Inauguração
foto diário das beiras
E-pá!
Hoje, na inauguração do Hospital Pediátrico, em Coimbra, José Sócrates fez uma comovente “profissão de fé” ao SNS. link Demasiado entusiasta e veemente para não levantar suspeições. É que quando a esmola é muita, pobre desconfia… [*]
Assim, no rescaldo da cimeira do Conselho Europeu, de 04.02.11, em Bruxelas, o PM José Sócrates regressou a Portugal, revigorado e assertivo [sobre políticas sociais e função pública] … link
Na verdade, sol de pouca dura. Pois, terá, a breve trecho, a árdua missão de alargamento da idade da reforma [67 anos], políticas salariais não indexadas à inflação e o que mais adiante se verá.
Enfim, um "pacote" a que eufemísticamente a dupla Sarkozy/Merkel denominou de “pacto para a competitividade”…
Entrámos, portanto, em campanha de sensibilização política…
[*]- Curiosidade: Na 1º. fila do auditório onde se realizou a cerimónia sentava-se António Arnaut...
Assim, no rescaldo da cimeira do Conselho Europeu, de 04.02.11, em Bruxelas, o PM José Sócrates regressou a Portugal, revigorado e assertivo [sobre políticas sociais e função pública] … link
Na verdade, sol de pouca dura. Pois, terá, a breve trecho, a árdua missão de alargamento da idade da reforma [67 anos], políticas salariais não indexadas à inflação e o que mais adiante se verá.
Enfim, um "pacote" a que eufemísticamente a dupla Sarkozy/Merkel denominou de “pacto para a competitividade”…
Entrámos, portanto, em campanha de sensibilização política…
[*]- Curiosidade: Na 1º. fila do auditório onde se realizou a cerimónia sentava-se António Arnaut...
E-pá!
8 Comments:
FMI, projecções para 2011. A economia mundial vai crescer 4,4%, média ponderada das economias emergentes (6,5%) e das economias avançadas (2,5%) e sintoma nítido de que a recessão de 2009 já se ultrapassou.
No primeiro grupo, destaque para dois colossos asiáticos: a China e a Índia. No segundo grupo, o insólito: os Estados Unidos, mesmo com défices e desemprego, vão crescer o dobro da Eurolândia. O mundo virou de pernas para o ar.
Peguemos no caso da China, com taxas de crescimento da ordem dos 10% ao ano. Com esta ‘performance', salários de miséria e uma taxa de poupança que não tem paralelo em todo o mundo, o país vai acumulando reservas colossais que necessitam de aplicação. E os sinais vão aparecendo: o poder económico está a deslocar-se para Leste; e os fundos de Leste preparam-se para "comprar" a Europa. Não sei se os europeus já se aperceberam disso.
Num outro plano, os preços do petróleo e dos produtos alimentares voltaram a disparar, sugerindo o regresso da inflação. Não a inflação tradicional, associada ao sobreaquecimento económico, que os países corrigiam subindo as taxas de juro. É uma inflação específica, que reflecte o excesso da procura sobre a oferta daqueles produtos, em particular na China. Ainda não se sabe como lidar com isto. Mas sabe-se que as últimas recessões começaram assim.
Enquanto isto, os EUA e a Europa não se entendem sobre a melhor forma de ultrapassar a crise. A Europa aposta no rigor orçamental e no controlo da dívida; os EUA preferem aumentar o défice para relançar a economia - mesmo que a dívida pública já atinja a soma astronómica de 14 triliões de dólares, próxima do PIB. O facto é que a História parece dar razão ao Tio Sam: o PIB ‘per capita' excede em 34% o equivalente europeu e continua a distanciar-se.
Pertencendo nós ao grupo das economias avançadas, é com estes dois blocos que devemos comparar-se. E a comparação não poderia ser mais frustrante. Peguemos num trabalhador americano médio e façamos a sua produtividade por hora igual a 100: o indicador homónimo da Zona euro é de 85 e o português de apenas 48. Eis a imagem de Portugal ao espelho: uma produtividade paupérrima e confrangedora. A mais baixa da Europa.
Como é que vamos sair disto?
Nota: Com a recessão de 2009 até a economia mundial bateu no fundo, o que nunca acontecera neste século. Mas as economias emergentes apenas abrandaram o passo, retomando a marcha logo a seguir. O caso da Europa é ‘sui generis': caíu muito mais do que os EUA e, na hora da retoma, fá-lo a um ritmo que é apenas metade do dos americanos. Já Portugal parece um caso perdido: vamos passar vários anos a marcar passo.
Daniel Amaral, DE 06.02.11
E não é com o recente pacto de competitividade sugerido [imposto] por Merkel, acoolitada por Sarkosy, que vamos desenvolver e tornar competitiva a nossa economia.
Todavia, há experiência que deve ser tomada como um dado adquirido.
O factor trabalho [nacional] é produtivo, em outros ambientes [fora de Portugal].
Talvez devessemos procurar as causas da improdutividade no campo da organização e da inovação. E procurar saber por onde anda o progresso tecnológico...
E não centrar as reformas [ditas estruturais] no campo da legislação laboral e nas políticas salariais. Possivelmente, estamos a errar o "alvo" e a perder o comboio.
