quarta-feira, novembro 3

As escolhas de Passos Coelho

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Pedro Passos Coelho podia ter escolhido não se envolver na negociação do orçamento. Abstinha-se por um qualquer imperativo nacional e responsabilizava o governo pelas suas opções. Poderia e seria criticado pela demissão, mas nunca mais do que isso.

Optou por negociar. E ao fazê-lo colocou a sua assinatura neste orçamento. Procurou vitórias numa derrota, julgando que podia ficar apenas com a parte boa. Não pode. Não é assim que as coisas funcionam. Não pode ficar com o leite achocolatado e desresponsabilizar-se pelos cortes salariais dos funcionários públicos e pelos cortes nas prestações sociais.

Mas, neste caso, a sua responsabilidade vai mais longe. Quando se decide negociar fazem-se escolhas. E Passos Coelho fez as suas. Decidiu exigir umas coisas e não outras. Decidiu obrigar o governo a ceder nas deduções e não o fazer no congelamento das pensões e dos cortes no abono de família. Decidiu reduzir aí a receita fiscal tornando impossível não cortar a despesa social em tempo de crise. É uma opção legitima mas cheia de significado político. O que o PSD não pode fazer, se quiser ser honesto, é continuar a lamentar a desigualdade dos sacrifícios exigidos aos portugueses e o carácter antisocial deste orçamento quando essa não foi a sua prioridade. Não pode querer participar na escrita do guião desta tragédia e depois fingir que esta trama não é sua. É. E terá, com o PS, de pagar por ela.

Daniel Oliveira

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