domingo, junho 6

Ainda o "Flugate"...

… “Key scientists advising the World Health Organization on planning for an influenza pandemic had done paid work for pharmaceutical firms that stood to gain from the guidance they were preparing. These conflicts of interest have never been publicly disclosed by WHO, and WHO has dismissed inquiries into its handling of the A/H1N1 pandemic as "conspiracy theories." Deborah Cohen and Philip Carter investigate… in British Medical Journal , 03.06.2010 [BMJ 2010;340:c2912] link

Em 27.01.2010, no Saudesa, tivemos oportunidade de - perante um avolumar de indícios - chamar a atenção para a eventualidade de estarmos em presença de um “flugate”.
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Passado o burburinho alarmista - e mau grado a imputação de > 18.000 mortes à gripe A o que é um incontornável drama humanitário - quer as investigações da comissão criada no Parlamento Europeu, quer a imprensa científica internacional [idónea], quer a velha questão da vulnerabilidade da OMS aos interesses da indústria farmacêutica, voltam à ordem do dia.

Nem tudo está [ainda] clarificado. Falta, por exemplo, trazer à luz do dia qual a composição do “Emergency Committee” [ 16 membros !] um “discreto” [secreto?] órgão de consultoria da Directora-Geral da OMS, Margaret Chan, cujos eventuais “conflitos de interesses” precisam de ser escrutinados, por organismos independentes [da OMS].
Entretanto, Margaret Chan, recusando-se a revelar a composição desse comité, encetou uma [nova?] fuga para a frente, mantendo o “alerta pandémico” iniciado em 11.06.2009.

Em toda a UE, a situação gerada por estas pertinentes questões de saúde pública e consequentemente o alarmismo social que provocaram, bem como os reflexos nos orçamentos da Saúde, nos respectivos países, tem gerado múltiplas reacções das entidades responsáveis. Estas [reacções] passam, inclusive, pela devolução de vacinas e/ou pedidos de ressarcimento dos vultuosos investimentos aplicados na prevenção em larga escala [vacinação massiva].

Em Portugal, o polémico “dossier da Gripe A”, para além de ter consumido importantes recursos financeiros [terá sido sugerido como um dos “responsáveis” pelas recentes derrapagens orçamentais], ocupou, em regime de quase “full time”, a Ministra da Saúde, durante largos meses. Como o tempo é um bem efémero, perecível e insubstituível – o povo diz “enquanto se cava na vinha, não se cava no bacelo” - alguma coisa terá ficado para trás…
Hoje, sabemos exactamente o quê: o controlo da despesa no SNS.
Mas, apesar disso, há pouco dias um - dos muitos - “altos responsáveis” do MS, informou que a vacinação anti-Gripe A, vai continuar… antecipando, em Portugal, a posição de Margaret Chan.

Será que ninguém – nenhum dos assessores, conselheiros, louvaminheiros, etc - pensou na possibilidade de um “estorno” do remanescente de um desproporcionado stock adquirido?
Não poderia ser uma 11ª. medida de austeridade?
Na verdade, e em resumo, o H1N1 provocou algumas vítimas “não-contabilizadas”:
- a credibilidade da OMS;
- a debilidade de sistema regulador de saúde pública, a nível mundial;
- a credibilidade pública das autoridades de saúde publica nacionais.

Não é só o ridículo que não mata é, também, a dignidade que falta.
E-Pá!

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1 Comments:

Blogger tambemquero said...

A forma como a Organização Mundial de Saúde (OMS) geriu a pandemia de gripe A foi ontem alvo de fortes críticas pelo Conselho da Europa e pelo British Medical Journal (BMJ), uma das publicações mais prestigiadas do sector.
O Comité dos Assuntos Sociais, Saúde e Família do Conselho da Europa acusa a OMS de falta de transparência na gestão da pandemia e considera que causou um ”medo injustificado”, num relatório ontem divulgado.
Segundo Paul Flynn, o autor do documento, “a gravidade da pandemia foi largamente sobrestimada pela OMS” e “as medidas de resposta foram excessivas face ao que acabou por ser uma gripe de intensidade moderada”.
“Esta pandemia não existiu verdadeiramente”, defendeu Paul Flynn, que destacou “a eventual influência de certos grupos farmacêuticos sobre certas decisões tomadas”.
As conclusões vêm corroborar os resultados de uma investigação conduzida British Medical Journal. Segundo o BMJ, as recomendações da OMS sobre a utilização de medicamentos antivirais foram preparadas por especialistas indicados como consultores pelos fabricantes de antivirais, nomeadamente a Roche e a GlaxoSmithKline, consultores estes que constavam na sua folha de pagamentos.
Também a lista de membros do “comité de urgência”, que aconselhou a directora-geral da OMS, Margaret Chan, na declaração da pandemia, terá sido mantida em segredo.
Para restabelecer a sua credibilidade, a OMS deve revelar os nomes dos especialistas do seu comité de urgência tal como os seus eventuais conflitos de interesse com a indústria, afirma Fiona Godlee, chefe de redacção do BMJ, em editorial.
Já o comité do Conselho da Europa defende a criação de um fundo público para suportar pesquisa independente e ensaios clínicos eventualmente financiados através de uma contribuição obrigatória da indústria farmacêutica.
No seu site, a Organização Mundial de Saúde informa que “potenciais conflitos de interesse são inerentes a qualquer relação entre uma agência de desenvolvimento normativo e de saúde, como a OMS, e uma indústria com fins lucrativos”.
Margaret Chan manteve quinta-feira o alerta pandémico, declarado há um ano. A pandemia causou cerca de 18 mil mortes em todo o mundo.

JP 05.06.10

12:46 da manhã  

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