sexta-feira, agosto 27

SNS, custos não vão parar de crescer

foto portal de saúde
A Inovação não pára.

I: O SNS deve continuar a oferecer todos os cuidados a toda a gente?

ACF: Deve criar condições para que isso aconteça. O racionamento dos cuidados deve ser a última opção dos governantes. Antes devem apostar na melhoria da gestão dos recursos existentes, de modo a evitar que se chegue a um racionamento dos cuidados ou à exclusão de direitos.

I: Como financiar o SNS? Qual a solução para o problema da sustentabilidade ?

ACF: O financiamento é uma questão técnica que exige uma reflexão profunda. É o grande desafio e não há soluções mágicas. Os custos não vão parar de crescer, a inovação não pára de oferecer novas soluções onerosas. É um problema em todo o mundo. É possível estabilizar esse crescimento com pactos de estabilidade com os diferentes actores para não se ter de diminuir o acesso e a qualidade.

I: As pessoas vão pagar mais ? Faz sentido o tendencialmente gratuito?

ACF: O sistema não é gratuito é muito caro. Custa mais de nove mil milhões de euros por ano. A pergunta tem a ver com o momento em que o utente é chamado a contribuir. Ou, como acontece actualmente, através dos impostos, o que é mais justo e equitativo. Ou no momento em que utiliza os serviços de saúde. É isto que está em causa e é uma questão ideológica.

I: Que papel para o privado? Podemos optar?

ACF: Já hoje tem um papel importante: sempre que o Estado não consegue dar resposta aos utentes, recorre ao privado e ao social, através de acordos e convenções. Também nos hospitais, pode intervir na gestão de unidades através das Parcerias Público-Privadas. Não há nenhuma limitação à sua participação e a Constituição não é nenhum entrave.

I: Quem tem seguro e usa o privado deve poder descontar nos impostos?

ACF: Hoje as empresas e os particulares já têm benefícios fiscais. Mas se for dada a possibilidade de optar por um ou outro, levará à destruição de um deles. Se quem tiver mais rendimentos optar por não descontar para o SNS, acaba o principio da solidariedade e cria-se um problema de financiamento. É como nas reformas: quem pode paga mais pelos que não podem.

I: Como melhorar o acesso e reduzir os tempos de espera?

ACF: As instituições do SNS têm um grande potencial de desenvolvimento, empregam mais de 125 mil profissionais de saúde e muitas estão sub-aproveitadas. Devem ser cada vez mais eficientes e deve aumentar a exigência de uma boa gestão. Este esforço tem vindo a ser feito e deve continuar.

I, 24.08.10

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5 Comments:

Blogger Unknown said...

COMEÇAMOS A FALAR BEM...

Uma voz ajuizada que descarta a cegueira de quem só critica.
Cá está o dedo na ferida - como se financia o SNS que é tão caro e ainda vai ficar mais?

ACF tem uma larga experiência neste sector e demonstrou ser um líder que não cede a pressões. É preciso perceber que o SNS necessita de financiamento e os impostos poderão não ser suficientes bem como os cortes financeiros acéfalos.
Há que trabalhar com todos os intervenientes, numa estratégia a médio longo prazo, sentando a oferta e a procura; os organismos do estado, ligados à saúde, têm de ter uma ó voz e essa tem de vir do MS. A gestão das unidades de saúde, tem que ser feita por gestores ou médicos gestores e não médicos armados em gestores; têm de ser avaliados por objectivos de qualidade e não por objectivos de quantidade.

A Saúde precisa de um manifesto de ruptura e não somente de defesa do SNS.
A Coragem para o Fazer, está num grande líder.

4:23 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Certo!

Uma coisa é modernizar e/ou inovar nas soluções sobre a sustentabilidade do SNS - dentro do modelo constitucional definido - o que poderá ser um problema com grande "peso técnico", mas não só...;

Outra será proceder a alterações do paradigma do SNS, ajoelhadas aos interesses do mercado, o que é um problema fundamentalmente político.

Mas, na crucial questão da sustentabilidade do SNS, o importante é que - quando se defende rupturas - não podemos deixar de acautelar [abertas ou encapotadas] mudanças de paradigma...como todos temos observado, aqui e acolá [nomeadamente na "revisão" constitucional de PPC].

Por isso, é necessário começar por "defender a sustentabilidade política do SNS", como fez ACF [e outras personalidades ligadas à política e ao "mundo da saúde"...].
Depois, todos temos a noção que é necessário discutir [e consolidar] a sustentabilidade financeira. Por esta ordem! Se não, caímos na esparrela [neoliberal] de serem os interesses do mercado a ditar opções políticas... E já conhecemos este filme!

12:24 da tarde  
Blogger Clara said...

ACF é seguramente o líder capaz de conduzir a reforma necessária à sustentabilidade, melhoria do acesso e da qualidade do nosso SNS.

Infelizmente a opção de JS foi a que sabemos e o programa de reformas congelado, o que vai custar muito caro num futuro próximo ao nosso SNS. Como se vai constatando todos os dias.

12:26 da tarde  
Blogger saudepe said...

ACF um grande gestor talhado para fazer a convergência harmoniosa do desenvolvimento do sector privado e a reforma do SNS.

Foi pena José Sócrates não ter tido capacidade para vislumbrar esta evidência quando substituiu CC.

3:29 da tarde  
Blogger SNS -Trave Mestra said...

A ministra da saúde, Ana jorge, adjudicou recentemente ao Consórcio Escala Vila Franca de Xira (liderado pelo grupo Mello)em cerimónia pública rodeada de pompa e circunstância, a construção e gestão clínica de cuidados do Hospital de Vila Franca de Xira.
Mais 215.000 utentes vão passar a ser assistidos por uma unidade de gestão privada.
Se somarmos os utentes das áreas de influência dos HHs de VFX, Cascais, Braga, e Loures, concluíremos que a gestão de cuidados de cerca de um milhão de utentes do SNS passará dentro em breve para a gestão privada.

Pergunto eu: É assim que se defende o nosso SNS? Privatizando hospitais do SNS? Através da implementação de um modelo (PPP) complexo, dificil de fiscalizar e dispendioso que dificilmente será gerador de eficiência.

Numa altura em que o PS nos tenta mobilizar para a defesa do SNS, temos de saber muito bem se não estamos a ir no engodo, ou seja, se tudo, afinal, não passa de uma tentativa de mobilização dos cidadãos incautos em defesa da politica de saúde desastrosa deste governo.

8:50 da tarde  

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