quarta-feira, janeiro 27

Estaremos perante um “Flugate”…?

O Parlamento Europeu, aprovou por unanimidade, e com a classificação de urgente, uma resolução do Comité de Saúde do PE, para proceder a uma investigação sobre o “lobbying” da industria farmacêutica na OMS. link

As exigências de transparência pública nesta área levaram a que meios médicos e centros de estudos epidemiológicos a considerarem que, na situação vivida em redor do surto de influenza A (H1 N1), tenha existido um "Golden Triangle" envolvendo esquemas de corrupção entre a OMS, a Indústria Farmacêutica e os Centros Académicos de Investigação Científica.

As consequências deste eventual conluio não estão, na íntegra, apuradas. Todavia, existem crescentes suspeitas que combinam uma relativa ineficácia da vacinação com efeitos colaterais perniciosos.
O Dr. Wolfgang Wodarg, presidente da Comissão de Saúde do PACE (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa) considerou a campanha da OMS contra a “pandemia” da gripe A "um dos maiores escândalos da medicina do século".
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O inquérito analisará a questão da decisão da OMS em Junho de 2009, ao declarar uma pandemia que, até ao momento, revelou-se menos virulenta do que as gripes sazonais, o que configura um caso de “falsa pandemia”, incubada em enormes conflitos de interesses. Muitos dos especialistas envolvidos nesta declaração são suspeitos de terem estreitos vínculos financeiros com “gigantes” farmacêuticos como a GlaxoSmithKline, Roche e a Novartis, principais beneficiários da produção de vacinas contra a gripe A.

O caso do Prof. Albert Osterhaus, da Universidade Erasmus em Roterdão, Holanda, é - nos meios científicos e no seio das autoridades sanitárias de diversos Países – o exemplo paradigmático dos nebulosos interesses que envolvem este indiciado “escândalo”. O Prof. Albert Osterhaus é hoje conhecido nos media pelo nickname “Dr. Flu”.
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Na verdade, os critérios de declaração de pandemia pela OMS foram alterados em Abril de 2009 – quando surgiram os 1ºs casos no México – e, por coincidência, em 11 de Junho do mesmo ano, a Infuenza H1N1 é declarada pela OMS, para o Mundo, uma emergência pandémica (Fase 6).
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A OMS é um organismo indispensável para a liderar as opções de saúde pública a nível mundial. Todavia, deverá estar acima de qualquer suspeita.

Aguardemos, pois, o inquérito ordenado pelo Parlamento Europeu.

E-Pá!

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6 Comments:

Blogger tambemquero said...

Resumo da transcrição de uma conferência de imprensa dada pelo Dr. Keiji Fukuda da OMS, em 14 de Janeiro de 2010:

A suposição de que a pandemia de gripe é falsa, é um argumento cientificamente errado e uma imprecisão histórica.

Quando se fala de uma doença infecciosa em grande escala, envolvendo a maioria dos países do mundo, está-se a falar de uma pandemia.

No que respeita especificamente a pandemia de gripe A (H1N1), a OMS reportou os primeiros casos de infecção humana em Abril. A informação laboratorial disponível demonstrava que o vírus era, em ternos genéticos e antigénicos, muito diferente dos vírus de gripe em circulação. Os dados epidemiológicos recolhidos no México, Canadá e EUA indicavam o início de transmissão pessoa a pessoa. A informação clínica, com origem no México, apontava para a possibilidade do vírus H1N1 causar infecção severa.
Esta informação, por si só, não indicava que estávamos numa situação pandémica, mas representava um aviso sério para as autoridades de todo o mundo, para que se preparassem para a eventualidade de uma pandemia.

(…)

A OMS não alterou a definição de pandemia. As orientações, produzidas em 1999, têm vindo a ser alvo de melhorias de forma a torná-las cada vez mais claras e precisas, mas a definição de severidade de uma pandemia não foi alterada.

(…)

A OMS não é alvo de influências indevidas por parte da indústria farmacêutica. A questão principal não ´4e a de saber se realmente a OMS teve contacto com a indústria farmacêutica, mas se sofreu qualquer influência indevida por parte de interesses comerciais – e a resposta é não.