Há um provérbio [madeirense] que diz: "quando o milho não fica bem estroçoado, ou é do malho, ou do malhadeiro."
O miúdo até se assustou com a carantonha de José Sócrates.
Independentemente do mérito e justiça desta obra, estamos fartos deste tipo de cerimónias.
O SNS carece urgentemente de medidas de racionalidade e controlo que tardam em sair à luz do dia.
Medidas avulsas tipo tapa buracos e propaganda é o que está a dar. E,a continuarmos assim, não vamos lá.
Um discurso à altura dos dois principais feitores do Hospital Pediátrico de Coimbra. O recem inaugurado tomará o nome Carmona da Mota mas em nada desdenharia chamar-se Torrado da Silva.
Esperemos que o discurso de Sócrates seja sincero e não escolhido em função do espírito de serviço público que sempre norteou a actividade da casa. É que o SNS, com todas as dificuldades que se lhe conhecem, é mesmo das coisas de que o País pode orgulhar-se tendo no Pediátrico de Coimbra um dos seus mais notáveis emblemas.
Fim de Ciclo
Acabou-se a energia. Por todo o lado o sentimento é de desânimo. Uns anseiam pela reforma. Outros por uma oportunidade de trabalho e de carreira algures que os faça reanimar profissionalmente. Alguns preferem mesmo aventurar-se no privado para fugir à letargia e à frustração.
O MS fossilizou-se num processo autista de impossível recuperação não conseguindo sequer ler os sinais do mundo exterior. Repetem-se rotinas mecanicamente caracterizadas pelas mesmas inaugurações que se repetem no estilo e na forma. Pelo meio balbuciam-se entediantes profissões de fé no SNS que de tanto soarem a falso já se afiguram patéticas.
Requentam-se os anúncios num discurso oco que não consegue sequer mobilizar os seus próprios mentores. Nunca a memória de Vasco Gonçalves e do PREC esteve tão viva: de vitória em vitória até à derrota final…
Pedro Passos Coelho, Carrapatoso e a restante tropa de assalto neoliberal aí estão prontos a colher o fruto que está prestes a cair de maduro…
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou que mais 70 médicos vão deixar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Março, a maioria em “topo de carreira”, o que põe em causa a formação médica. link
JP 07.02.11
A gestão de recursos humanos no SNS - e não só no que diz respeito aos médicos - tem sido verdadeiramente desastrosa.
Na verdade, as concepções das "administrações empresariais" (vamos centrar-nos nos HH's), ao aplicarem acriticamente critérios de produtividade à mistura com métodos de avaliação quantitativa a um sector social muito específico e complexo como é a Saúde, levaram muitos profissionais a um êxodo [não tão silencioso como se quer fazer crer].
A “empresalização” na Saúde [concretamente nos HH’s] não foi um poço de virtudes, nem para a eficiência, nem para a capacidade de resposta e muito menos para a qualidade. A “empresalização” tinha [e continua a ter] problemas que foram simplesmente varridos para debaixo do tapete. Um deles - denunciado por vários grupos profissionais - foi o perigo de uma gestão economicista, conceito que foi caricaturado, “apoucado” e, até, escarnecido…
Este êxodo [forçado], mobilizou para a aposentação [antecipada], para as licenças sem vencimento, ou, em casos limite, para a exoneração, profissionais que foram formados no seio do SNS e estavam integrados na concepção de serviço público. Só que os profissionais do SNS são seres humanos e quando, sistematicamente, se coarctam perspectivas de desempenho e de conhecimento, quando se desvaloriza o trabalho de grupos profissionais, quando se bloqueiam carreiras profissionais e se restringe a progressão, em obediência a novas filosofias laborais [CIT, mobilidades especiais e outras precariedades], então, o convite à deserção é inelutável.
De nada valem medidas avulsas - que, p. exº., a aposta na "reintegração" de aposentados é exemplo - como tem sido a reiterada prática da tutela [e não só dos Governos de José Sócrates...].
Neste momento, a espoliação do SNS em recursos humanos é um sinal major que, a breve trecho, vai afectar a sua sustentabilidade. Não há qualidade sem bons profissionais, motivados, mesmo que haja dinheiro a rodos [o que não é o caso]. E o cúmulo [pela negativa] destas duas premissas, desemboca no desastre.
Aos argumentos aduzidos pelo e-pá! para o abandono dos médicos do SNS há, em minha opinião, a acrescentar a vontade política de que assim fosse.
As políticas de saúde conduzidas por Correia de Campos e Luís Filipe Pereira, foram nesse sentido. Particularmente em relação ao sector hospitalar, onde ambos acarinharam a entrada dos grupos privados na saúde ao mesmo tempo que congelavam as carreiras públicas, estimulando a saída dos profissionais. Se a isso acrescentarmos uma reforma desastrosa da administração pública do governo Sócrates, promovendo a reforma antecipada dos funcionários públicos onde quer que eles estivessem, sem cuidar das reais necessidades sectoriais, percebe-se que se tenha chegado onde estamos.
Hoje assiste-se a este paradoxo, quer-se prolongar a vida activa de trabalho até aos 67 anos e, mês a mês, saem precocemente para a reforma centenas de profissionais dos mais qualificados. Terá havido premeditação em tudo isto? Penso que sim. As consequências é que não terão sido devidamente avaliadas.
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