria dos resultados dos exames de Matemática? Ao melhor ensino? Ao facilitismo?
Hoje, mais uma notícia relacionada com o T. Contas: as más contas da empresa Águas de Portugal!
Entretanto uns dias depois da polémica entre o PSD e o GOVERNO/PS, foi o Presidente da República a levantar também reservas aos investimentos nos grandes projectos por contraponto às necessidades de "apenas algumas boas estradas no Distrito de Portalegre".
Que o País está em crise, acho que só não vê quem não quer.
E este aperto do BCE também não é, na verdade, uma boa notícia para a grande maioria dos Portugueses.
A situação do País mais que preocupante é alarmante. Quando temos um Primeiro-Ministro a persistir numa série de obras públicas de duvidoso interesse, enterrando a cabeça na areia relativamente à má conjuntura económica mundial actual e ao mais que por aí virá, e a principal líder da oposição pondo em causa qualquer um dos grandes investimentos previstos, por que bússola se há-de orientar o cidadão comum? Entretanto sabemos que fomos o País comunitário em que os cidadãos perderam mais poder de compra em 2006, seguramente que os dois últimos anos não foram melhores, o terceiro com maior taxa de desemprego e o segundo com o ritmo de crescimento mais fraco. Pergunta-se: Que mais será preciso para que o Presidente da República faça soar as sinetas de alarme e ponha os Partidos Políticos a discutir o País procurando consensos? Quem tenha tido oportunidade de ler e ouvir Medina Carreira percebe quão problemática é a situação em que nos encontramos. Somos hoje um País fortemente endividado, cada vez menos auto-suficiente por desincentivação da agricultura e pescas, sem uma modernização industrial que compense as perdas nas indústrias tradicionais. E, mais grave que tudo, com pouco poder competitivo devido ao baixo nível educacional do nosso mercado de trabalho. Mas, em vez de aprendermos com os erros do passado e aproveitar o último quadro comunitário de apoio para investir em massa cinzenta, perseveramos no novo-riquismo: Continuamos a sulcar o País de auto-estradas; construímos mega-aeroportos na pretensão de competir com Madrid; linhas de TGV para se poupar escassos 15 minutos na ligação Lisboa-Porto; permite-se que cresçam dois Sistemas de Saúde paralelos sabendo-se que a oferta irá exceder a procura.
Tudo isto decorre no seio de uma sociedade em que o fosso entre ricos e pobres não para de crescer, a protecção social se vai erodindo à medida que o modelo social europeu vai sendo destruído e as leis do trabalho se ajustam aos interesses do grande capital. Quando noutros tempos entrava em Lisboa e via bairros de lata com antenas de televisão nas casas e carros à porta, impressionava-me pela falta de horizontes de um lumpenproletariado tolhido pelo desenraizamento e falta de instrução. Olhando hoje para o País no contexto europeu sinto o mesmo, se nada de muito profundo ocorrer estamos condenados a ser uma espécie de lumpen-nação no seio das demais.
Em entrevista recente, Medina Carreira dizia que até há pouco tempo estava convencido que iríamos paulatinamente empobrecendo e, conformados, aceitaríamos o lugar que nos estava destinado enquanto país periférico, uma espécie de pobrezitos mas contentes. Porém, devido ao rápido agravamento das condições de vida e às consequências do crescente endividamento externo, estava agora convicto que, se nada de substancial acontecer para reverter a situação, entraremos numa era de conflitualidade social de consequências imprevisíveis.
Aproxima-se um novo ciclo eleitoral que, tudo indica, irá decorrer sob forte tensão política e social. É urgente que nos digam a verdade sobre a nossa situação económica para podermos decidir e optar face às propostas políticas que inevitavelmente nos serão colocadas. É urgente intervir, entre a fuga para a frente de Sócrates e o discurso do velho do Restelo de Ferreira Leite, há que encontrar uma linha de rumo que sirva o País.
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