Numa organização como a OMS, reconhece-se que há um risco potencial de ocorrerem conflitos de interesses. Assim, de modo a proteger a integridade da OMS e a mantê-la livre de qualquer influência indevida, existem rotinas de segurança contra potenciais conflitos de interesses, que são práticas frequentes e de longa data, não criadas especificamente para esta pandemia, mas também colocadas em prática durante a pandemia de gripe A (H1N1).

Ver em: link

1:41 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro tambemquero;

Por lapso, não referi que a OMS tem refutado as acusações que tem sido alvo.
Mas, em minha opinião, a OMS não pode ser juiz em causa própria, até porque há o precedente de uma outra situação - a "gripe aviária" - que já suscitou algumas críticas sobre as previsões epidemiológicas da OMS.

Penso que, para melhor esclarecimento de todos, devemos aguardar os resultados do inquérito em curso, sob os auspícios do PE...

5:51 da tarde  
Blogger Clara said...

A farmacêutica que forneceu a Portugal as vacinas contra a gripe A H1N1 considera "sem fundamento" as declarações de um membro do Conselho da Europa que acusou a Organização Mundial de Saúde de ter "relações impróprias" com a indústria. link

DN 25.01.10

6:21 da tarde  
Blogger Clara said...

Um debate de urgência sobre a gripe A (H1N1) previsto para quinta-feira não conseguiu reunir o consenso da assembleia parlamentar do Conselho Europeu, a decorrer em Estrasburgo, e foi adiado. link

12:42 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Para conhecermos, com alguma profundidade, as razões da denúncia do epidemiologista Wolfgang Wodarg aconselho vivamente a leitura de uma sua entrevista concedida ao L'Humanité, em 7 de Janeiro de 2010. link

Aí, estão enumeradas as variadas razões que levaram Wolfgang Wodarg, presidente da Comissão de Saúde do PACE (Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa), a solicitar uma investigação.

Não vai ser fácil levar a bom termo esta investigação, já há matéria a ocultar que ultrapassa a denuncia de lobbying das farmacêuticas junto da OMS.
Wolfgang Wodarg levanta concomitantemente outra questão, i.e., o lobbying sobre as autoridades nacionais de saúde pública, no sentido de influenciar os centros de decisão, de que o exemplo de França é, o mais relevante, onde Mme Bachelot agiu, como está demonstrado pelo astronómico número de aquisições de doses da vacina, de forma (para sermos cautelosos nas acusações) precipitada.

Há, portanto, um problema político subjacente, já que está em causa a utilização de dinheiros públicos, pelo que não é de espantar que este melindroso assunto tenha dificuldade em conseguir reunir o consenso da Assembleia Parlamentar do Conselho Europeu.

Por outro lado, tudo se questiona neste momento, o que envolve muita gente, variadas instituições. Por exemplo, a Agência Europeia do Medicamento, sob a responsabilidade da Comissão de Economia do Conselho Europeu da UE, que é suspeito de ter "agilizado" a autorização de introdução no mercado da vacina, sob a pressão de uma "psicose de pânico", cujos promotores deverão ser identificados.

Concluindo, retomando as palavras do Dr. Wolfgang Wodarg: "Il faudrait que l’OMS soit plus transparente, que l’on sache clairement qui décide et quelle type de relation existe entre les participants dans l’organisation.Il conviendrait aussi qu’elle soit au moins flanquée d’une chambre d’élue, capable de réagir de façon très critique où chacun puisse s’exprimer. Ce renforcement du contrôle par le public est indispensable.
"

É isso! Depois da recente crise financeira o reforço do controlo público das instituições (sejam elas quais forem) tornou-se indispensável. Os mercados livres, melhor, "selvagens", estão sob vigilância. Sem excepções.

Todavia, insisto que a leitura da entrevista do Dr. Wolfgang Wodarg ao L'Humanité é fundamental para compreendermos o actual "burburinho" à volta da gripe A...

