segunda-feira, agosto 30

Os Deuses devem estar loucos…

Preços baixos fazem 500 medicamentos desaparecer do mercado

…”Quase 500 medicamentos, entre os quais alguns destinados a combater o cancro, foram retirados, temporária ou até mesmo definitivamente, do mercado português, em 2010. A notícia é avançada pelo matutino Diário de Notícias, que recorda ainda o facto de muitos destes fármacos não possuírem substitutos ou similares. Entre as razões para esta situação estão, de acordo com o diário, os preços baixos e a falta de viabilidade económica. Contactado pelo DN, o secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, admitiu já que “tem de ser feita rapidamente uma revisão excepcional de preços, mas temos de estabelecer critérios. Sabemos que há medicamentos que saem de mercado por estas razões”…

Afinal para que serve o Infarmed? Como é possível que a decisão política seja tão mal apoiada? Compreende-se a necessidade de o SE tomar medidas rápidas e de excepção para controlar a espiral de custos com medicamentos. Já não se compreende a evidente falta de sustentação técnica e económica por parte do organismo que, supostamente, tem a a obrigação de conhecer o mercado farmacêutico e, consequentemente, a responsabilidade de validar as decisões políticas acautelando, desse modo, o interesse público.

E já agora terão discutido, previamente, o assunto com a IF? Se sim foram alertados para os riscos das medidas tomadas? Se não trata-se de uma mera “retaliação” por parte da IF? E o pagamento de juros, a partir de Setembro, sempre vai ser exigido?

utente

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4 Comments:

Blogger e-pá! said...

As versatilidades da crise...

As medidas administrativas [nomeadamente as decisões unilaterais] sobre o PVP dos medicamentos, são como caminhar no fio da navalha.

Assim fez a Grécia [pelas mesmas razões orçamentais que nós enfrentamos] que, ao decidir baixar o custo dos madicamentos em 25%, teve como resultado situações de ruptura de fármacos. Um exemplo: a insulina da empresa farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk que comercializa um sistema de "caneta", largamente utilizado nas diabetes tipo I [dita juvenil].

Por cá a situação é do mesmo teor.
Parece que o nosso destino é perseguir os erros da Grécia.
Ao perdermos a capacidade negocial com a IF [avultadas dívidas acumuladas] ensaiamos fugas em frente. Foi o que sucedeu - novamente na Grécia - no caso da Novo Nordisk que reclama uma dívida [do Estado grego] no valor de 36 milhões de dólares...e, afirma, não poder suportar o corte de 25%.

A política do medicamento não pode ser feita com o espírito de merceeiro [ gestão à vista da prateleira e muitos "fiados"]. Necessita de passar por complexos processos técnicos seguidos de decisões políticas ajustadas e, finalmente, estimativas de consumo [e consequentemente gastos] realistas.

A IF não tolera produtos com preços congelados há mais de 10 anos! A IF, no actual periodo de crise, não perde o sentido do lucro. Pelo contrário agudiza-o. Não vale a pena iludir o óbvio com malabarismos de ocasião.

Há alguns dias foi anunciado na TV que um medicamento fulcral para combater as crises de gota - a colchicina - estava em ruptura no mercado. Solução: importa-se de Espanha...[mais cara mas sem custos de comparticipação]. O expediente do "Xico Esperto"

Mas o SE da Saúde [Óscar Gaspar] ao tentar justificar [explicar?] a situação enreda-se em contradições.
Disse:
"O Governo garante que não há, no mercado nacional, ruptura de medicamentos em áreas como o cancro ou doenças raras, alguns deles sem alternativa."
E, depois, acrescenta:
"Pode haver alguns problemas de abastecimento ao mercado, mas, na grande maioria dos casos, daquilo que se trata são rupturas muito temporalmente limitadas...".... link

Em que ficamos?
Vamos resolver o problema com versatilidades semânticas?...

10:33 da tarde  
Blogger Clara said...

As questões que o utente coloca são todas pertinentes.
Para mim trata-se de mais um episódio da guerra suja promovida pelo Infarmed para manutenção dos lucros elevados que têm delapidado o erário público desde há longos anos.

11:54 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O Infarmed, a autoridade que regula o mercado do medicamento, garantiu ontem que existe disponibilidade total de medicamentos nas farmácias. Depois do DN ter avançado que quase 500 medicamentos desapareceram das farmácias por serem muito baratos ou por revogação das autorizações de introdução do mercado, o Infarmed veio esclarecer que “todos os exemplos descritos têm assegurado alternativa terapêutica”, acrescentando que “existem cerca de 14 mil medicamentos autorizados, nas suas diferentes dosagens e formas de apresentação”. A Autoridade do Medicamento explicou ainda, em comunicado, que “quando há comunicação de rupturas de stock de um medicamento, o Infarmed verifica de imediato a existência de alternativas terapêuticas”.
O secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, em declarações ao DN admitiu ter conhecimento de que existem medicamentos a sair do mercado por estas razões e que “muitos medicamentos possam não ter viabilidade económica, avançando que “que tem de ser feita rapidamente uma revisão excepcional de preços”

DE 31.08.10

3:13 da tarde  
Blogger tambemquero said...

As rupturas e a retirada de mercado de medicamentos têm levado os hospitais a "gastar no mínimo o dobro para encontrar alternativas no mercado", conta ao DN Aida Baptista. A presidente da Associação Portuguesa dos Farmacêuticos Hospitalares reagia assim à notícia de ontem do DN, que avançava a falta de 500 remédios só no primeiro semestre, alguns dos quais sem substituto.

"Há casos de remédios em que temos de recorrer a autorizações de utilização especial (AUE) e excepcional. "Sai sempre mais caro, mas tentamos sempre que os doentes não fiquem sem acesso." As diferenças "podem chegar ao triplo ou quádruplo, porque é necessário recorrer a outros países".

A farmacêutica diz que a falta de medicamentos acontece pelas duas razões, no entanto, "o gasto com as AUE é mais nos casos em que é retirada a autorizações de introdução no mercado (AIM) - licença de comercialização -, porque muitas vezes as rupturas de stocks acontecem em vários países em simultâneo". A responsável sugere que o Infarmed avalie "de forma global quais os produtos em falta e se têm alguma alternativa. Tem de haver um estudo e formas de evitar a sua escassez".

Pedro Lopes, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, admite haver diferenças de custos com as AUE, mas preocupa-se sobretudo com "o tempo que se demora a ter uma resposta para os doentes. Não pode haver rupturas no mercado em certos medicamentos e o Governo tem de negociar com a indústria, porque as AUE não deviam ser a solução. Tem de haver uma política global nesta matéria".

O bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, também está de acordo com a intervenção estatal perante uma necessidade de saúde pública. À Lusa, disse que "há um esforço de regulação que é exigível aos organismos públicos. Não se compreende que medicamentos que são úteis desapareçam porque deixaram de ser economicamente interessantes. Lamentavelmente pode haver problemas" no tratamento .

As rupturas e saídas de mercado afectam várias áreas como o cancro ou doenças raras. Paula Brito Costa, presidente da Raríssimas, alertou para a escassez de um remédio para a doença de Fabry, referindo que a alternativa não seria tão boa. Ontem esclareceu que os dois fármacos estão aprovados, e que a alteração para um substituto "tem de ser analisada caso a caso", até porque há orientações dadas pelo Infarmed para o efeito.

DN 31.08.10

3:39 da tarde  

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