quarta-feira, junho 22

Ser bom não chega

...«O novo Governo tem três estrelas: Victor Gaspar, Paulo Macedo e Paulo Portas. Tem mais dois independentes que apenas se notabilizaram no comentário ácido ao anterior Governo, estando por provar os seus méritos reformistas.
Mas a verdadeira estratégia da governação passará pelas Finanças e pela Saúde, onde as escolhas foram essenciais para o controlo da despesa. Vitor Gaspar é um nome indiscutível a nível interno e externo. Paulo Macedo será um grande Ministro da Saúde, capaz de gerir com delicadeza recursos humanos e finançeiros.» ...
Correia de Campos, DE 20.06.11

Concordo com os comentários de CC em relação aos independentes e à estratégia do Governo (Saúde/Finanças).
Acho exagerados os comentários sobre Vitor Gaspar e Paulo Macedo.
O primeiro por se tratar de um teórico, personalidade distante, que terá,
certamente, dificuldade em articular com os órgãos de comunicação (qualidade essencial de um político hoje em dia).
Quanto a Paulo Macedo, penso que CC elevou, deliberadamente, a fasquia. Trata-se efectivamente de um bom técnico, com provas dadas, mas que terá de provar, desta vez, ser capaz de executar corte da despesa a par das reformas que a Saúde carece. Sem prejuízo do acesso e da qualidade do nosso sistema de saúde.
Porque cortar despesa, a eito, já temos experiência que chegue.

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9 Comments:

Blogger e-pá! said...

Correia de Campos, nestas declarações ao DE, antecipa-se à direcção a prazo do PS – que manifestou uma prudente reserva quando da divulgação da composição do Governo - para distanciar-se - como paulatinamente tem feito desde há muito - da gestão de Ana Jorge.

De facto, antes da polémica medida da troika para a Saúde pré-agendada para Setembro (aumento das taxas moderadoras), em Agosto, a gestão da sua sucessora no MS, terá sido – em termos financeiros – avaliada no que diz respeito ao item dos pagamentos em atraso do Estado de acordo com calendarização do Memorando.
Refira-se que os pagamentos em atraso, no início deste ano, originaram confusas e desencontradas declarações da última tutela do MS e é um dos calcanhares de Aquiles (haverá mais...) de Ana Jorge.
Mas, pior, estes pagamentos em atraso (por apurar) poderão ser um dos critérios major para a onda neoliberal questionar a sustentabilidade e as contas do SNS e abrir caminho para (rápidas) mudanças de paradigma. Em face disto, CC defende (e bem) uma boa gestão dos recursos financeiros o que é coerente com o seu discurso anterior (e actual).

Só não se compreende a crença de CC relativa a uma boa gestão dos recursos humanos por parte do novo ministro (PM). Trata-se de mobilidades, migrações ou de despedimentos?
Um ponto que a entrevista de CC ao DE deixa (propositadamente?) em aberto…

9:12 da manhã  
Blogger PhysiaTriste said...

Como dizia Churchill nenhuma oposição ganha as eleições, quem as perde é o governo.
Hoje continua a ser verdade, como se pode ver em toda a Europa.
Há muito que o Governo de Sócrates tinha os dias contados: pena foi que, a partir de 2008 se tenha preocupado mais em tentar ganhar as eleições seguintes do que em governar. E ainda mais grave foi a resposta tardia ao pedido de ajuda externa, quando o seu próprio Ministro das Finanças tinha estabelecido como meta psicológica ao 7% dos juros.
A Europa guinou à direita e a receita dos seus patrões é o que já se chama de “austeritarismo”. Portugal é uma pequena economia aberta e não lhe pode escapar. Assim sendo, concordo com Luís Amado: se são estas as políticas que têm de ser aplicadas, então que seja a direita a aplicá-las, porque o fará com convicção e não como um mal necessário.
Sem reservas mentais desejo que, para bem de Portugal, o Governo tenha sucesso. Acredito que Passos Coelho seja um homem bem-intencionado e tenha tentado constituir o melhor governo possível. É inquestionável que tem gente de qualidade, mas não conseguiu, infelizmente, fugir ao que é costume em Portugal.
A estrutura do Governo acabou por ser ditada por um número pré fixado de Ministros, recusas de última hora e arranjos interpartidários. Dessas condicionantes nasceram dois mega Ministérios: Economia, Obras Públicas, Transportes e Comunicações e Emprego por um lado e Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território.
O primeiro entregue a um Académico brilhante, mas sem qualquer experiência prática e o segundo à maior revelação da bancada do CDS, uma deputada conceituada, trabalhadora e, diz quem a conhece, de inteligência superior.
Parece-me evidente que é uma tarefa demasiado complexa para qualquer dos dois Ministros. Este agrupamento de ministérios tem, a meu ver, mais inconvenientes que vantagens. A criação de mais dois ministérios acarretaria mais alguns encargos mas teria, como contrapartida, uma provável maior eficiência do Governo.
De qualquer modo é importante que este Governo tenha êxito: se as metas do Memorando não forem cumpridas estamos tramados.
Mas, se o forem, também estaremos. Será verosímil que, mantendo-se incólume o poder do hipercapitalismo que deu origem à crise, a crise se resolva?
A esperança que tenho é que, afastada do poder, a Social-Democracia Europeia possa, no contexto da globalização, construir uma alternativa que devolva à Europa a coesão e a solidariedade.

