terça-feira, agosto 16

Preparado para fazer estragos

Paulo Macedo, aproveitou a primeira visita oficial ao Hospital de Viana do Castelo para referir algumas das medidas que pretende desenvolver.link
Defendeu, na altura, a salvaguarda do papel primordial do SNS, mas … no qual os privados e as unidades do sector social “serão bem vindos”. Não sendo sua intenção entregar unidades públicas à gestão privada, tudo dependerá de … “Vamos avaliar em cada momento se há vantagens".

Após escassos meses de actuação já deu para entender o estilo e o que se propõe realizar o novo ministro da Saúde, Paulo Macedo.
Quanto a estes propósitos, as semanas seguintes à cerimónia de arranque serviram para confirmar a impressão inicial. No enunciado de cada declaração uma lisonja ao SNS, logo seguida de um mas... A entrelinha, posta como que a medo no discurso, a identificar a prioridade que o ministro pretende desenvolver.
Nesta lógica, tomando por exemplo a declaração sobre o papel do SNS, fazendo uso da interpretação das referidas entrelinhas, o SNS manter-se-á primordial até ver. Até onde der o plano de transferência de unidades do sector público para o sector privado e social. Porque um dos objectivos prioritários da política de saúde do senhor ministro é afastar o Estado da prestação directa de cuidados. Limitando-o às funções de financiador e regulador do sistema.

Como muito bem refere o Saturnino «Nunca como hoje foram tão nítidas as diferenças doutrinárias, ideológicas e políticas entre aqueles que defendem um modelo, integrado e justo, promotor da coesão social e do desenvolvimento humano e aqueles que propugnam por uma visão assistencialista para os pobres e de base “negocista” para as classes de maior rendimento.»

Neste contexto, não podemos partilhar das ideias e medidas de política de saúde do senhor ministro, expressas num discurso cheio de entrelinhas e falinhas mansas. Pode contar, isso sim, com a nossa oposição dura e persistente em defesa do que de melhor e justo se construiu no nosso país, fruto da inteligência e trabalho árduo de muitos portugueses: O Serviço Nacional de Saúde.

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4 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Segundo entendemos de declarações do ministro da saúde está nos seus planos só emviar dinheiro em dívida para os hospitais no início do próximo ano.
A esta situação não será estranha a publicação até ao final do corrente ano da anunciada Carta Hospitalar.
Não vai haver encerramentos. Diz o ministro. Não é necessário. Basta liquidar hospitais por esmagamento em centralizações feitas em cima do joelho. Ou, simplesmente, deixando-os morrer à míngua dos pagamentos devidos nunca realizados.
Mas o senhor ministro pode estar certo. Estaremos atentos às maladragens que aí vêm. Meticulosamente preparadas nos laboratórios de pensamento liberal social dos pacotilhas lusitanos.

11:13 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Há quem defenda que vale a pena manter a ADSE -- o sistema privativo de saúde dos funcionários públicos -- porque, sendo ela suportada em parte pelos próprios beneficiários, mercê do desconto de 1,5% das suas remunerações, a ADSE fica assim mais barata ao Estado do que o SNS , link que é suportado essencialmente pelo Orçamento do Estado, sem contribuição significativa dos utentes (dado o valor reduzido das "taxas moderadoras" e das muitas isenções). A solução, defendem, deveria ser mesmo a inversa, estendendo a todos os cidadãos o sistema de contribuição especial para a saúde.
Independentemente da garantia constitucional do SNS -- que todavia não exclui modos de financiamento alternativos à tradicional via orçamental --, é evidente que se todos os portugueses pagassem anualmente um contribuição especial para os encargos de saúde equivalente a 1,5% dos seus rendimentos, seriam correspondentemente reduzidas os encargos do orçamento do Estado com a saúde. Nesse sentido, os cuidados de saúde passariam a "custar menos" ao Estado, mesmo que o seu custo absoluto aumentasse relativamente. Mas para os utentes, qual seria a diferença entre pagarem totalmente (ou quase) o SNS por via de impostos, como hoje sucede, ou pagarem-no em parte por meio de uma contribuição especial consignada e na parte restante por meio de impostos? O mais provável é que passassem a pagar a contribuição para o SNS sem qualquer dedução nos impostos...

vital moreira, causa nossa

4:24 da tarde  
Blogger saudepe said...

Relatos de falta de material clínico básico nos hospitais, como luvas, compressas ou seringas, já chegaram ao Sindicato dos Enfermeiros, revelou a dirigente Guadalupe Simões, sublinhando a preocupação dos profissionais do sector.

A culpa, diz o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, é do Estado "que não paga o que deve aos hospitais". O que gera um círculo vicioso, no sentido em que estes deixam de poder pagar aos fornecedores que, por sua vez, perdem crédito junto dos bancos.

Pedro Lopes sublinha que neste momento já há fornecedores a ameaçar cortar no fornecimento de material às unidades de saúde ou que exigem o dinheiro no momento da compra.

"Estamos a falar de pequenos fornecedores que estão em dificuldade", afirmou, acrescentando que "os hospitais não estão a pedir nenhum subsídio especial ao Ministério da Saúde", mas sim o pagamento do que lhes é devido.

"Estamos a falar de uma dívida que ronda os 1,5 mil milhões de euros ou os dois mil milhões", salientou o gestor, sublinhando que este é o valor que apenas diz respeito aos fornecedores dos hospitais.

As dificuldades de tesouraria que estas unidades de saúde enfrentam podem pôr em causa os salários dos trabalhadores.

No total, o Serviço Nacional de Saúde deve cerca de três mil milhões de euros a fornecedores.

Os gestores hospitalares tencionam solicitar uma reunião ao ministro da Saúde, Paulo Macedo, que ainda se está a inteirar dos problemas da pasta que tutela. Estão a ser feitos levantamentos de todas as dívidas para ser elaborado um plano de pagamento. Mas estes só devem começar a ser feitos em 2012.
Correio da Manhã link

Faço votos para que esta situação não constitua justificação para uma daquelas conhecidas avaliações sumárias a concluir que há vantagens para entregar os hospitais insolventes ao privado.

O engraçado é que esta situação de insolvência dos hospitais resulta do calote do Estado. Ou seja, do próprio Paulo Macedo.

8:18 da tarde  
Blogger saudepe said...

Não peçam para assistirmos impávidos e serenos à destruição do SNS e da nossa democracia.
A maioria obtida nas últimas eleições não legitima todas as patifarias que este Governo pretende levar a cabo na área social.
As medidas anticrise nunca poderão servir de pretexto para a alteração do nosso regime democrático .

8:33 da tarde  

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