segunda-feira, setembro 27

“Política” ziguezague

foto portal saúde
Médicos contestam que doentes escolham remédios

Secretário de Estado da Saúde faz anúncio de manhã, Ministério esclarece à tarde. Ordem dos clínicos alerta para riscos. O secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar anunciou que a partir de Março do próximo ano os doentes vão poder escolher a marca do medicamento que comprarem desde que a substância seja a mesma que o médico receitou. O bastonário dos médicos alerta para os riscos para a saúde dos doentes desta medida polémica. Mais tarde, questionado pelo DN, o Ministério acabou por dizer que as mudanças serão feitas no consultório e não na farmácia. Segundo Óscar Gaspar, "a ideia é atribuir ao cidadão a capacidade de escolher os medicamentos mais baratos dentro da terapêutica que o médico prescreveu". Horas mais tarde o Ministério da Saúde, questionado pelo DN, rectificou as palavras ditas por Óscar Gaspar. "Quando o secretário de Estado da Saúde fala em escolha é em conjunto com o médico, em diálogo com o médico ainda no consultório. Em linha total com a campanha do medicamento que lançámos", esclareceu a assessoria do gabinete de Ana Jorge, sem explicar a razão por que seria necessário "trancar" a receita para evitar mudanças.
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O descrédito é total. Só os próprios não se dão conta da realidade. Persistem no autismo do seu caminho, insistindo no agravo, diário, dos problemas e afundando o SNS.
O SE refém da sua profunda inexperiência vai desgastando o capital de esperança que parecia aportar. Medidas “à toa”, avanços e recuos, decisões inconsequentes, emendas, retalhos e reparos.

O mesmo SE que aparenta não conhecer a “metodologia AJ” cuja tradição remonta aos tempos da sua passagem pela ARSLVT – incapacidade absoluta de decidir, ausência de rumo, navegação à vista, curvas e contracurvas para “ajeitar” a política aos interesses das corporações, desconhecimento dos dossiês, inexistência de pensamento político devida a uma penosa ignorância das matérias que dizem respeito ao sector da saúde.

Neste caso (como noutros) a medida foi avançada “em cima do joelho” para, logo de seguida, perante o estrebuchar do Sr. (ainda) bastonário o gabinete da ministra vir a correr tirar o tapete ao SE. Não nos esqueçamos que a Sra. Ministra não é mãezinha dos SE (por mais tenrinhos que eles sejam).

Será que não perceberam que prolifera o desânimo no sector? Será que não perceberam que estão fechados no quartel quais generais (ainda) com poder mas já, completamente isolados e sem tropas?

cosme

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7 Comments:

Blogger Tavisto said...

Então vamos agora ter o doente a discutir com o médico farmacologia clínica? Passa a entrar no consultório com o simpósio e guia dos genéricos debaixo do braço, para, em diálogo (tenso, acrescento eu) com o médico decidir como compor a receita?
Bem sei que aos pobres e mais desprotegidos já é hoje exigido que dominem as tecnologias de informação para poderem fazer prova dos rendimentos e, assim, terem direito aos rendimentos sociais. Portanto, com mais um bocadinho de esforço intelectual, estarão também habilitados a fazer prova junto do médico dos seus conhecimentos galénicos, não deixando que os comam por parvos na factura dos medicamentos.

1:40 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Este episódio é ilustrativo sobre a forma como a Ministra da Saúde baixa a bolinha face ao poder das corporações.

Os PECs prevêem medidas duras que requerem decisões firmes por parte dos governantes.A Saúde não é excepção. Acontece que com esta ministra, que gere o MS como uma paróquia da Lourinhã, não vamos lá

4:36 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Este ziguezaguear constante do Governo em matéria de saúde, procurando evitar atritos com os interesses instalados, lembra-me a história do sujeito que, chegado a casa vindo do alfaiate, repara que o fato afinal não lhe assentava tão bem como à primeira vista parecera. Irresoluto, não querendo confrontar o feitor do dito, resolve ele próprio ajustar-se à farpela: encolhe um ombro, estica um braço, roda um pouco o tronco, dobra ligeiramente um joelho e, agradado com a imagem, sai de casa orgulhoso do resultado.
Duas senhoras que passavam na rua comentam então entre si: repara naquele pobre senhor, tão tortinho e que bem lhe assenta o fato.