10:30 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Médico alemão nega pandemia

Foi a acção preventiva dos governos que moderou a extensão da gripe A (H1N1)? Ou o medo foi deliberadamente exagerado e ela nunca foi a doença ‘assassina’ que diziam ser? Para o médico epidemiologista alemão Wolfgang Wodarg que, terça-feira, falou na audição pública do Comité de Saúde do Conselho da Europa, não há a mínima dúvida: a pandemia que a 11 de Junho foi declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) não tinha razão de ser e, pior, foi-o por pressão das farmacêuticas, cujas ligações com a OMS são mais do que suspeitas. O médico, ex-deputado do SPD alemão e presidente até há dias do referido Comité, luta desde Abril contra o que ele chama “a falsa pandemia”, que desviou milhares de milhões de euros dos orçamentos estatais num momento de crise. “É um dos maiores escândalos do século, os laboratórios farmacêuticos organizaram uma verdadeira psicose”, denuncia ao Expresso, repetindo aquilo que dissera na véspera, durante a audição.

Wodarg sugeriu que a alteração da definição de pandemia, em Maio de 2009, foi feita “à medida” das farmacêuticas. Até então, uma pandemia era associada, entre outros requisitos, à taxa de mortalidade de um novo vírus, superior ao da gripe sazonal. Em 2009, na sequência da revisão, aplicou-se o conceito mal o novo vírus apareceu e se propagou no mundo inteiro — uma acusação negada pelo conselheiro especial da OMS para a gripe pandémica, Keiji Fukuda, que disse na reunião que o conceito foi elaborado por 135 especialistas de 48 países.

É uma verdadeira teoria da conspiração, que semeia a dúvida. O epidemiologista diz que tudo começou em 2005 com a chamada gripe das aves, quando se definiram novos planos em caso de pandemia, que deram lugar a negociações entre os Estados e as farmacêuticas. Aqueles comprometiam-se a comprar, estas a ter prontas as vacinas. Wodarg diz que teve as primeiras suspeitas quando em Abril começaram a chegar os alertas vindos do México, porque os números eram baixos, mas o nível de alarme já era muito elevado. “Ainda não havia mil doentes e já se falava da pandemia do século”. Com os contratos já prontos, só houve que accioná-los quando foi declarada. Os países compraram cerca de 13 mil milhões de euros em vacinas. Segundo um estudo do banco JP Morgan, a venda de vacinas vai render à Glaxo, Novartis, Sanofi Pasteur, e outras, um lucro suplementar de 5 a 7 mil milhões.

São agora muitos os Estados que tentam reduzir as encomendas. Entre eles Portugal, que quer um reajustamento devido à alteração do número de doses necessárias à imunização, referiu a ministra da Saúde. Na altura em que Portugal comprou seis milhões de doses de vacinas para três milhões de portugueses, a OMS defendia que eram necessárias duas doses para uma imunização completa. Mas entretanto essa recomendação mudou e só os bebés e crianças tomam duas doses. O resto da população pode ser imunizada com apenas uma, pelo que a encomenda se tornou muito superior ao pretendido.

O médico aponta o dedo às ligações de colaboradores da OMS com laboratórios, uma acusação também refutada por Fukuda. Os especialistas da OMS “são obrigados a fazer uma declaração de interesses” e há “procedimentos rigorosos”. Admitiu, contudo, que “é necessário ter relações com os privados” e que “é possível mentir”.
Wodarg disse ainda ao Expresso que desde Abril tentou actuar, mas que acabou por limitar-se a artigos na imprensa porque era acusado de estar a fazer campanha eleitoral (a Alemanha realizou eleições em Setembro). “Protestei, falei no Parlamento, tive inclusive de lutar no meu próprio partido, porque o ministro da Saúde era do SPD. Só depois das eleições pude propor a investigação no Comité. Só ele pode recolher as provas”.

Agora, o comboio pôs-se a caminho. O deputado britânico Paul Flynn, que elaborará o relatório do Comité, diz que quer saber “se a OMS assustou o mundo sem provas substanciais”. No Parlamento Europeu já foi proposto um inquérito oficial. Luísa Meireles enviada a Estrasburgo com C.B.S.

expresso 30.01.10

2:02 da tarde  

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