Mais propaganda
Quando ainda não foram publicados os dados da execução económico financeiros do 4.º trimestre de 2010 (despacho n.º 32042/2008), a senhora ministra da Saúde, Ana Jorge, decidiu fazer alarido dos resultados de Janeiro 2011, convocando, para o efeito, uma conferência de imprensa link a que não faltou pitada de dramatismo própria destas sessões de propaganda: «Quero hoje anunciar que, pela primeira vez, a despesa do Serviço Nacional de Saúde desce». Uma redução global da despesa de 6,6% em relação ao mês homólogo (Janeiro de 2010).
Melhor não fora, depois de tantos cortes cegos desferidos em todas as direcções!
Melhor não fora, depois de tantos cortes cegos desferidos em todas as direcções!
Essencialmente esta redução reflecte o fim da comparticipação a 100% dos medicamentos dos aposentados com pensão mínima e a despesa extraordinária com o regabofe das medidas anti-gripe (que a senhora ministra tão bem promoveu) que tiveram forte incidência na despesa do 1.º trimestre de 2010.
Depois de mais esta sessão de propaganda, ficamos a aguardar a próxima conferência da senhora ministra a anunciar os resultados de Fevereiro. E, assim, por diante. Até à sua vergonhosa saída do Governo.
Depois de mais esta sessão de propaganda, ficamos a aguardar a próxima conferência da senhora ministra a anunciar os resultados de Fevereiro. E, assim, por diante. Até à sua vergonhosa saída do Governo.
Clara Gomes
Etiquetas: bater no fundo, Contas Saúde
10 Comments:
Assim, num simples passe de mágica, tenta-se fazer esquecer os desastrosos resultados de 2010.
O senhor secretário de estado, Oscar Gaspar, habituado a fabricar dados instantâneos para as frequentes intervenções do primeiro ministro na comunicação social não quis deixar os seus créditos por mãos alheias. E aí o temos a debitar resultados da comparação homóloga do mês de Janeiro que agora lhe convém.
Estamos fartos destas palhaçadas. Venha o Passos Coelho.
Questionado pelos jornalistas sobre a razão para a apresentação destes dados relativos a janeiro, uma vez que o Ministério faz habitualmente apresentações trimestrais ou semestrais, o Ministério assume que iniciou um novo procedimento. link
“Iniciámos hoje um novo procedimento, com a apresentação mensal das contas”, referiu o secretário de Estado da Saúde, justificando que o OE para 2011 é “particularmente importante”.
JP 11.02.11
Dentro de 20 anos, perto de 56 mil portugueses terão cancro por ano.
Peritos dizem que o tratamento de qualidade só será possível com um melhor funcionamento da rede.
As contas estão feitas: quando chegar 2030, Portugal terá 56 mil novos doentes e quase 33 mil mortes de cancro por ano. Ou seja, mais 11 mil casos da doença e mais oito mil óbitos dos que foram registados em 2008 e com os quais os serviços terão de lidar. Para dar resposta a todos, os especialistas portugueses só veem uma solução: melhorar a coordenação.
“O futuro passa pela melhor organização dos cuidados”, garante o presidente da Liga Portuguesa contra o Cancro, Carlos Oliveira. Como é que se consegue? “Com um registo oncológico adequado, mais literacia em Saúde, prevenção primária e rastreios, uma rede de referenciação hospitalar efetiva, orçamento próprio para a oncologia e legislação adequada na área social para os sobreviventes”, receita o médico.
Já se sabe também que “o cancro será o principal fator de morte (hoje são as doenças cardiovasculares) e, também por isso, há necessidade de melhorar a articulação”, defende o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Ricardo da Luz. O ex-presidente do IPO-Lisboa admite que “a situação está melhor, mas ainda há problemas de acessibilidade”. Uma vez mais, “é uma questão de desorganização porque a capacidade instalada é suficiente para responder com padrões de qualidade ao nível europeu”, garante o coordenador das doenças oncológicas nos Hospitais da Universidade de Coimbra, Nascimento Costa.
Mas os próximos anos também vão trazer boas notícias. “Vamos ter mais casos, é certo, mas maior sobrevivência”, prevê o responsável pelo Colégio de Oncologia Médica, Jorge Espírito Santo. Sem surpresas deverá ficar a estatística dos tumores mais mortíferos. “O cancro do pulmão vai continuar a matar muito porque tem uma incidência grande e, por enquanto, não há avanços”, diz o presidente da Liga, Carlos Oliveira. Mesmo as pequenas descobertas que vão surgindo levarão anos a surtir efeito.
“Há 15 dias saíram dados que mostram que a TAC de baixa dosagem (comum e disponível em Portugal) tem resultados na diminuição da mortalidade de fumadores com mais de 45 anos”, revela o presidente do Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão, Fernando Barata. Este ‘protótipo de rastreio’ — não existe rastreio para os tumores do pulmão — será apresentado em junho nos EUA, mas “já não será aplicável na nossa geração”, salienta.
Por isso, a estratégia de Portugal tem de assentar noutros alicerces. “No futuro, vai-se continuar a trabalhar na descoberta de novos medicamentos, mas a luta contra o cancro só se faz com prevenção e com rastreios”, garante Manuel António, coordenador nacional para as Doenças Oncológicas. semanário expresso 12.02.11
Quero hoje anunciar que, pela primeira vez, a despesa do Serviço Nacional de Saúde desce.