7:14 da tarde  
Blogger Clara said...

Cada tiro...cada melro...cada cavadela...cada minhoca...

Cada vez mais é evidente que esta ministra não acerta uma.
Se conseguisse ver-se ao espelho, tivesse coragem e bom senso, fazia as malas e ia para casa.
Assim temos de continuar a assistir todos os dias ao escavacar do SNS provocado pela inépcia da senhora ministra.

11:22 da tarde  
Blogger Clara said...

Na Saúde não falhámos

A proposta de revisão constitucional do PSD colocou de novo na ordem do dia o debate sobre o Estado social — e, dentro dele, do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Pergunta o PSD: “Por que motivo as pessoas com mais rendimentos pagam exactamente o mesmo, de taxa moderadora, num hospital público?”
Vamos por partes. Os dois grandes falhanços da revolução de 1974 são a justiça e a educação — mas não a saúde. Em 1974, Portugal tinha uma das mais elevadas taxas de mortalidade infantil do mundo (80 por 1000). Hoje, tem a quarta mais baixa do mundo e a terceira da Europa (3 por mil). O país é líder mundial na transplantação hepática, na transplantação de rins com dador cadáver e na colheita de órgãos. A esperança média de vida aumentou mais de dez anos, desde 1974.
Claro que se pode melhorar, e o país tem hoje problemas, como o envelhecimento da população, completamente diferentes daqueles que enfrentava há 36 anos. Mas isso não pode ocultar as evidências: na saúde não falhámos!
Contudo, a evolução etária da população, o aumento dos idosos e reformados, a redução da população activa, o crescimento económico muito lento, colocam em cima da mesa o espectro da falência do SNS — ou então a necessidade da sua reformulação. Por exemplo, todos os anos €180 milhões dos nossos impostos são canalizados para tratar 14 mil doentes com sida e €230 milhões para tratar 8 mil doentes com hemodiálise (sem incluir transportes e outros custos). Sem estes tratamentos, essas pessoas morrerão rapidamente. Podemos reduzir os custos do SNS em mais de €400 milhões. Mas quantos destes doentes estão em condições de pagar os seus tratamentos? A proposta do PSD sobre o SNS precisa de ser mais bem explicada. Em primeiro lugar, porque os cidadãos que ganham mais também pagam mais impostos, parte dos quais são supostamente dirigidos para suportar o SNS. Com grande probabilidade, metade dos utentes do SNS não paga sequer impostos porque os seus rendimentos os isentam. Em segundo, é diferente pagar mais alguma coisa em taxas moderadoras do que pagar intervenções cirúrgicas ou tratamentos prolongados — e aí são muito poucos os portugueses da classe média com capacidade para o fazer. E em terceiro, se bem que seja muito atraente a ideia de podermos escolher a que hospital ir, seja ele público ou privado, mantendo sempre o apoio do Estado, ela precisa de ser muito bem analisada. E precisa porque as experiências que houve de entregar a gestão de hospitais públicos a grupos privados não foi conclusiva sobre os benefícios de tal medida. Depois, o facto de muitos grupos privados estarem a apostar na saúde prova que este é um negócio muito rentável — e eles vêm para esta área para ganhar dinheiro a sério. Será bom que o façam sem ter a mão do Estado por baixo. E, finalmente, esse mesmo sector privado (incluindo seguradoras) tem mostrado que está muito disponível para quase todos os pacientes — mas não para aqueles com doenças crónicas, que exigem tratamentos caros e muito prolongados.
Numa coisa o PSD tem razão. O SNS exigirá crescentes recursos para, no mínimo, manter padrões de funcionamento como os que atingiu. E isso implica ou reduzir despesas noutras áreas do Estado ou aumentar impostos e taxas — um debate que se torna imperioso realizar.

