terça-feira, fevereiro 16

Política de “tricot”

…”Governo alarga isenção das taxas moderadoras a dadores de órgãos e militares”… link
O Governo alargou hoje as isenções de pagamento de taxas moderadoras a dadores vivos de órgãos ou de células e a militares e ex-militares, medida que se estima abranger um universo de 20 mil pessoas”…

Foi este “estilo” de fazer “política” que fez o país cansar-se de José Sócrates. Este é um exemplo paradigmático da política baseada na “esperteza saloia”. Em boa verdade com tanto retalho e corta e cola já ninguém percebe, verdadeiramente, o que são e para que servem as taxas moderadoras. Ao invés de ser estudado com profundidade o seu propósito e a sua utilidade vão sendo usadas para prolongar a entediante maneira de fazer política deste governo. Ontem foram os doentes com doença de Crohn, hoje os militares e os dadores de órgãos, amanhã poderão ser quiçá os doentes com acuidade visual superior a seis décimos. Assim a partir de um bolo que vale um pouco mais de setenta milhões de euros se vai fazendo o festim da demagogia anunciando, pomposamente, como se de grandes medidas estruturais se tratasse. Essas, infelizmente, continuarão a ser empurradas para debaixo do tapete até que, perante o virar certo de página de ciclo político, volte tudo à estaca zero. Depois do “flu-flop” e da mais recente trapalhada do modelo de financiamento os “experts” da Gomes Teixeira lá tiraram mais uma da cartola.
O problema é que nem os “experts” nem o próprio JS perceberam que o contacto com o país está, irremediavelmente, perdido. Bem pode a eurosondagem voltar a ensaiar a rábula pré-eleições europeias e contar a história ao contrário que a realidade hoje como nunca é, dolorosamente, muito clara.
Vasco Santana

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7 Comments:

Blogger Tavisto said...

Tirando os dois primeiros anos de governação em que, goste-se ou não das medidas então tomadas, Sócrates governava segundo uma linha estratégica, desde então tudo parece resumir-se a um mero tacticismo governativo com o único objectivo de conservar o poder. Assim se explica a “deriva totalitária” relativamente à comunicação social e a série de medidas avulsas, em que a aqui relatada se enquadra, para concitar o apoio de sectores sociais ou grupos económicos relevantes.
Sem estratégia, num rumo de política de “corta e cose” consentida e tolerada pela Direita, este Governo está a esgotar-se mais rapidamente que o desejado por Cavaco e pelo PSD. O “timing” para a sua queda ainda não é este, há necessidade de esperar que o congresso laranja escolha o novo líder e que, de uma vez por todas, este arrume a casa e reassuma perante o País a credibilidade perdida por anos de lutas intestinas.
Desvarios socráticos à parte, terá a Esquerda noção do que se está verdadeiramente a passar por baixo da escuma dos alegados atropelos à liberdade de imprensa? Teremos de pagar as irresponsabilidades do Primeiro-ministro com não sei quantos anos de uma fórmula nunca conseguida pela Direita, um Presidente e um Governo da sua cor.

12:59 da tarde  
Blogger tambemquero said...

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As escutas reveladas pelo “Sol” confirmam várias coisas sobre as quais aqui tenho escrito abundantemente: a promiscuidade absoluta entre o público e o privado; o papel determinante das empresas públicas ou participadas nessa promiscuidade; e a função moral rastejante desempenhada pelos boys partidários nessas empresas. Nesse aspecto, Sócrates capricha: ninguém tem amigos e protegidos tão pouco recomendáveis como ele. Não são os inimigos que o matam, com esses pode ele bem; são os amigos.
Claro que não tenho uma dúvida de que Sócrates engendrou, consentiu ou sabia (a graduação não é indiferente) que a PT queria comprar a TVI — e, parece agora, que pelas piores razões. E também não esqueço que Moniz assinou na altura um comunicado dizendo que a ideia fazia todo o sentido para a TVI (acabando a aceitar uma indemnização da TVI para sair e ir para a Ongoing, que também fazia parte do ‘esquema’ montado pelos boys). Mas, por muito que procuremos em vão os inocentes desta sórdida história, resta o que está à vista e que, pelo menos para aqueles que tomam banho todos os dias, não tem outra saída: aqueles meninos que Sócrates andou a colocar nas suas golden shares ou nas suas golden opportunities, têm de ser varridos imediatamente, sem apelo nem agravo. É uma questão de higiene pública. Que eles cheguem ao pormenor patético e eloquente de terem como password do computador “Sócrates 2009” é apenas um detalhe enxovalhante, embora revelador de tudo o resto. Mas que se gabem entre eles do seu génio “empresarial” por congeminarem para o ‘chefe’ serviços que envolvem o compromisso de centenas de milhões de euros dos contribuintes a custear uma manobra de baixa política, isso é insustentável, sob qualquer ponto de vista.

Miguel Sousa Tavares, semanário expresso 13.02.10

4:53 da tarde  
Blogger PhysiaTriste said...

A inabilidade política é tanta que conseguiram dar visibilidade de vedeta a uma péssima jornalista e fazer esgotar a edição dum jornal medíocre.