Os dados relativos ao comportamento da despesa do SNS em Janeiro de 2011 demonstram uma redução global da despesa de 6,6% em relação ao mês homólogo (Janeiro de 2010).
………
Também quero hoje anunciar que, pela primeira vez desde que trabalho, o meu salário desceu tendo tido no mês de Janeiro uma descida de 10% em relação ao mês homólogo (Janeiro de 2010).
Não sei em que percentagem os cortes salariais terão contribuído para a proeza conseguida pelo MS. Era interessantes conhecerem-se os valores da poupança por rubricas da despesa.
Espero bem que o grosso do aforro tenha resultado de uma melhor gestão de recursos e não fundamentalmente duma medida administrativa ao alcance do político mais tacanho.
Desorientação temporo-espacial...
A conferência de imprensa da ministra Ana Jorge é - em primeira mão - para Teixeira dos Santos ver e ouvir e... comentar com José Sócrates. Trata-se de segurar o lugar.
Não representa nada em termos de evolução da despesa do MS.
Aliás, é suspeita [altamente suspeita] a prontidão da apresentação destes resultados, considerada as dificuldades de contabilizar que o MS, tem revelado nos últimos tempos...
De resto, nada justifica a mundança de periodocidade das avaliações [trimestrais para mensais], a não ser o perfil de spin doctor que Oscar Gaspar vem revelando e a Ministra veiculando...
A crise orçamental não serve para justificar antecipações deste tipo.
Serve para obrigar a boas contas durante a vigência [anual] do OE. Neste altura do campeonato ninguém é já campeão. Falta ganhar muitos desafios...
Esta "pressa" em apresentar resultados não é mais do uma insidiosa "pressão" sobre a gestão e os profissionais do SNS que, como foi repetidamente afirmado e demonstrado, muito dificilmente cumprirão as metas orçamentais de 2011, tal foi o rombo [orçamental].
Excelente comentário do Tavisto.
Que razões tem a senhora ministra para embandeirar em arco?
Mais um demonstração clara da falta de honestidade política da senhora ministra da saúde.
Vamos ver o que vai acontecer nos próximos meses.
Os cortes orçamentais estão a obrigar os gestores hospitalares a recusar remédios mais caros. Tratamento dos doentes não está em risco, garantem.
Há hospitais que estão a travar o uso de medicamentos inovadores por falta de recursos financeiros. Tratam-se, sobretudo, de medicamentos para o cancro, que podem aumentar o custo de tratamento de um doente em vários milhares de euros por ano, apurou o Diário Económico. E a situação tende a agravar-se com os cortes nos custos operacionais impostos aos hospitais este ano.
Salvaguardando que o travão ao uso destes remédios não põe em causa o tratamento dos doentes, o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Carlos Arroz, confirma que "é totalmente verdade". Mas avisa que "a restrição de medicamentos inovadores pode, em si, não ser um erro", até porque tratam-se muitas vezes de medicamentos "que prolongam mais alguns dias uma inevitabilidade oncológica com o inerente prolongamento de sofrimento".
O presidente do conselho de administração do hospital Amadora-Sintra, Artur Vaz, admite que vai "tentar travar a introdução de medicamentos novos, sem deixar de tratar os doentes com o arsenal terapêutico já existente". Uma realidade que também acontece noutros hospitais, apurou o Diário Económico, mas que, por ser um tema sensível, não é por todos assumido. Pedro Lopes, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares admite igualmente que estas medidas possam estar a ser tomadas em alguns hospitais, ainda que "não seja o panorama geral".
DE 14,02.11
Ainda sobre a notícia do DE 14.02.11 ...
O melhor será parar o relógio do tempo até que a crise passe...Como diz a expressão popular: "entre mortos e feridos alguém há-de escapar"...
E, para amenizar, pôr o inefável Óscar a declarar em tom categórico - tipo Sócrates na AR - que mesmo pondo de lado a inovação a qualidade do SNS melhorará - por obra e graça das "Novas Oportunidades"... ou do "Plano Tecnológica" esse imparável veículo para a inovação [!].
É só esperar...
O problema de Pedro Passos Coelho não é o que fazer com esta moção de censura, mas, antes, que programa apresentará depois da sua sensata rejeição. O que separa o líder do PSD de uma maioria absoluta é uma equação difícil num país falido que não quer abdicar dos direitos adquiridos: como apresentar um programa de governo alternativo, que consagre um Estado mais pequeno e mais forte, sem ser etiquetado de perigoso e desenfreado liberal? Julgo que até António Carrapatoso sabe que ninguém ganhará hoje as eleições em Portugal com uma agenda liberal ou conjungando o verbo despedir – o país não tem estrutura para um choque frontal que revolucione de uma só vez o ‘modus vivendi’ dos cidadãos e das empresas e a sua relação de décadas com o Estado. Hoje, mais do que nunca, a segurança e a previsibilidade são pressupostos relevantes na relação entre políticos e eleitores. Com Sócrates, já sabemos com o que contar. Com Passos Coelho, ainda não. Não basta falar em mudança, apesar de ela ser urgente e inevitável. No contexto actual, no aquário da precariedade e da insegurança, ninguém aceita o desafio demudar se não acreditar que o ponto de chegada é melhor que o de partida.
Editorial DE 14.02.11
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