Nicolau santos

11:23 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Peritos não sabem quem vacinar contra a gripe A
Destino a dar aos lotes contra a gripe A adquiridos em 2009 não tem consenso científico. SNS ainda dispõe de 1,5 milhões de doses


Destino a dar aos lotes contra a gripe A adquiridos em 2009 não tem consenso científico. SNS ainda dispõe de 1,5 milhões de doses
A uma semana do início da campanha de vacinação contra a gripe, os peritos nacionais continuam sem chegar a acordo sobre quem deve ser vacinado com as doses contra a gripe A que sobraram do ano passado, 1,5 milhões. Na origem da discussão está o facto de a vacina sazonal disponível para este outono e inverno garantir protecção para três estirpes e não apenas contra a ‘gripe A’, como é o caso dos lotes pandémicos.
Na prática, os grupos mais vulneráveis à gripe — pessoas a partir dos 65 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos (sistema imunitário débil) com mais de seis meses de idade, grávidas a partir de 12 semanas de gestação, profissionais de saúde e prestadores de cuidados em lares e serviços afins — vão ser imunizados com a vacina sazonal (mais completa) e as doses pandémicas ficam, assim, sem aplicação. Os especialistas são unânimes em defender que é preciso evitar o desperdício; resta agora que se entendam sobre a forma como esse aproveitamento será feito.
“Os lotes estão dentro do prazo, são eficazes, estão disponíveis nas unidades públicas de saúde e não há qualquer razão para que não sejam usados”, salienta a subdiretora-geral da Saúde, Graça Freitas. Na sua opinião, “uma estratégia mista será a decisão mais equilibrada em termos científicos”. Isto é, “há uma franja da população que nunca tem indicação para a vacina sazonal e que pode aproveitar a vacina monovalente (pandémica)”, sugere. Estão neste grupo, por exemplo, as crianças, os obesos e os imunodeprimidos sem outros problemas de saúde e é esta escolha que está a dividir os peritos, que preferem manter o silêncio. Em cima da mesa estão os caminhos seguidos por outros países europeus e que poderão servir de modelo a Portugal. A França e o Reino Unido decidiram aproveitar as suas doses contra a gripe A naqueles três grupos de pessoas sem comorbilidades porque ficam excluídos das recomendações da imunização sazonal. Já a Espanha, a Alemanha e a Itália optaram por não vacinar ninguém com os lotes pandémicos.
Atraso não é grave
A Direção-Geral da Saúde espera conseguir durante a próxima semana traçar o caminho a tomar, mas diz não haver razões para alarme caso os peritos demorem a chegar a um consenso. “A logística está toda montada e um atraso nas recomendações não será problemático”, garante Graça Freitas. As indicações para a vacina sazonal são as mais prementes e essas foram publicadas na quarta-feira.

As farmácias vão ter 1,6 milhões de doses sazonais à venda — sob receita médica e com comparticipação do Estado —eo Ministério da Saúde vai ainda oferecer mais 330 mil vacinas a idosos que vivam em instituições, beneficiários do Complemento Solidário para Idosos e profissionais de saúde do SNS, por exemplo. A oferta vai repetir-se nos próximos dois anos. Os lotes pandémicos também serão gratuitos, como em 2009, e estarão disponíveis nos centros de saúde e hospitais públicos.

expresso 25.09.10

10:44 da tarde  
Blogger saudepe said...

Com o seu ar sonso de paroquiana da Lourinhã, ninguém diz estarmos perante tão perigosa agente de destruição do SNS.
Mas o que mais me surpreende é constatar como gente tão impreparada consegue ser ministro neste país à beira mar plantado.

11:36 da tarde  

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