segunda-feira, maio 2

Medicamentos, Março 2011

O valor da despesa do Estado com medicamentos do ambulatório, no período Jan-Mar, regista uma redução de vinte por cento face ao período homólogo do ano anterior.link Menos animadora é a informação, referente ao mesmo período, sobre o mercado de genéricos que teima em não conseguir ultrapassar a quota de 20%.link
Isto a poucos dias de conhecermos as medidas da Troika que, tudo o indica, irá impôr forte intervenção na área do medicamento. À cabeça, prevê-se, nos tempos mais próximos, a transacção de alvarás de farmácias a preço de saldo.

Etiquetas:

2 Comments:

Blogger e-pá! said...

Drug Package...

Não será de esperar que a "troika", na área do medicamento, ultrapasse a sacrossanta receita da liberalização. Neoliberalismo oblige.

Combinar os efeitos dessa liberalização com uma redução de despesas do Estado, na comparticipação de medicamentos, é um aliciante exercício de prestigiação.
A redução das comparticipações e as variações dos PVP são o caminho mais fácil. E, logo, o mais provável.
Os resultados de uma política deste teor são praticamente imediatos. Na hora de "aviar a receita" haverá cada vez mais cidadãos a seleccioná-los segundo critérios económicos mas, em termos de segurança sanitária, aleatórios, logo, perigosos.

Seria importante para os médicos prescritores questionar um novo modelo de abordagem terapêutica que, nos últimos anos, ganhou foros de rotina: medicação preventiva de possíveis efeitos colaterais subsidiários da doença principal. Por exemplo, num caso de diabetes, introduzir em concomitância com o tratamento principal, anti-agregantes, anti-hipertensores, anti-colesterolémicos, vasodilatadores, etc., ... Ao fim e ao cabo iniciar precocemente - na ausência de sintomas - a prevenção [terapêutica] da nefropatia, da angiopatia, do tromboembolismo, etc. para diminuir o risco de AVC’s ou de enfarte... Substituir esta panóplia de fármacos por medidas de suporte, como p. exº., combater o sedentarismo, praticar desporto, ingerir líquidos em quantidade suficiente, modificar [adequar] padrões alimentares, etc., pressupõe um nível de educação sanitária que, temos de reconhecer, não dispomos.
E, o arrepiar de caminho, no consumo paralelo de uma "bateria" acessória de fármacos, obrigaria a consultas de seguimento mais "apertadas" [mais frequentes] para o atempado e rigoroso controlo a situação geral, tarefas para as quais não dispomos de meios humanos, nem de infra-estruturas de cuidados primários, suficientes para sustentar a esta "viragem".

Uma pescadinha de rabo na boca.

De modo que a "selecção medicamentosa arbitrária" no acto da aquisição vai prevalecer sem que, em contrapartida, sejam estimuladas as medidas de suporte. Decorrente desse facto as incidências de determinadas patologias [ AVC, enfartes, etc] que se encontram actualmente em regressão vão sofrer uma nova reversão epidemiológica. Com todo um "carrossel" de custos individuais, sociais e económicos.

Entretanto as farmácias serão, a jusante desta política do medicamento, as vítimas directas [diminuição do volume de negócios] destas medidas de selecção [restritivas] ditadas pelas dificuldades económicas dos consumidores.
E não será despiciendo pensar que a actual rede de farmácias que cobre o País, sofra uma violenta contracção [falências?], alterando a presente política de proximidade dos utentes...

Este é o brilhante caminho da liberalização que se adivinha..., a dar os seus resultados: diminuição da qualidade de vida, do nível sanitário das populações e falências. Um novo pacote para ser presenteado aos portugueses.

10:25 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Delegação internacional também quer abolir todos os entraves à entrada de medicamentos genéricos.

Os peritos do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia vão esta semana propor que as margens das farmácias e dos distribuidores sejam mais pequenas consoante o medicamento seja mais caro, permitindo poupar 60 milhões por ano.

De acordo com uma fonte próxima das negociações, a ideia é que, em vez de haver uma margem fixa de 20 por cento para a farmácia face ao valor do medicamento, esta margem se encurte consoante o preço do medicamento, fazendo com que deixe de ser vantajoso para a farmácia vender o remédio mais caro.

O objectivo deste modelo, cuja percentagem não está ainda definida, é que a redução ultrapasse os 7%, fazendo com que, para um mercado de 800 milhões de euros, chegue a um valor próximo dos 60 milhões de euros.

Por outro lado, a troika de peritos defende também a abolição de todas os entraves à entrada de medicamentos genéricos no mercado, que são encarados como um importante alicerce das medidas na área do medicamento. Uma das ideias, aliás, é enviar trimestralmente aos médicos um relatório com a prescrição que fizeram e com o que poderiam poupar caso tivessem receitado genéricos, fazendo assim uma acção de promoção dos genéricos juntos dos prescritores.

No ano passado, o mercado de genéricos valia mais de 600 milhões de euros, tendo uma quota de mercado que se aproximava dos 20%.

DE 03.05.11

Parece tratar-se de uma boa medida destinada a robustecer o mercado de genéricos.

10:28 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home