Entrevista
“Gostava de conseguir baixar a taxa de mortalidade materno-infantil” link
Camilo Simões Pereira, Ministro da Saúde da Guiné-Bissau, esteve em Portugal para participar na III Conferência de Gestão Hospitalar dos Países de Língua Portuguesa, de 29 a 31 de Outubro, a convite da APAH. A GH conversou com o ministro, que revelou as dificuldades e os desafios da Saúde naquele país africano, onde a esperança média de vida é, neste momento, de 46 anos.
GH – O que está a ser feito para melhorar a acessibilidade?
CSP – Neste momento temos um Plano Nacional de Planeamento Sanitário. Não é o primeiro documento desta natureza que elaborámos mas o anterior, devido aos conflitos no país, foi abandonado. Este plano é, portanto, o segundo e está praticamente finalizado. Acredito que, em breve, será possível avançar a fase de implementação.
Os nossos indicadores mais desfavoráveis são a taxa de mortalidade materno-infantil (como já disse), a infecção por HIV/Sida e outras doenças infecciosas – como o paludismo ou o sarampo. Esta última poderá ser mais facilmente ultrapassada desde que consigamos vacinar a população.
GH – Existe um plano de vacinação?
CSP – Sim, temos um plano de vacinação e nos últimos tempos demos conta de uma maior adesão por parte dos populares. Os nossos técnicos têm ido ao encontro da população, nas suas casas. Com as novas vacinas, através das quais se reduz o número de tomas, pensamos que os resultados vão certamente melhorar. Tínhamos crianças que faziam a primeira dose mas falhavam as seguintes. Com as novas vacinas, resolve-se este problema e acredito que vamos conseguir reduzir essa deficiência. Quanto ao HIV/Sida, a prevalência tem vindo a subir. Os valores estatísticos dizem-nos que temos entre os 6, 8 e os 7 % da população infectada.
GH – É muito gente…
CSP – É muita gente, sobretudo numa população de 1 milhão e 300 mil habitantes. É ainda mais grave tendo em conta que a prevalência não tem parado de subir.
Começámos a fazer o tratamento das mulheres grávidas, para reduzir a taxa de transmissão mãe-filho e, nos adultos, temos vindo a introduzir o tratamento antiretroviral. Mas temos um problema: o risco de ruptura de stock.
GH – Quem é que vos apoia no fornecimento desses fármacos?
CSP – O Brasil tem-nos fornecido, gratuitamente, a terapêutica antiretroviral, mas queremos fazer mais e, por isso, estamos a criar uma fundo nacional para aquisição destes medicamentos, que – como todos sabem – são caríssimos.
GH – Quantos médicos existem na Guiné-Bissau? Com que quadros conta?
CSP – Temos já um leque importante de profissionais guineenses, mas, infelizmente, a maioria está concentrado em Bissau. Também temos médicos cubanos, chineses e um grupo de médicos espanhóis.
GH – Mas têm falta de médicos, ou não?
CSP – Temos sim, sobretudo em algumas especialidades. Nos hospitais regionais temos algumas carências. Gostaríamos que todos os hospitais regionais tivessem, pelo menos, especialistas em Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Cirurgia.(...)
Camilo Simões Pereira, Ministro da Saúde da Guiné-Bissau, esteve em Portugal para participar na III Conferência de Gestão Hospitalar dos Países de Língua Portuguesa, de 29 a 31 de Outubro, a convite da APAH. A GH conversou com o ministro, que revelou as dificuldades e os desafios da Saúde naquele país africano, onde a esperança média de vida é, neste momento, de 46 anos.
GH – O que está a ser feito para melhorar a acessibilidade?
CSP – Neste momento temos um Plano Nacional de Planeamento Sanitário. Não é o primeiro documento desta natureza que elaborámos mas o anterior, devido aos conflitos no país, foi abandonado. Este plano é, portanto, o segundo e está praticamente finalizado. Acredito que, em breve, será possível avançar a fase de implementação.
Os nossos indicadores mais desfavoráveis são a taxa de mortalidade materno-infantil (como já disse), a infecção por HIV/Sida e outras doenças infecciosas – como o paludismo ou o sarampo. Esta última poderá ser mais facilmente ultrapassada desde que consigamos vacinar a população.
GH – Existe um plano de vacinação?
CSP – Sim, temos um plano de vacinação e nos últimos tempos demos conta de uma maior adesão por parte dos populares. Os nossos técnicos têm ido ao encontro da população, nas suas casas. Com as novas vacinas, através das quais se reduz o número de tomas, pensamos que os resultados vão certamente melhorar. Tínhamos crianças que faziam a primeira dose mas falhavam as seguintes. Com as novas vacinas, resolve-se este problema e acredito que vamos conseguir reduzir essa deficiência. Quanto ao HIV/Sida, a prevalência tem vindo a subir. Os valores estatísticos dizem-nos que temos entre os 6, 8 e os 7 % da população infectada.
GH – É muito gente…
CSP – É muita gente, sobretudo numa população de 1 milhão e 300 mil habitantes. É ainda mais grave tendo em conta que a prevalência não tem parado de subir.
Começámos a fazer o tratamento das mulheres grávidas, para reduzir a taxa de transmissão mãe-filho e, nos adultos, temos vindo a introduzir o tratamento antiretroviral. Mas temos um problema: o risco de ruptura de stock.
GH – Quem é que vos apoia no fornecimento desses fármacos?
CSP – O Brasil tem-nos fornecido, gratuitamente, a terapêutica antiretroviral, mas queremos fazer mais e, por isso, estamos a criar uma fundo nacional para aquisição destes medicamentos, que – como todos sabem – são caríssimos.
GH – Quantos médicos existem na Guiné-Bissau? Com que quadros conta?
CSP – Temos já um leque importante de profissionais guineenses, mas, infelizmente, a maioria está concentrado em Bissau. Também temos médicos cubanos, chineses e um grupo de médicos espanhóis.
GH – Mas têm falta de médicos, ou não?
CSP – Temos sim, sobretudo em algumas especialidades. Nos hospitais regionais temos algumas carências. Gostaríamos que todos os hospitais regionais tivessem, pelo menos, especialistas em Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria e Cirurgia.(...)
marina caldas, GH n.º 40
De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA),“Situação da população mundial 2008”, na Guiné-Bissau, em cada mil crianças morrem 112 no primeiro ano de vida. Entre os países lusófonos, só Angola supera este número, com 131 mortes por cada mil. Em contrapartida, Angola reduziu de 1.700 para 1.400 mortes relacionadas com a maternidade e o parto, enquanto a Guiné-Bissau manteve a taxa de mortalidade materna nos 1.100 óbitos.
Etiquetas: Entrevistas
1 Comments:
REQUIEM POR UM INESQUECÍVEL COLEGA...
Ao ler esta entrevista do Ministro da Saúde da Guiné-Bissau, veio-me à memória a inconfundível figura do Dr. Ernesto, homem bom e tímido, antigo e valente combatente do PAIGC, ex-estudante de Medicina em Moscovo, sempre lembrado estagiário em Ortopedia nos HUC e, posteriormente, um humano e dedicado director do Hospital de Bissau onde teve uma vida difícil, quer profissional, quer familiar (os tais 200€!), acabando por falecer, precocemente, na mais inacreditável penúria, absolutamente refractário a qualquer tipo de corrupção.
Uma raridade em África!
Ernesto:
Bissau e o "teu" Hospital, pouco, ou nada, mudaram, desde então!
Enviar um comentário
<< Home