domingo, julho 24

À mulher de César ...

foto JP
Nogueira Leite, boy de oiro
Em entrevista ao Expresso Isabel Vaz confirma ter sido convidada para Ministra da Saúde. Tratou-se, muito provavelmente, da primeira escolha de Passos Coelho. Recusou, não diz porquê mas penso não ser difícil de adivinhar: iria seguramente perder muito dinheiro e, provavelmente, terá sentido o incómodo da transição directa de líder de um grupo económico privado para responsável do sector.

Fossem estes ou/e outros os motivos, a sua atitude é merecedora de respeito. O mesmo sentimento não se pode conceder a Passos Coelho. Para quem tanto proclamou a necessidade de separar interesses público e privados, esta escolha mostra bem que tudo não passava de retórica eleitoral. A confirmá-lo, a escolha de Nogueira Leite para vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos para onde transita directamente do Grupo Mello. Questionado sobre a incompatibilidade, reforçada por a Caixa ter de alienar as suas participações na área da saúde em que o grupo Mello está interessado, como confirma Isabel Vaz na dita entrevista, diz não sentir incómodo pois não irá interferir nesta matéria prometendo, segundo notícia do semanário, não estar na sala quando o assunto for discutido.

Bem! E antes do assunto ser decidido não existirão propostas financeiras para aquisição dos activos em saúde da CGD? E o vice-presidente do grupo não vai ter acessos a toda a informação sobre a matéria? E Passos Coelho/Nogueira Leite não sabem tão bem como nós todos que à mulher de César não basta ser honesta?

Tavisto

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6 Comments:

Blogger e-pá! said...

Uma espécie de "bodo aos pobres"...

É de considerar que os activos da CGD na Saúde possam ser sujeitos a um regime de doação, a exemplo do modo como foram desbaratadas as golden shares para gáudio dos accionistas das empresas públicas.

Será uma nova versão do "custo zero" que, nos últimos anos (desde o Governo de Cavaco Silva), foi a pedra de toque para o descalabro nos investimentos público-privados...também conhecidos por "parcerias".
O "emgrecimento do Estado", ou a dissipação do sector público, é um sacrossanto princípio que justifica (para os resplandecentes neoliberais) todas as tropelias.
Dentro deste "espírito" (de empreendedorismo, claro está!) poder-se-ão fazer inovadoras e sinérgicas (as sinergias devem sempre ser invocadas) permutas. Por exemplo: em troca dos activos na Saúde (e nos Seguros) da CGD, entrega-se definitivamente o BPN à Caixa (com o lastro de passivos) e, mais tarde, sempre há a oportunidade "reestruturar" o ex-Grupo Português de Saúde, da ex-SLN, por ora Galilei Saúde...

Trocando por miúdos: vamos assistir a "um bodo aos pobres"...

8:44 da manhã  
Blogger tambemquero said...

“Não havia ‘jobs for the boys’, não havia favorecimento, não havia amigos. Pois não havia. Quem é que é o vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos? É o dr. Nogueira Leite, um vice-presidente do PSD. Quem é que o acompanha na administração da Caixa Geral de Depósitos? Um ex-secretário de Estado do CDS”.

As ligações do administrador da Caixa agora nomeado ao ramo saúde do grupo Mello, numa altura em que a Caixa pode vender as empresas que detém nesta área: "O mundo é muito pequeno, nos negócios e no favorecimento entre a política e os interesses, mas não pode ser assim”.

Francisco Louçã,Furadouro 24.07.11

2:38 da tarde  
Blogger saudepe said...

Ida ao pote

Nogueira Leite vai perder mais de metade do seu rendimento na CGD. link

Como se fosse possível este figurão da nossa praça estar disposto a sacrificar metade do seu rendimento pelos lindos olhos da CGD.
Estes episódios por demais conhecidos dos portugueses repetem-se.
Como diz o ditado: Mudam as moscas ...

3:16 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Parece óbvio que muita gente, agora, desejaria que o novo governo deixass ficar tudo como está. Isto é deixar nos lugares para que foram nomeados (escolhidos a dedo) os gestores pelo governo anterior.
Até estou em crer que desejariam o regresso de Vara à CGD, por exemplo.
E a permanência na GALP, REN, EDP dos eleitos do PS mereceria aplausos.
Mas ninguém elogia a cessação dos direitos especiais do Estado nessas empresas, que o anterior governo há muito devia ter feito. E que fazendo-o teria posto em causa a garantia de permanência dos titulares de cartão rosa.

10:14 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Anda para aí uma má onda contra Nogueira Leite. Primeiro, tentam diminui-lo dizendo que ele só vai para administrador da CGD porque é do PSD. Ora, Fernandes Thomaz também só para lá vai porque é do CDS. E, pergunto, não foi sempre assim? Nada disto traz novidade. É apenas a inveja a falar mais alto.

Atacam-no também quando dizem que ele é um dos homens de mão do Grupo Mello e que a sua nomeação configura uma grotesca sobreposição dos interesses privados aos interesses públicos. Tudo isto porque o homem que colecciona cargos nas empresas do Grupo Mello vai para a CGD e esta vai vender a sua parte numa grande empresa de saúde? Pfff... já vi melhores argumentos.

Eu sou das que não só apoia como leva grande fé em homens providenciais como Nogueira Leite. É que não é qualquer pessoa que consegue viver num alfabeto de 14 vogais, uma vice-presidência e um conselho consultivo. Mais, Nogueira Leite ainda consegue retirar um tempinho à azáfama diária para ser vice-presidente do PSD e conselheiro de Pedro Passos Coelho. E, pasme-se, tudo isto em 24 horas. É de gente assim que o país precisa.

Nogueira Leite apenas coloca um problema que deve ser analisado com alguma delicadeza, uma vez que pode ferir susceptibilidades mais sensíveis. Com ele, a parangona Jobs for the Boys não faz muito sentido. O uso do plural não se aplica porque a extrema produtividade de Nogueira Leite pode conduzir ao acantonamento dos Boys no desemprego.

Esta é a constelação de afazeres que Nogueira Leite coleccionava em 2010:

Vogal do Conselho de Administração da Brisa Auto-Estradas de Portugal SA; Vogal do Conselho de Administração da CUF, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da CUF - Químicos Industriais, SA; Vogal do Conselho de Administração da CUF - Adubos, SA; Vogal do Conselho de Administração da José de Mello Saúde, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da SEC - Sociedade de Explosivos Civis, SA; Vogal do Conselho de Administração da EFACEC Capital, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da Comitur, SGPS, SA; Vogal do Conselho de Administração da Comitur Imobiliária, SA; Vogal do Conselho de Administração da Expocomitur - Promoções e Gestão Imobiliária, SA; Vogal do Conselho de Administração da Herdade do Vale da Fonte - Sociedade Agrícola, Turística e Imobiliária, S.A.; Vogal do Conselho de Administração da Sociedade Imobiliária e Turística do Cojo, SA; Vogal do Conselho de Administração da Sociedade Imobiliária da Rua das Flores, n.º 59, SA; Vogal do Conselho de Administração da Reditus, SGPS, SA; Vice-Presidente do Conselho Consultivo do Banif Investment, SA; Membro do Conselho Consultivo do Instituto de Gestão do Crédito Público.

Quem for capaz de fazer melhor, que atire a primeira consoante.

Andrea Peniche

9:04 da tarde  
Blogger Clara said...

Inside trading

Porra. É obra!
É de pessoas destas que o país precisa.
Quem já meteu um ministro da saúde (Luís Filipe Pereira) também mete um vice presidente executivo na CGD.

12:50 da manhã  

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