quarta-feira, maio 19

Pérolas da Liberdade de Escolha

na Prestação Privada e da Silly Season no SNS
Parte I
Doente operado ao braço errado no Hospital Particular de Lisboa
link
“Ao acordar na sala de recobro do Hospital Particular, em Lisboa, Fernando Castro sentiu um desconforto numa parte do corpo onde nada de diferente deveria sentir. Chamou uma enfermeira, pediu para lhe retirar o lençol que o cobria e verificou que tinha o braço direito envolto em ligaduras. O esquerdo, ao qual deveria ter sido operado, estava rapado e sem qualquer vestígio de intervenção clínica. Um engano. Um terrível engano ocorrido no passado dia 12 e cujo desfecho final parece encaminhar-se para uma sala do tribunal”


Imaginemos, por absurdo, que tal se passava num hospital público. Telejornais, primeiras páginas, talkshows pelo menos durante uns meses. Neste caso apostamos que o fogacho da notícia rapidamente se esbaterá na espuma dos dias “convenientemente” esquecido no meio dos noticiários sobre o défice e o TGV. É que as agências de comunicação não brincam em serviço. Alguém se lembra do estranho caso de um treinador de futebol que terá estado às portas da morte por ter sido alvo de uma cirurgia estética por médico para tal não credenciado? Alguém sabe o nome do médico? E o nome da clínica? E o nome da seguradora a quem distraidamente foi reportada lipoaspiração como herniorrafia? Conhecem a posição da OM? E da ERS?


Parte II
“A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) intimou dois hospitais públicos a pagarem a meias uma operação a um descolamento da retina
link que uma doente fez no hospital privado Cuf Descobertas (Lisboa), depois de esta não ter sido atendida de imediato nas duas unidades, por ser véspera de fim-de-ano. HUC aceitaram pagar 7.526 euros, ou seja, metade do custo da operação. A ERS conclui que houve violação grosseira do direito de acesso ao SNS. Os Hospitais da Universidade de Coimbra aceitaram pagar a sua parte (metade de 7.526,33 euros, custo da operação), mas o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) recusou, por discordar das conclusões da ERS e considerar que não há indícios de má prática clínica.
O director do Serviço de Oftalmologia do CHLC - que foi quem operou a doente na instituição privada - adiantou, porém, ao PÚBLICO que a administração já lhe pediu para apresentar um projecto para alterar a situação na unidade pública, de forma que casos como este não se repitam”…


Valha-nos o espírito de sacrifício e a disponibilidade do director do Serviço de Oftalmologia do CHLC que não sendo capaz de organizar o serviço público que dirige para responder às necessidades dos cidadãos contribuintes teve o denodo de estar disponível para o fazer no sector privado. Pode, porém, ficar descansado que o SNS irá pagar o que é devido a tal esforço.

É claro que, mais uma vez, nada se passará.
Com o MS fechado para obras e entretido na gestão quotidiana das trapalhadas só podemos esperar muitos e enriquecidos capítulos nos próximos dias a ilustrar o fim triste do SNS.


Notas Finais:
Consta que o CA do CHLO terá reunido a totalidade da classe dirigente para comunicar que a Instituição estava falida…

Os hospitais militares não param de conhecer novos destinos. Depois de se constituírem promitentes e piedosos compradores desse exaltante estudo de caso que dá pelo nome de hospital dos Lusíadas parece que à falta de numerário (para ajudar a tapar o buraco) se viraram para o HPV. Não nos surpreenderíamos se na próxima semana fosse anunciado que, afinal, iriam para o Miguel Bombarda.

saloio

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3 Comments:

Blogger Guimaraes said...

A que propósito a fotografia do Hospital Distrital da Figueira da Foz?

12:34 da manhã  
Blogger xavier said...

Tem toda a razão.
Procedemos à substituição da foto.

8:33 da manhã  
Blogger tambemquero said...

O Hospital Particular de Lisboa informou ontem, através de comunicado, que abriu um inquérito interno para apurar as circunstâncias que deram origem a um erro médico durante uma intervenção cirúrgica. Um doente que deu entrada no bloco operatório para ser tratado ao braço esquerdo acabou por ser operado ao direitoO Hospital Particular de Lisboa informou ontem, através de comunicado, que abriu um inquérito interno para apurar as circunstâncias que deram origem a um erro médico durante uma intervenção cirúrgica. Um doente que deu entrada no bloco operatório para ser tratado ao braço esquerdo acabou por ser operado ao direito. link

8:48 da manhã  

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