sexta-feira, novembro 5

Trapalhadas, Truques e Mentiras

Desde a trapalhada dos assessores e da assessora. Do dito por não dito, do desmente, para depois dizer que não é bem assim até que o assunto caia no esquecimento. Desde a confusão com as contas, às nomeações com promoções, prevalece o desnorte. Como de costume para branquear a trapalhada salta um coelho da cartola. Já tinha sido assim com a gratuitidade dos medicamentos (de má memória), do despesista programa de intervenção em Oftalmologia, do cheque-dentista. O novo coelho da cartola para preencher os rodapés dos telejornais é agora o “modernaço” programa de cirurgia da obesidade. Mais uma negociata engendrada pela DGS para servir os “industriais” do sector (alguns “peritos” em causa própria).

Esta parece ser a maior especialidade deste MS: “truques” criadores de sound-bytes noticiosos, dinheiro a rodos para cima dos problemas e conforto dos interesses instalados procurando, desse modo, iludir o afundamento do SNS e a sua ruína financeira.

Setubalense

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8 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

SNS

[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]
As notícias sobre a derrapagem financeira do SNS vêm infelizmente confirmar os alertas que sucessivamente fui fazendo ao longo dos últimos dois anos (logo desde o verão de 2008) acerca do abandono do discurso e da prática do rigor financeiro e dos ganhos de eficiência, que Correia de Campos fez valer no Ministério da Saúde (perante a condenação oportunista dos que agora, à direita, denunciam hipocritamente o défice em nome da redução da despesa pública).
Pior do que isso, face ao crescimento dos gastos (acima do aumento da despesa pública em geral) e ao aperto orçamental (que não vai desaparecer num ano ou dois), voltam a avolumar-se as dúvidas sobre a sustentabilidade do actual modelo de financiamento do SNS.
Os conhecidos inimigos jurados do SNS (o sector privado da saúde e os partidos da direita) rejubilam!

Vital Moreira, causa nossa

10:19 da tarde  
Blogger Clara said...

Os responsáveis do Ministério da Saúde esconderam o valor do défice acumulado (saldo do exercício mais dívidas de anos anteriores) no mapa com a execução orçamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Ao contrário do que acontece todos os anos no Parlamento, no âmbito da discussão na especialidade das propostas do Orçamento do Estado (OE), o mapa que a ministra Ana Jorge e os secretários de Estado, Óscar Gaspar e Manuel Pizarro, entregaram aos deputados e à comunicação social com a execução de 2010 não tem qualquer referência ao valor do saldo (défice) acumulado do SNS. Apesar da insistência dos deputados da oposição, os responsáveis do ministério não revelaram esse valor. link

E percebe-se porquê. É que o buraco da Saúde deverá ultrapassar já os mil milhões de euros, tendo em conta que no final de 2009 o défice acumulado do SNS atingia quase os 600 milhões de euros e que este ano as contas da Saúde derraparam em mais de 500 milhões de euros. À saída do plenário, o PÚBLICO perguntou ao secretário de Estado Óscar Gaspar se os números são tão negros que merecem ser escondidos, mas o governante defendeu-se dizendo que a tabela que excluíram este ano é de "ordem mais técnica" e justificou que não foi solicitada pelos deputados. No entanto, durante a tarde, vários foram os deputados que repetiram a mesma pergunta: "Qual é a dívida total acumulada do SNS?" "A senhora ministra não esclarece o que importa saber e também não contabiliza a dívida a fornecedores que já é superior a 1500 milhões. Vai ficar para a história como a pessoa que destruiu o SNS", disse a centrista Teresa Caeiro. Uma preocupação também manifestada pelo bloquista João Semedo, pelo comunista Bernardino Soares e pela social-democrata Clara Carneiro. Manuel Pizarro limitou-se a responder que "a despesa com a Saúde está controlada e muito longe dos maus agoiros".

Em relação ao défice do exercício, o mapa facultado revela que este se situará nos 199,4 milhões de euros, um valor inferior à derrapagem de mais 500 milhões já assumida pelo Governo pela voz do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Óscar Gaspar explicou que a diferença é justificada pelas parcelas que são consideradas por cada ministério, explicando que nestes 500 milhões estão os 385 que Ana Jorge teve de avançar aos hospitais em nome da ADSE, 100 milhões da derrapagem com a comparticipação dos medicamentos a 100 por cento e 50 da despesa com farmácia em ambulatório.