7:23 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

A direita está pelos cabelos com a “alternância”, com a necessidade de disputa de eleitorado ao centro (umas centenas de milhar que bailam em todas as eleições).
A direita cansou-se das alternâncias entre ciclos de semi-presidencialismo “de pendor governativo reforçado” (com maiorias absolutas de um só partido, PSD ou PS, ou de uma coligação de próximos à direita quer para o PS como para o PSD) e de “pendor parlamentar” (quando há governos baseados em maioria relativa e com necessidade de negociar adhoc na AR, até ao extremo “limiano”, como foi o caso do PS, ou o em curso negociando abstenções), para usar uma distinção (muito discutível) formulada por Carlos Blanco de Morais.
A direita está farta de aturar a clivagem “sociológica” do país entre os costumes e o simbólico à direita e os costumes e o simbólico à esquerda. A direita acha que chegou ao fim a necessidade de ter de repartir o bolo da alta finança e da alavancagem do ecossistema económico em torno do Estado com a esquerda governante. Por isso, as rupturas vocais contra o “socialismo”, quer de radicais de direita como de liberais tecnocratas, procurando isolar o “centrão”.
Por isso, para a direita, o problema do desenho do regime é crítico. Terá de conseguir a sua reengenharia por vias não-putchistas, que isso do putchismo mesmo cosmetizado no quadro da União Europeia é tecnicamente uma impossibilidade legal.
JNR 13.02.10

Análise interessante para ver em: link link

3:23 da tarde  
Blogger Clara said...

O Governo aprovou ontem em conselho de ministros o alargamento
da isenção das taxasmoderadoras a dadores de órgãos, a militares e exmilitares. A medida deverá abranger cerca de 20 mil pessoas e foi apresentada pela ministra da Saúde, Ana Jorge.
Em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, a responsável pela pasta da saúde esclareceu que este decreto “estabelece a isenção do pagamento de taxas moderadoras em situações que envolvam transplantes de órgãos ou células, bem como para os militares e ex-militares das Forças Armadas que, em virtude da prestação do serviço militar, se encontrem incapacitados de forma permanente”.
Ana Jorge disse que a medida, “foi uma forma de assinalar o Dia Mundial do Doente, na quinta-feira”, e é “um incentivo à colheita de órgãos por parte de dadores vivos”. “Por isso, estabelece-se uma isenção para dadores de órgãos vivos ou para tudo aquilo que estiver relacionado com exames, ou ainda actos de saúde necessários para a colheita quer destes órgãos, quer de colheitas de medula”, disse a ministra. Para o Governo, esta é uma forma de facilitar a doação de órgãos “para a melhoria das condições de vida das pessoas. Segundo dados oficiais, no que se refere ao dador de cadáver, Portugal é já o segundo país em termos de colheita.
“Resta-nos esta área da colheita de órgãos vivos para podermos aumentar a capacidade de resposta face a muitos doentes que não têm acesso, nomeadamente ao transplante renal”, justificou Ana Jorge. Em relação aos elementos das Forças Armadas, o Governo diz que reconhece comestamedida “quem ficou, incapacitado de forma permanente”.
DE 13.02.10

Da moderação ao brique à braque politiqueiro.

6:07 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Portugueses já gastam 20% do orçamento familiar na saúde

Adiar os cuidados de saúde é comprometer a produtividade do país. “Quando as pessoas estão consecutivamente doentes faltam mais ao emprego e isso agrava o problema do absentismo e consequentemente a produtividade das empresas”, explica Carlos Morgado, coordenador de um estudo da Deco que mostra que 650 mil famílias portuguesas adiaram um tratamento de saúde por não o poderem pagar. E a quebra da produtividade é apenas uma das consequências.
“Estas famílias podem vir a enfrentar problemas de ordem social e profissional, para além de um agravamento do seu estado de saúde”, diz Carlos Morgado. E no limite o Estado pode vir a pagar cara a factura: o agravamento dos problemas de saúde exige a médio prazo respostas mais dispendiosas por parte do Serviço Nacional de Saúde. De acordo com a Deco, 20% do rendimento familiar é hoje destinado a despesas com saúde.
A maior fatia das despesas vai para os cuidados dentários e oftalmológicos, com gastos médios anuais de 550 euros e 465 euros, respectivamente. Exactamente os serviços onde “há pouca resposta por parte do Serviço Nacional de Saúde”, afirma o professor de Economia da Saúde, João Pereira. Se olharmos para o panorama europeu, as famílias portuguesas não gastam mais com saúde que a Espanha, a Bélgica ou a Itália, países também analisados pela Deco. O problema, diz Carlos Morgado, “é que os portugueses
têm vencimentos mais baixos, logo a percentagem do seu orçamento dedicado à saúde é maior”. Cerca de 1/5 do orçamento das famílias portuguesas é gasto com cuidados de saúde. O valor sobre para 1/4 no caso de doentes crónicos, diz a Deco. No total são cerca de 1700 euros anuais que cada família gasta do seu bolso em cuidados de saúde

DE 15.02.10

Acontece que o nosso país tem problemas rspecialmente graves em relação à sustentabilidade do SNS.
Por outro lado, o crescimento do sector privado a que assistimos leva-nos a pensar que em breve esta situação se alterará profundamente com o agravamento da comparticipação dos portugueses nas despesas de saúde.

4:15 da tarde  
Blogger Tavisto said...

“Tadinho” do Alberto João

A despesa com a saúde prevista nos orçamentos regionais para 2010 é de 324 milhões de euros na Madeira (21 por cento da despesa total) e 235 milhões nos Açores (16,5 por cento). Na Madeira, o serviço regional de saúde custa assim 1324 euros por utente, contra os 976 euros por cada açoriano e os 870 euros por cada utente do SNS.

Ao ler esta notícia no Público sobre as contas do SNS não pude deixar de me voltar a indignar com a alteração à lei das finanças regionais recentemente aprovada com os votos da oposição. Despesa per capita em saúde 50% acima da média do continente vai muito para além dos custos da insularidade. É desta e doutras formas que João Jardim utiliza o dinheiro de todos para se perpetua no poder, ainda por cima insultando o benemérito.
Que o PSD tivesse ido na cantiga do soba, percebe-se. Que a restante oposição o tenha feito é que a razão não entende.

5:55 da tarde  

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