quinta-feira, novembro 20

Em tempo de estreia ...

Banco Privado Português estreou garantias do Estado
…”O Banco Privado Português (BPP) foi a primeira instituição financeira a recorrer às garantias concedidas pelo Estado, noticia esta quarta-feira a edição online do Público. Segundo o jornal, o banco liderado por João Rendeiro entregou na semana passada um pedido junto do Banco de Portugal para que o Estado avalize um financiamento no montante de 750 milhões de euros. O empréstimo em causa destina-se a repor a liquidez no BPP”…
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O cinismo histriónico de muitos opinion-makers fica, convenientemente, silenciado perante o dislate provocador que é feito aos contribuintes com esta operação financeira. Os mesmos que se escandalizam com o “buraco” da saúde e as dívidas do SNS são os mesmos que silenciam o escândalo dissimulado dos mestres em artimanhas do “faz-de-conta”. Podem repetir-se as operações em Porto Rico, nas Ilhas Caimão, a fraude dolosa, sistemática e organizada. Podem-nos entrar em casa, pelas televisões, os relatos mais torpes da evidência criminosa, desprovida de escrúpulos e eivada de uma ética obscena e insultuosa da decência e da responsabilidade social que sempre nos será dito estarmos perante “incidências” do mercado. Ainda que, espoliados pela espiral da ganância e pelo estupro das mentiras continuaremos a ser, todos os dias, torpedeados com a “normalidade” factual deste tipo de eventos.
Para estes “cínicos” nada disto é relevante. Afinal trata-se de grandes gestores, homens de coragem e de fibra que ousam correr riscos, suportados num instinto guerreiro de empreendedorismo.
O problema, na verdade, está no “buraco” da saúde, nas dívidas do SNS e na ineficiência do sector público.
Que outro mundo seria se esse imenso capital (ainda) controlado pelo Estado, na saúde, estivesse já liberto e submetido à gestão corajosa do dinâmico sector privado?
Afinal, 1500 milhões de Euros para o BPN mais 750 milhões de Euros para o Banco Privado Português demonstram, claramente, a capacidade de o sector privado volatilizar activos. Que pena que o SNS não tenha, ainda, interiorizado estas relevantes competências…

pensador

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7 Comments:

Blogger xavier said...

Gostava de ter escrito este texto.

1:03 da manhã  
Blogger saudepe said...

A maioria dos nossos empresários sempre viveram à pala do Estado.
Agora a crise, ironia do destino, veio proporcionar-lhes acesso fácil a grandes maquias dos nossos impostos.

Em entrevista à Sic, um dos administradores do BPP tentava justificar o pedido dos 700 milhões a juro bonificado, não por dificuldades do próprio banco, mas do sistema finançeiro que atravessava uma fase má para os negócios.
Santa vida a destes empresários protegidos com os nossos impostos.

8:41 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Banco Privado Português (BPP) era, no final de 2007, o 24º banco nacional em valor de activos, com 2,2 mil milhões de euros, segundo o último boletim informativo da APB, que contém dados do ano passado. Este valor decresceu durante os primeiros seis meses de 2008 e era, a 30 de Junho, de 1,7 mil milhões. As últimas contas divulgadas pelo banco mostram ainda um forte crescimento no crédito a clientes, que passou para 954 milhões de euros, depois de ter sido de 200 milhões nos primeiros seis meses de 2007. Evolução contrária registou o resultado líquido, que registou uma forte quebra para 1,6 milhões de euros, o que comprara com 10,1 milhões no período homólogo. No final de 2007, o banco tinha dois balcões (Lisboa e Porto), um escritório de representação na África da Sul e duas sucursais (Madeira e Espanha).

DE 20.11.08

11:12 da manhã  
Blogger e-pá! said...

REPUGNÂNCIAS...

A actual crise financeira mundial pode ter, em Portugal, um epílogo trágico:
- um endividamento público astronómico.

Neste caminho, nós ou a geração que se segue, vamos ser confrontados com um País em profunda exaustão financeira e uma economia anémica, permanentemente assolada com ciclos, uns após outros, de recessão económica.
Aquilo que popularmente se diz:
Não vamos sair da cepa torta.

Na verdade, como dizia John Galbraith [*]:
"A maneira como os bancos ganham dinheiro é tão simples que é repugnante".

[*] Economista de matriz keynesianoa marcado pela crise de 29.
Ele sabe do que fala!
No fim da vida, Galbraith, está em franca em colisão com o liberalismo e procurando o encontro com a social-democracia europeia...

2:35 da tarde  
Blogger ochoa said...

Portugal está de regresso às grandes goleadas.

2:45 da tarde  
Blogger Hospitaisepe said...

Oliveira e Costa no Tribunal Central de Instrução Criminal

O ex-presidente do BPN é o primeiro banqueiro de topo a entrar num tribunal na condição de detido
Foi perto das 21.00 de ontem que José Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN, entrou, como arguido no TCIC. Ficando para a História como o primeiro banqueiro de topo em Portugal suspeito de cometer crimes no exercício de funções: burla agravada, falsificação de documentos, fraude fiscal e branqueamento de capitais , as suspeitas que incidem sobre este insigne representante do nosso capitalismo desenfreado.

11:51 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Vivemos tempos efectivamente conturbados. A crise aí está e não haverá discurso, por mais optimista que seja, que possa repor a confiança dos cidadãos na política e na economia.
O centro do "furacão" ainda não chegou e por isso poderão parecer prematuras críticas ao modelo económico ainda vigente. O estudo do "fenómeno" suas causas e feitos, levará anso até que se possa tirar conclusões credíveis. Sou dos que pensam que a solução requer a intervenção do Estado...mas não será o monopolismo de Estado - de figurino mais ou menos marxista - a solução para os graves problemas do presente, e de um futuro livre de falhas do Mercado ou do Estado.
Não partilho da ideia de que Portugal está menos exposto à crise e aos efeitos dela; pelo contrário, como pequena economia que somos e com as fragilidades conhecidas, teremos bem maiores dificuldades em "enfrentar e sair da crise".
Tenho também diculdade em considerar "empresários" aqueles que apenas são gestores de empresas(e muitas vezes maus). Tais "gestores" vivem muito mais para obter chorudos salários e prémios, gerindo "à vista" e sem verdadeira visão de futuro; não pensam muitas vezes a empresa para além do seu próprio horizonte de vida; fazem gestão voltados para eles próprios e do tipo "quem vier que feche a porta".
Infelizmente as maiores vítimas não são aqueles que os elegeram para os CA das empresas (com objectivos frequentemente suspeitos - obtenção de favores políticos ou outros) e por isso o Estado procura intervir para evitar males maiores.
As dúvidas quanto aos interesses a proteger são no entanto legítimas pois quando não há dinheiro para apoiar a satisfação de necessidades básicas, eis que surgem milhões e mais milhões para apoiar empresas em crise (bancos e não só) sem que se proceda a um estudo profundo da sua viabilidade.
Partilho pois em grande parte das ideias expressas pelo pensador e de colegas que me antecederam nos comentários.

12:46 da manhã  

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