Estes 199,4 milhões são ainda bem diferentes (para pior) dos 24 milhões de euros de saldo positivo que o ministério estimava alcançar no final deste ano, aquando da discussão da proposta de OE2010.

Estes dados confirmam que as medidas anunciadas em Maio pela ministra da Saúde para conter a despesa e o desperdício no sector - que segundo Ana Jorge iriam ter efeitos ao longo do segundo semestre - afinal não tiveram grande impacto.

Os dados agora revelados indicam ainda que o défice do exercício de 2009 ainda foi pior do que o inscrito no mapa do ano passado. O ministério previa ter um saldo negativo de 331,1. Agora ficou a saber-se que foi de 394,8 milhões de euros.

Apesar deste cenário, para 2011 a tutela faz uma previsão ainda mais positiva do que aquela que em 2009 fez para 2010: para o ano Ana Jorge estima que o SNS venha mesmo a dar um lucro de 31,9 milhões de euros.

JP 05.11.10

1:59 da tarde  
Blogger Clara said...

Ordenados dos gabinetes geram polémica

Quanto ganham os membros do Governo na área da saúde? A questão foi ontem levada ao Parlamento pela deputada do PSD Maria Teresa Fernandes. As contas da parlamentar mostram que a despesa em ordenados dos gabinetes da ministra da Saúde e dos dois secretários de Estado totaliza cerca de três milhões de euros. Um valor que foi prontamente desmentido por Ana Jorge.

A deputada Maria Teresa Fernandes salientou que a despesa global prevista para 2011 será de 2,9 milhões (abaixo dos 3,2 milhões de 2010), mas considerou que "a credibilidade destes cortes fica posta em causa quando se constata que, em plena crise, os gabinetes ministeriais da saúde têm 19 adjuntos e assessores, quando não deveriam ter mais do que 11". A deputada do PSD criticou ainda o aumento dos gastos com pessoal não vinculado à função pública e defendeu ser uma "total falta de transparência que a remuneração da principal assessora de imprensa do Ministério da Saúde não conste do despacho de nomeação publicado em Diário da República". E acrescentou: "Era importante que o ministério aproveitasse a oportunidade para defender a probidade dessa contratação, desmentindo que a referida assessora aufere uma remuneração na ordem dos 10 a 14 mil euros mensais."A ministra Ana Jorge não referiu o caso concreto da assessora, mas garantiu que o total dos ordenados com assessores e adjuntos não ultrapassará os 804 mil euros, um valor até inferior aos 893 mil euros de 2010.

Em resposta escrita enviada ao PÚBLICO, a tutela também desmentiu as notícias veiculadas e insistiu que o valor que será pago para o ano "já representa um decréscimo de nove por cento face ao Orçamento de 2010", relembrando que no presente ano "o Ministério da Saúde voluntariamente cortou cinco por cento em despesas de funcionamento".
JP 05.11.10

2:03 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Risco de colapso do SNS

«A execução deste OE-2011, já aprovado na generalidade, envolve três grandes riscos: o risco de uma entrada em recessão, que só o Governo não quer ver; o risco de incumprimento do défice, com esta recessão implícita e as "ajudas" do PSD; e o risco de colapso do Serviço Nacional de Saúde, devido aos cortes impiedosos a que foi sujeito. Os orçamentos seguintes garantem desde já uma certeza: os défices previstos vão implicar sacrifícios adicionais.»link

DE 04.11.10

3:13 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

MS em desatino

Isto está tudo em falência. Este problema não é apenas do Ministério das Finanças, é também do Ministério da Saúde. Estas questões (recusa da ADSE em pagar as facturas às farmácias) são mais uma tradução de que o Ministério da Saúde está actualmente sem rei nem roque, é um ministério em desatino.
João Semedo,JP 03.11.10


É urgente botar esta ministra na rua. Isto está tudo a cair de incompetência. Em bom português :«Isto já não há cu que aguente!»

4:13 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Os meios de informação portugueses - e também estrangeiros - apontam para um futuro governo do PSD de Passos Coelho como a solução lógica, provavelmente ainda antes do final da actual legislatura, ou até mesmo já no ano de 2011.Do meu ponto de vista, este raciocínio é excessivamente simples. Vejamos porquê.