5:27 da tarde  
Blogger saudepe said...

João Semedo deixou ainda duras críticas à escolha de Paulo Macedo para o ministério da Saúde, salientando que colocar “um especialista em cobrar impostos”, pode traduzir “a intenção do Governo em pôr a cobrar os cuidados de saúde” que são prestados.
“Julgo que esse é um péssimo caminho e que isso levará em linha recta à desqualificação do Serviço Nacional de Saúde como ele existe hoje”, acrescentou.
Questionado se pensa que essa escolha poderá significar um passo no sentido da privatização do serviço Nacional de Saúde (SNS), João Semedo reconheceu que “não é um bom sinal ter um gestor conhecido por ser um especialista na área dos impostos a tratar do SNS”.
Pelo contrário, continuou, o SNS precisa de “políticas arrojadas”, modernização, humanização, e não de alguém que “esteja sobretudo preocupado com cobrar os cuidados de saúde que se presta aos portugueses”.

9:47 da tarde  
Blogger saudepe said...

Paulo Macedo crê que crise é uma "bênção" link

A crise é a maior bênção que pode suceder a pessoas e países, porque a crise traz progressos". Ainda há um mês, Paulo Moita de Macedo, o administrador do BCP surpreendentemente escolhido para a pasta da Saúde, concluía com esta citação de Einstein uma análise às medidas fiscais acordadas entre Portugal e a troika. Sim, porque a fiscalidade é a grande especialidade do vice-presidente do BCP - um gestor com currículo internacional mas que, em Portugal, ficou conhecido como director-geral dos Impostos, cargo que ocupou entre 2004 e 2007, no Governo de Durão Barroso.

A única incursão no complexo sector que a partir de agora vai dirigir teve a ver com a administração da companhia de seguros de saúde do banco, a Médis, entre 2001 e 2004. Licenciado em Organização e Gestão de Empresas, Paulo Macedo, de 47 anos, iniciou a sua ligação ao BCP logo em 1993, como director da Unidade de Marketing Estratégico. E nunca mais parou a sua ascensão no banco, onde hoje detém mais de 270 mil acções. Pelo meio, foi vogal da Comissão para o Desenvolvimento da Reforma Fiscal (1994 a 1996), docente em múltiplas pós-graduações e hoje é membro da Euronext (Bolsa de Lisboa).

O que faz com que um gestor que em 2010 ganhou mais de 545 mil euros tenha decido aceitar esta pasta potencialmente tão impopular quando a palavra de ordem para os próximos anos é cortar profundamente na despesa? Espírito de missão? Quando foi director-geral dos Impostos, Macedo desencadeou polémica por continuar a ganhar o salário de origem, mais de 23 mil euros, remuneração três vezes superior à do primeiro-ministro. Mas cumpriu a comissão de serviço e saiu com a fama de "gestor brilhante" que "revolucionou a máquina fiscal" e "motivou os recursos humanos", recorda, com saudade, o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, Marcelo Castro.

Na saúde, a sua escolha é olhada com expectativa e com algum temor. "O facto de se tratar de uma pessoa sem qualquer ligação ou conhecimento dos serviços públicos de saúde, aliada a um passado profissional relacionado com os seguros privados, deixa-me bastante inquieto", admite o vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos, Mário Jorge Neves. De resto, são enormes os desafios que Macedo tem pela frente. Se o que a troika propôs for mesmo para a frente, só nos hospitais e em medicamentos, e apenas neste ano e no próximo, é preciso cortar 1,1 mil milhões de euros. A ADSE sofrerá sucessivos desbastes, prevendo-se que seja auto-sustentável (financiada pelas contribuições dos funcionários públicos) até 2016. E, a partir de Setembro, terá de aumentar as taxas moderadoras, rever as isenções e cortar as deduções fiscais na saúde. É obra.

JP 17.06.11

9:50 da tarde  
Blogger tambemquero said...

"Na Saúde, a questão não é só reduzir as contas, mas reorganizar. E parece-me que Paulo Macedo tem uma capacidade de realização reconhecida", considera Pedro Pita Barros, em declarações ao Dinheiro Vivo. Para o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Lisboa, especialista em Saúde e colunista do Dinheiro Vivo, a escolha de Passos Coelho para a pasta da Saúde demonstra uma preocupação em coordenar esforços "com sucesso, numa área complicada", de maneira a cumprir as exigências da 'troika link

9:56 da tarde  
Blogger e-pá! said...