As políticas que o Governo - qualquer Governo - deverá seguir nos próximos anos podem ser designadas, grosso modo, como "de direita". Ou seja, será necessário em muitas áreas reduzir drasticamente o peso do Estado (esperemos que não em todas, como na saúde), serão feitos cortes suplementares na protecção social, haverá menos dinheiro para a educação, os salários vão perder poder de compra e o factor trabalho será, em geral, muito penalizado.

Ora, que tipo de Governo pode fazer esta política com relativo sucesso, sem suscitar a revolta generalizada, a violência nas ruas e o bloqueio do funcionamento normal do país? É óbvio que apenas um governo de esquerda o pode fazer. Recorde-se que os Governos de direita em Portugal só tiveram sucesso quando - com Cavaco Silva - fizeram uma política "de esquerda": expansão do Estado, reforço da protecção social e do sistema educativo, melhoria dos salários, especialmente dos funcionários públicos, etc. Os Governos de direita não têm o discurso, nem a credibilidade, nem a sustentação sociológica que lhes permitam aplicar com sucesso um programa de austeridade de longa duração e vasto alcance, como aquele que se avizinha.

Assim, se alguém está a pensar - e muitos estão - que a ascensão ao poder do PSD de Pedro Passos Coelho, eventualmente coligado com o CDS, constitui o novo "amanhã que canta" da política portuguesa, está muito enganado. A governação de Passos Coelho arrisca-se a ter a mesma sorte que teve a de Durão Barroso, ou seja, um constante adiamento e agravamento dos problemas. Isto nada tem a ver com o facto de muitos dos que rodeiam o actual líder do PSD serem técnica e politicamente incompetentes. Ainda que fossem competentes, as perspectivas não seriam melhores.

A solução para Portugal passará pois, necessariamente, pelo PS. Este é o partido fulcral do nosso sistema e nada se fará sem ele. É certo que a contribuição do PS para a solução poderá passar por uma nova liderança, eventualmente com um discurso mais conciliador e de salvação nacional.

Mas, pensar que a crise económico-financeira do país se pode resolver sem o PS, ou mesmo contra o PS, é mais uma ilusão da nossa imaginativa vida política.

João Cardoso Rosas,DE 05.11.10

4:17 da tarde  
Blogger Tavisto said...

A derrapagem das contas do Ministério da Saúde é estimada algo acima dos 500 milhões de euros. Para tal o Governo dá as seguintes justificações:
- 385 milhões que Ana Jorge teve de avançar aos hospitais em nome da ADSE (incumprimento do ministério das Finanças).
- 100 milhões da derrapagem com a comparticipação dos medicamentos a 100 por cento (responsabilidade eleitoralista do Governo).
Se estas contas estão certas, ficam apenas 15 milhões (míseros 3% do total) na responsabilidade directa do MS.

Neste triste espectáculo de passa a culpa do deficit, Ana Jorge está a ser o bombo da festa, espécie de elo mais fraco do Governo. Está bom de ver (Vital Moreira deu o mote) que irá ser substituída a curto prazo, não pelas boas razões (manifesta incapacidade para o cargo), mas porque alguns vão ter de espiar as culpas do colectivo, em particular de Sócrates/Teixeira dos Santos.

5:28 da tarde  
Blogger e-pá! said...

À espera do dumping...

O novo coelho saído da cartola, só será "novo" se colocarmos o lapin Passos de parte, i. e., o "programa de cirurgia da obesidade" só pode ser uma visão anaglífica, fruto de uma alucinação dismorfofóbica, acerca do "volume" e do "peso" dos dislates, recentemente acumulados pelo MS.

Tratar-se-à, somos levados a ponderar, de um preceito orçamental baseado em técnicas cirúrgicas bariátricas destinado a combater a obesidade [mórbida] do Estado. Uma obstinação neoliberal muito difundida e, cada vez mais, utilizada - no velho e no novo continente - para enfrentar situações críticas...
Segundo as habituais regras do marketing de atracção prometem-se resultados espectaculares e imediatos [a eventualidade de poderem ser dolorosos deve ser omitida].
Tivemos ocasião de o verificar.
Em pouco dias - ainda o "doente" mal tinha entrado no Bloco - conseguiu reduzir o status [orçamental] em 12,7%.

Como pode acontecer em qualquer procedimento [cruento] drasticamente redutor [cirúrgico, orçamental, etc.] o risco é o dumping, no caso vertente, social... .
Mas isso será outra história, ou talvez, outra "estória".

6:41 da tarde  

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