O novo ministro da Saúde, Paulo Macedo, disse hoje à tarde que já tem “uma imagem do sector da saúde” que vai agora “aprofundar”.
Paulo Macedo esteve hoje à tarde num colóquio internacional promovido pelo Tribunal de Contas para o qual foi convidado há dois meses na qualidade de ex-director-geral dos impostos, recusando-se a falar aos jornalistas sobre as suas novas funções governamentais.
O novo governante apenas afirmou que irá "aprofundar" a imagem que já tem sobre o sector da saúde.
Durante a sua intervenção no colóquio, Paulo Macedo falou sobre as medidas acordadas com a ‘troika' para a administração pública, sublinhando que os próximos três meses serão "decisivos" em termos de tomada de decisões para o sector público.
"A administração pública é uma área que deve contribuir decisivamente para o equilíbrio financeiro mas também deve fazer face às expectativas dos cidadãos", salientou o novo ministro da Saúde. Segundo Paulo Macedo, as expectativas dos cidadãos estão cada vez mais voltadas para "imparcialidade, transparência, integridade, eficiência e profissionalismo".
link

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Não será tarde?
É que segundo julgo toma posse amanhã!
O que me impressiona são estes sobredotados que em 24 horas conseguem "aprofundar" imagens e de imediato começar a governar!...

11:29 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Escrevi há dias: "Espero que a Saúde não seja só números, co-pagamentos, impostos e seguros".
Julgo que assim se poderão resumir as preocupações de todos aqueles que defendem um Serviço Nacional de Saúde. E nos quais me incluo ser ser "fundamentalista".
Mas desde que foi conhecido o novo (indigitado) titular do MS não faltaram as críticas. Uns porque acham que foi apenas um cobrador de impostos, outros porque acham que não tem experiência política, outros porque acham que é um "contabilista", etc., etc., etc..
E também há quem entenda que o MS deveria ser um médico. Não necessariamente, digo eu; mas porque não?
"Ministro", que eu saiba, não é, não deve ser uma profissão (mas tem sido em vários casos). Mas para se ser Ministro também não basta um curso "das novas oportunidades"! E ter ou não ter experiência, como está provado à saciedade, não é sinónimo de poder ser bom ministro.
Dito isto, e pensando no "cobrador de impostos" parece-me que Paulo Macedo poderá desde logo desempenhar um importante papel: exigir dos devedores do SNS o pagamento das dívidas (seguradoras e subsistemas, em particular).
Depois, naturalmente, cortar nas gorduras ) ganhando eficiência e reduzindo o desperdício, cortando nos gastos excessivos com material e com pessoal (talvez fazendo regressar alguns aos seus empregos de origem).
Tanto bastará para que, mantendo a prestação de um SNS com qualidade, sejam poupados centenas de milhões de euros.
E, bem feitas as contas, talvez possam ser sustidos os aumentos dos co-pagamentos acordados com a tróika.
A ver vamos...

11:54 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Os nomes das Políticas

Falar dos novos ministros só é interessante na medida em que se fala das políticas e das estruturas que as condicionam. O ministro das finanças, Vítor Gaspar, é o administrador-delegado que a troika precisa para garantir que o seu programa inviável é adoptado com toda a convicção. Com carreira feita no BCE, monetarista e admirador de Milton Friedman, tem o perfil ideal para traduzir em políticas as obsessões de um moralismo das finanças públicas link que é incapaz de compreender linko que se tem passado na Zona Euro e que vê a crise como uma oportunidade e não como um imenso desperdício. Álvaro Santos Pereira, por sua vez, poderá meter na gaveta as ideias sobre reestruturação da dívida, que ocorrerá quando der jeito aos credores, mas será incentivado a levar à prática o seu projecto de liberalização das relações laborais, ou seja, de aumento da discricionariedade empresarial e de redução do trabalho a um custo a economizar. Os sectores mais reaccionários do patronato ficarão gratos. O desemprego continuará a aumentar, claro, porque é a crise de procura que determina a sua evolução. As parcerias público-privadas permanecerão intactas e serão provavelmente alargadas, na saúde, por exemplo, apesar do cepticismo de um ministro sem peso político. Peso terá Paulo Macedo, ex-administrador da Médis e novo ministro da saúde, que vem do BCP, um dos grupos interessados em capturar este apetitoso sector, onde os lucros se fazem à custa do Estado e da vulnerabilidade dos cidadãos. Austeridade, desemprego e fragilização da provisão pública. Com estes ou com outros nomes, estas são as políticas.

João Rodrigues

12:09 da manhã  
Blogger tonitosa said...

"sem ser fundamentalista" como se depreende.

12:49 da manhã  

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